São Paulo – O delegado João Fernando Baptista, da Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos, afirma que a tipificação do eventual indiciamento dos estudantes da Universidade Santo Amaro (Unisa) que mostraram o pênis durante jogo de vôlei feminino, em abril deste ano, vai depender de “para quem” o gesto foi direcionado.
Ao Metrópoles, o delegado afirma que a polícia trabalha com duas hipóteses: a de gesto obsceno e a de importunação sexual.
“É preciso apurar se os atos dos alunos da Unisa foram direcionados às alunas que estavam participando do jogo de vôlei ou se foi uma provocação (ou resposta a uma provocação) para a torcida rival que estava do outro lado da quadra”, diz ele.
“Essa questão é muito importante pois poderá definir se o crime foi de ato obsceno (manifestação de ato sexual em público e sem uma vítima específica) ou de importunação sexual, visto que este é muito mais grave”, conclui o delegado.
João Fernando Baptista afirma que a tipificação da prática de importunação sexual tem como requisito a prática do ato libidinoso com o objetivo de satisfazer um desejo sexual.
O episódio, apelidado de “punhetaço”, ocorreu durante o torneio universitário Copa Calo, realizado entre 28 de abril e 1º de maio deste ano em São Carlos, interior do estado, mas viralizou nas redes sociais durante o final de semana.
“Mostramos o pênis porque mostraram a bunda”
Alunos da Unisa que estavam presentes no ginásio Milton Olaio Filho no momento em que colegas exibiram o pênis durante a partida afirmam ao Metrópoles que o gesto foi uma resposta a provocações feitas pela torcida adversária, da medicina São Camilo, que estariam exibindo as nádegas.
“São Camilo estava mostrando a bunda para a gente o jogo inteiro, moleques e meninas (veja abaixo). Então os caras falaram para os calouros: ‘Estão mostrando a bunda? Vamos mostrar o pau’. Foi uma resposta natural. Ninguém bateu punheta, ninguém fez nada”, diz um aluno da Unisa que pediu para não ser identificado.
De acordo com o estudante, o caso tomou uma repercussão maior porque os alunos da São Camilo não estavam acostumados com esse tipo de “provocação”, que, segundo ele, é normal.
“A São Camilo é uma faculdade que não faz parte dos jogos. Então eles não estão muito acostumados com essas atrocidades. Acho até que foi um erro ter ficado pelado na frente deles porque eles não estão acostumados. Se fossem outras faculdades na nossa frente, que estão acostumadas, elas iam rir, xingar e só”, afirma.
Polícia tenta identificar estudantes
A Polícia Civil tenta reunir informações sobre os estudantes envolvidos no episódio. “Fizemos contatos informais com alguns alunos para angariar mais informações a respeito dos fatos, visto que o que temos de concreto até o momento são apenas alguns vídeos curtos e de baixa resolução”, diz o delegado João Fernando Baptista.
“Estamos em contato com as universidades para que nos informem a respeito dos alunos participantes do evento, especialmente dos calouros e veteranos do 6º ano, da diretoria da atlética, dos times de vôlei feminino de ambas as universidades e do time de futsal masculino da Unisa”, afirma o delegado.
