São Paulo – Rodízio de sushi, fondue, carpaccio de abobrinha e salmão defumado foram algumas das refeições feitas pelo deputado federal Coronel Telhada (PP-SP), em maio deste ano, pagas com a cota parlamentar da Câmara dos Deputados.
Telhada foi o deputado de São Paulo que mais utilizou verba pública com gastos em alimentação entre os meses de fevereiro e junho de 2023. No período, ele pediu mais de R$ 6,2 mil de ressarcimento pelas refeições – média de R$ 1,5 mil por mês.
Procurado, o parlamentar não retornou aos questionamentos feitos pela reportagem.
Ex-comandante da Rota, tropa de elite da Polícia Militar paulista, Coronel Telhada foi deputado estadual na Alesp e obteve 69,9 mil votos para deputado federal em 2022, ficando como suplente.
Ele assumiu a vaga na Câmara em fevereiro no lugar de Bruno Lima (PP-SP), que pediu licença do cargo para ser secretário de Inovação e Tecnologia da Prefeitura de São Paulo.
Cota parlamentar de Telhada
Cada deputado tem o direito de utilizar uma cota parlamentar mensal, segundo a própria Câmara, para “custear despesas típicas do exercício do mandato parlamentar, como aluguel de escritório de apoio ao mandato no estado, passagens aéreas, alimentação, aluguel de carro, combustível, entre outras”.
Os valores variam de acordo com o estado pelo qual o deputado foi eleito, levando em consideração os preços de passagens aéreas para Brasília. Para a bancada paulista, da qual Telhada faz parte, a cota é de R$ 42,8 mil.
As despesas de Telhada verificadas pelo Metrópoles no portal da Transparência indicaram jantares e almoços em bons restaurantes de São Paulo e Brasília, assim como compras em padarias de luxo da capital paulista.
Somente entre 26 de abril e 25 de maio, Telhada gastou R$ 2 mil em alimentação, o que inclui dois jantares em Campos do Jordão, cidade que está entre os destinos turísticos preferidos dos paulistas durante o inverno.
R$ 2 mil em um mês
No feriado do dia 1º de maio, Telhada anexou nota fiscal com compras feitas às 22h05 em uma padaria de luxo em Santa Teresinha, na zona norte de São Paulo. Nela são listados itens como babaganuche, salmão defumado, pão de alho, baguete de cebola e carpaccio de abobrinha. O custo total foi de R$ 110, mas o deputado pediu o reembolso de metade do valor.
Durante duas noites seguidas, em 23 e 24 de maio, Telhada jantou em locais especializados em fondue, em Campos do Jordão. Em um deles, apresentou nota fiscal de R$ 297 pagos em um fondue feito com queijo raclette – a Câmara o ressarciu em R$ 135.
Nos dias em que esteve em Campos do Jordão, a Câmara registrou que a ausência do parlamentar em Brasília foi justificada. Ou seja, que ele estava em missão autorizada, ou em licença, para não comparecer às sessões. Nas redes sociais, ele publicou encontros com o vice-prefeito da cidade e visitas ao comandante da Guarda Civil Municipal (GCM).
Já na semana anterior, Telhada também havia repetido as preferências gastronômicas e pediu reembolsos por dois dias seguidos de almoços em restaurantes japoneses, um na Lapa, zona oeste de São Paulo, e outro na cidade de Atibaia.
Quase um mês antes, em 27 de abril, o deputado apresentou nota fiscal de R$ 163 por almoçar kibe cru com coalhada, kebab de carneiro e consumir dois refrigerantes em um restaurante árabe no Ibirapuera, zona sul de São Paulo. Horas antes, ele havia registrado presença em uma sessão na Câmara. Do total pago, a Casa o ressarciu em R$ 86.
No restaurante chinês Long, localizado na Asa Sul, com pratos na faixa de R$ 30 e que servem mais de uma pessoa, Telhada foi ressarcido com um total de R$ 357 por apenas três refeições feitas no local, nos dias 9, 16 e 30 de maio.
