São Paulo – Vídeo obtido com exclusividade pelo Metrópoles mostra o momento em que moradores do bairro do Jabaquara, em Santos, litoral de São Paulo, entram na casa em que Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, 22 anos, teria sido morto pela Polícia Militar por volta das 8h40 dessa terça-feira (1º/8). Familiares de Layrton foram até o Instituto Médico Legal da Praia Grande para reconhecer o corpo. O velório deve ocorrer durante a tarde.
Nas imagens, é possível ver que o cachorro, Roque, também foi morto (veja abaixo). A casa está revirada e com diversas manchas de sangue. O vídeo teria sido feito logo após a perícia deixar o local.
Um tio de Layrton ouvido pelo Metrópoles afirma que o sobrinho estava dormindo na casa de um amigo, na Rua Mario Santos Dias, quando foi surpreendido pelos policiais.
“Mataram o moleque dormindo, na crocodilagem. Mataram até o cachorro, é um esculacho. Pode ter certeza que vão jogar arma em cima do moleque”, afirma o tio.
Segundo o familiar de Layrton, ele estava com amigos na hora da ação policial. Um deles sobreviveu.
“É uma casa que está em briga familiar e um pessoal invadiu para morar e está lá até hoje. Ele estava lá com os amigos, jogando videogame, acabou dormindo e ficou por lá mesmo. A Baep invadiu a casa e saiu matando os moleques”, afirmou. Outro vídeo mostra a casa totalmente revirada e com manchas de sangue no chão.
O parente da vítima diz que a ação policial teria sido uma reação à morte do PM baleado na manhã dessa terça.
“Depois que mataram o PM no canal 2, o negócio repercutiu pelo morro todo. Eles vieram por baixo, viram que o moleque tinha acabado de entrar na casa. Mandaram ele não parar, ele não parou. Então entraram e saíram matando”, contou.
Segundo o tio de Layrton, um dos PMs teria baleado um colega durante a ação.
O que diz a PM
De acordo com a Polícia Militar, uma única ocorrência sobre morte por violência durante intervenção policial foi registrada na Rua Mario Santos Dias nessa terça-feira (1º/8).
Segundo o relato, havia três suspeitos nas escadarias do Morro do São Bento, um deles com uma arma longa, que, ao perceberem a chegada da polícia correram. Um deles teria entrado em uma casa e foi seguido pelos policiais.
Em um dos cômodos, que estaria com a porta travada, um indivíduo “optou pelo confronto”. Ele teria sido alvejado.
Morte de PM no Guarujá
A onda de violência no litoral começou na última quinta-feira (27/7), após a morte do soldado da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis, 30 anos. Ele foi baleado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda. Atingido no tórax, ele não resistiu. Já o cabo Fabiano Oliveira Marin Alfaya, de 39 anos, foi ferido na mão. Os tiros foram disparados a até 70 metros de distância, segundo a SSP.
Após a morte do policial, pelo menos 14 pessoas morreram durante a Operação Escudo. Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, o número de óbitos pode ser maior. O órgão também alertou para a denúncia de excessos cometidos por parte das forças policiais. Em coletiva na segunda-feira (31/7), o governador Tarcísio de Freitas negou que esteja havendo abusos.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (2/8), a SSP informou que 58 pessoas foram presas nos cinco dias da Operação Escudo, ação da Polícia Militar contra traficantes de drogas da Baixada Santista.
