Maioria dos ataques ocorre em escolas de alto nível social, diz estudo

Relatório da associação civil D³e mostra que 25 de 37 ataques ocorridos no Brasil foram em escolas com nível socioeconômico acima da média

atualizado 08/11/2023 12:31

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São Paulo — A maior parte das escolas que sofreram atentados no Brasil é formada por estudantes de alto nível socioeconômico, aponta relatório da associação Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e).

Ao todo, o estudo mapeou 37 ocorrências de violência extrema registradas em escolas do país desde 2001. Do total, 25 atentados aconteceram em unidades com nível socioeconômico considerado “alto” (15 casos) ou “médio-alto” (10), classificações acima da média nacional.

O índice é calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e considera a renda e a escolaridade das famílias dos alunos. A escala tem sete níveis qualitativos: “mais baixo”, “baixo” “médio-baixo”, “médio”, “médio-alto”, “alto” e “mais alto”.

“Quando acontecem eventos como esse, é comum ver comentários de ódio relacionando a causa à pobreza. Mas não é o que os índices têm demonstrado. Não são escolas ou famílias que estão em locais de vulnerabilidade social”, diz a advogada Cleo Garcia, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), formado por pesquisadores da Unesp e da Unicamp.

Os resultados da pesquisa, feita com apoio da B3 Social e antecipada pelo Metrópoles, serão apresentados na tarde desta quarta-feira (8/11), em evento da Bancada da Educação na Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir segurança no ambiente escolar.

Perfil dos ataques

O ataque mais recente aconteceu em 23 de outubro, na Escola Estadual Sapopemba, na capital paulista, que tem nível socioeconômico “médio-alto”. Na ocasião, um adolescente de 16 anos invadiu a unidade e matou a colega Giovanna Bezerra da Silva, 17, com um tiro na nuca, disparado à queima-roupa.

Segundo o estudo, a arma de fogo é o principal instrumento usado nos ataques às escolas e esteve presente em 17 ocorrências. Em oito ocorrências, o agressor já tinha a arma em casa. Em outras seis, compraram de terceiro. A origem de três armas é desconhecida, de acordo com o relatório.

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Movimentação de policiais e imprensa nos arredores da Escola Estadual Sapopemba, onde ataque a tiros deixou aluna morta

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Fachada da Escola Estadual Sapopemba, onde ataque a tiros deixou aluna morta

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Atirador invadiu escola estadual em Sapopemba, matou aluna e feriu outros dois

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No ranking de armas usadas aparece, em seguida, faca (15 casos), coquetel molotov (9), machadinha (8) e besta (2). Também houve atentados com gasolina, lancha chamas, marreta, martelo e veneno.

A pesquisa também mostra que em 29 casos, ou 78,3%, o autor do ataque tinha entre 12 e 17 anos. De acordo com o perfil traçado, o agressor é do sexo masculino, branco, busca notoriedade, percebe a escola como “lugar de sofrimento” e nutre “valores opressores (racismo, misoginia, ideiais nazistas)”.

“É bem interessante termos traçado todas as etapas que essa pessoa realiza para cometer esse tipo de crime”, afirma a pesquisadora Cleo Garcia. “Os ataques não são feitos de uma hora para outra, são geridos. É por isso que a gente defende que, com políticas públicas adequadas, ainda dá tempo de mudar”.

O relatório faz, ainda, dez recomendações para aumentar a segurança nas escolas. Entre elas, estão “controle rigoroso de armas de fogo e munições”, “maior regulação e responsabilização das plataformas digitais”, “responsabilização de quem compartilha vídeos dos ataques e informações dos autores” e “investimentos na expansão e fortalecimento à rede de atendimento psicossocial”.

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