Efetivo do Ibama teve entrada de só 11 fiscais em 4 anos; total é 782

Efetivo de servidores responsáveis por fiscalizar ilícitos ambientais é reduzido. Em 2019, o órgão possuía 771 fiscais e hoje possui 782

atualizado 12/11/2023 14:59

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desmatamento amazonia madeira ilegal pacote verde - metrópoles Getty Images

Responsáveis por fiscalizar infrações contra a fauna e flora brasileira, aplicando multas e sanções, os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) amargam um número reduzido de efetivo.

Neste ano, o órgão possui apenas 782 fiscais (dado até 17 de outubro) para realizar o trabalho de fiscalização em todo o país, um território de 8 milhões de quilômetros quadrados.

Em 2019, o Brasil possuía 771 fiscais, o que mostra que em quatro anos, o aumento foi de apenas 11. A quantia sofreu uma redução no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indo para 630 em 2021. No ano passado, o número aumentou para 744 servidores. Os dados foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação.
Fiscal do Ibama é uma atribuição de alguns servidores que ocupam o cargo de analista ou técnico ambiental. Para o servidor se tornar um fiscal, ele passa por um curso, com aulas práticas e teóricas, e, se aprovado, passa a exercer a função.
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Trinta anos do Dia da Biodiversidade marca recorde de desmatamento
Desmatamento na Amazônia
Desmatamento
Até 2020, cerca de 729 mil quilômetros quadrados (km²) já haviam sido desmatados na Amazônia
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Trinta anos do Dia da Biodiversidade marca recorde de desmatamento

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Até 2020, cerca de 729 mil quilômetros quadrados (km²) já haviam sido desmatados na Amazônia

Arquivo/Agência Brasil

Presidente da Asibama-DF, associação de servidores da área ambiental do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama no Distrito Federal, André Oliveira da Silva explicou que toda a carreira de analista e técnico ambiental tem uma defasagem no Ibama.

O último concurso foi em 2021, quando o órgão teve um incremento de servidores, mas diante de processos de aposentadorias e outras baixas, a quantidade continuou pequena.

“Há uma necessidade de recomposição. Acredito que a administração tem demonstrado que entende isso e tenta pleitear um concurso com mais de mil vagas. É baixo o número de analistas e técnicos ambientais”, afirmou.

A multa ambiental pode ser aplicada por qualquer servidor de órgão que integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), estrutura para gestão ambiental criada em 1981. O sistema é formado por órgãos da União, Estados, Distrito Federal e municípios.

No âmbito federal, os órgãos que podem aplicar multa são Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Foi o Ibama, por exemplo, que multou em R$ 10 mil o ex-presidente Bolsonaro por pesca ilegal na Estação Ecológica de Tamoios, em Angra dos Reis (RJ), em 2012.

Neste ano, enquanto houve queda no desmatamento na Amazônia, houve aumento de degradação no Cerrado. O sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já registrou 6.613 quilômetros quadrados de área desmatada no Cerrado, número que já é 21% maior que todo o ano de 2022.

Desmonte

Em nota, o Ibama afirmou está em processo de “fortalecimento de sua equipe, visando ampliar sua capacidade operacional”. Segundo o órgão, em março deste ano foi solicitada a abertura de um novo concurso para preencher 2 mil vagas.

“É importante destacar que o Ibama opera de forma complementar, contando também com o respaldo das forças de fiscalização dos estados na contenção de atividades ilegais contra o meio ambiente. Portanto, se houver um reforço por parte dos estados, a necessidade de aumento de fiscais do Ibama poderá diminuir”, informou.

O instituto afirmou, ainda, que nos quatro anos do governo do ex-presidente Bolsonaro houve “desmonte das políticas públicas ambientais”, e que agora tem “atuado de forma estratégica na área de fiscalização para combater os ilícitos ambientais em todos os biomas do país”.

Para combater o desmatamento, o Ibama coloca agentes ambientais em áreas críticas. Há, ainda, “fiscalização remota do desmatamento, inutilização de infraestrutura dos infratores em Terras Indígenas, fiscalização de fraudes nos sistemas de controle florestal, e apreensão de bens e produtos produzidos em áreas embargadas por desmatamento ilegal”.

“O Ibama adota métodos de fiscalização remota, valendo-se de geotecnologias como imagens de satélite, bancos de dados e outras geoinformações. Hoje a autuação remota é dez vezes mais produtiva e mais eficiente na administração pública”, pontuou.
De acordo com o órgão, de janeiro a setembro deste ano 280 mil hectares foram embargados com a retomada das operações remotas. Do total, 213 mil são áreas privadas e 67 mil são terras públicas até setembro deste ano. Segundo o instituto, foram 16,6 mil ações de fiscalização neste ano, sendo que 592 ocorreram dentro de Terras Indígenas.
“Nesse mesmo período foram emitidos 12.377 autos de infração. Isso totaliza mais de 4 bilhões de reais em multas, a maior parte por autos de desmatamento”, informou.
As operações para autuação de ilícitos ambientais ocorrem em parceria com outros órgãos, como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional de Segurança Pública, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas e as Forças Armadas, segundo o Ibama.

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