Por que o novo carro popular vai ficar na saudade

Para especialistas, apesar das medidas anunciadas pelo governo para baixa o preço dos veículos, preços continuam altos e pouco acessíveis

atualizado 26/05/2023 8:39

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imagem colorida itamar franco carro popular fusca conversivel Memorial da República Presidente Itamar Franco/Divulgação

As medidas anunciadas na quinta-feira (25/5) pelo governo para reduzir o preço dos veículos em até 10,96% podem resultar em um pequeno alento para as empresas desse segmento. Elas, contudo, não são suficientes para transformar os produtos da indústria em “carros populares”. Essa é a opinião de especialistas no setor automotivo, ouvidos pelo Metrópoles.

O consultor Milad Kalume Neto, da Jato Brasil, observa que os automóveis mais em conta existentes no mercado custam R$ 69 mil. Com o desconto máximo, obtido pela redução de impostos federais, caso do IPI e PIS/Cofins, esse valor cairia para R$ 61 mil. “O governo falou que as montadoras poderão realizar vendas diretas ao consumidor, o que deve reduzir essa quantia para R$ 59 mil”, diz. “Não consigo chamar de popular um carro vendido por esse preço.”

Kalume Neto observa que ainda resta às montadoras o recurso de eliminar acessórios para baratear os veículos, contanto que não sejam itens ligados à segurança e eficiência energética. Nesse caso, sobram equipamentos de multimídia e ar-condicionado, por exemplo. “Eles podem ser oferecidos como opcionais, mas isso tem um limite”, afirma o consultor. “Não sei se as pessoas vão abrir mão de coisas com as quais elas já se acostumaram.”

Ele acredita que as medidas apresentadas pelo governo podem elevar as vendas das montadoras em 200 mil carros neste ano. Nesse caso, elas passariam de projetados 2,1 milhões para 2,3 milhões de unidades. “Mas a capacidade de produção da indústria é de 4,7 milhões”, diz. “Considerando que temos estoques e exportações, estamos falando em até 2,7 milhões veículos. Ou seja, a capacidade ociosa ainda é de 2 milhões.”

Poder aquisitivo

Para o professor Antônio Jorge Martins, o coordenador dos cursos da área automotiva da Fundação Getulio Vargas (FGV), além de os novos preços não tornarem os carros populares, dificilmente as medidas anunciadas pelo governo vão reverter o baixo volume de vendas do setor ou aumentar a sua lucratividade.

“De um lado, o atual quadro é resultado da queda do poder aquisitivo da população”, diz Martins. “Do outro, houve um aumento significativo do custo de partes, peças e componentes, como semicondutores, usados pela indústria. Não vejo como a redução de pouco menos de 11% possa resolver esses problemas.”

Rentabilidade

O professor acrescenta que as montadoras têm ainda outras dificuldades a enfrentar. “Até 34% das vendas do setor estão sendo feitas para locadoras e serviços de assinatura de veículos”, afirma. “Isso ajuda no volume de vendas, mas as empresas acabam dando grandes descontos nos produtos. Com isso, perdem rentabilidade.”

Essa, nota Martins, é uma encrenca enfrentada pelo segmento em todo o mundo. “Hoje, o lucro por veículo da Tesla chega a US$ 9,5 mil”, diz. “Em segundo lugar, vem a GM, com US$ 2,4 mil. Nessa lista, as três indústrias seguintes conseguem lucrar entre US$ 1,2 mil e US$ 1,4 mil. Ou seja, há uma diferença muito grande entre a primeira colocada e as demais. E a Tesla não lidera esse ranking porque fabrica carros elétricos. Ela ocupa essa posição porque é uma empresa altamente digitalizada. Esse é o desafio das montadoras.”

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