São Paulo – Vice-líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa (Alesp), o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos) bateu boca com petistas nesta segunda-feira (13/11) durante sessão do congresso de comissões que debatia a privatização da Sabesp.
A discussão teve início quando Abduch interrompeu a leitura de um relatório feito por deputados do PT contra a privatização da Sabesp. “Isso aqui é uma vergonha, dinheiro público sendo desperdiçado nessa palhaçada”, disse (veja no vídeo abaixo).
O texto tem mais de mil páginas e foi elaborado para dar mais tempo à oposição na discussão do projeto de lei que prevê a desestatização da companhia de saneamento básico. Nele, os parlamentares já citaram a presença da água no corpo humano, lendas chinesas e até o histórico de irrigação de água na Mesopotâmia, há mais de sete mil anos.
O PT iniciou a leitura do seu relatório na semana passada, após o parecer oficial ser apresentado pelo deputado Barros Munhoz (PSDB) no congresso que reúne as comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Infraestrutura.
Internamente, deputados petistas disseram que a leitura seria feita sem pressa, com “sílabas bem pronunciadas” e revezando os parlamentares da bancada.
“O senhor fica lendo como se fosse uma criança de três anos de idade”, disse Abduch ao deputado Reis (PT), que lia o texto no momento da interrupção.
O deputado Marcolino (PT) afirmou que os petistas não aceitariam provocação e retrucou Abduch quando o vice-líder disse que exigia respeito aos seus comentários: “Quem não respeita é o governador, que não debate com a população, não faz plebiscito e quer vender a Sabesp”.
Abduch, que é empresário, foi chamado de “vendilhão do bem público” pelo deputado Ênio Tatto (PT), e ao dizer que teria “mais o que fazer” do que ouvir o longo relatório, ouviu dos petistas frases como “pode se retirar” e “vai cuidar das suas empresas”.
O projeto da Sabesp na Assembleia
O governo entregou o projeto de lei à Alesp dia 17/10 com o objetivo de votar o texto no plenário até dezembro. A oposição tem criticado a rapidez exigida pelo governo para debater o tema e deputados da base também manifestaram incômodo com o cronograma apertado.
Para agilizar a tramitação, a presidência da Alesp apelou para um congresso de comissões, que reúne todas as comissões pelas quais o projeto deveria passar individualmente antes de ser levado ao plenário da Casa.
O congresso é uma forma regimental de acelerar a votação de projetos urgentes. A oposição tentou barrar a sua realização na Justiça, mas teve o pedido negado.
A privatização da Sabesp será debatida em audiência pública na Assembleia nesta quinta-feira (16/11) e contará com a presença da secretária Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística).
