São Paulo – O “sniper do tráfico” apontado como autor do disparo que matou o soldado da Polícia Militar Patrick Bastos Reis no Guarujá, litoral de São Paulo, atuava como “vigia” de um ponto de comércio de drogas no momento do crime, de acordo com a Polícia Civil. Erickson David da Silva, de 28 anos, foi preso na noite de domingo (30/7) após se entregar à polícia em uma delegacia da zona sul da capital.
Segundo a polícia, antes de atirar no policial, Deivinho teria sido avisado sobre a chegada à comunidade de uma viatura da Polícia Militar. Além dele, outros dois suspeitos atuavam na “biqueira” (ponto de venda de drogas). A identificação do grupo foi feita a partir de um trabalho de investigação da Seccional de Santos e do Departamento de Investigações Criminais (Deic) da cidade.
Marco Antônio, conhecido como “Mazzaropi”, era responsável por entregar a droga aos compradores. Ele também já foi preso pela polícia. Erickson, o “Deivinho”, exercia o papel conhecido no tráfico como “contenção”. Ele ficava armado em um lugar alto e era responsável por vigiar a “biqueira”.
Um terceiro suspeito, que ainda é procurado pela polícia, atuava na função de “água”. O homem, identificado como Kauã Jazon da Silva, 19 anos, ficava com um rádio em um outro local anunciando a chegada da polícia na região. Ele é irmão de Deivinho, o “sniper do tráfico”.
A suspeita é de que esse terceiro suspeito tenha sido o responsável por alertar Deivinho sobre a chegada da viatura em que estava o soldado Patrick.
Vídeo antes de se entregar
Antes de se entregar à polícia na noite de domingo (30/7), Erickson David gravou um vídeo dizendo ser inocente e pedindo ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que parassem com a violência.
“Meu nome é Erickson David, o ‘Deivinho’. Eu quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança aí. (Estão) matando uma ‘pá’ de gente aí, inocentes. (Estão) querendo pegar minha família. Eu não tenho nada a ver. É o seguinte, vou me entregar, eu não tenho nada a ver”, disse ele na gravação.
O suspeito foi orientado por um advogado a fazer a gravação. Em áudio obtido pelo Metrópoles, o advogado detalha como Erickson deveria fazer o vídeo.
“Antes de se entregar, faz um vídeo mostrando só o rosto, cita o [Guilherme] Derrite, secretário de Segurança Pública do estado, cita também o governador do estado, Tarcísio Freitas, para acabar com o massacre no Guarujá, que o que está acontecendo é covardia”, diz o homem na gravação.
Onda de mortes no Guarujá
Desde a última quinta-feira (28/7), quando o soldado da Rota Patrick Bastos Reis foi morto, pelo menos 10 pessoas morreram durante intervenções policiais em comunidades do Guarujá. De acordo com a Ouvidoria das Polícias, o número pode chegar a até 19.
Em entrevista coletiva realizada na segunda-feira (31/7), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, elogiaram o trabalho da polícia.