Chuvas: “Comparado a Nova York, dano em SP foi menor”, diz secretário

Secretário executivo de Mudanças Climáticas, Antonio Fernando Pinheiro Pedro coordena plano contra danos provocados por chuvas em SP

atualizado 21/03/2023 23:36

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Antonio Fernando Pinheiro Pedro, secretário executivo de Mudanças Climáticas de SP Divulgação/Prefeitura de SP

São Paulo – Responsável por coordenar o plano de prevenção de danos provocados pelas chuvas na capital paulista, o secretário executivo de Mudanças Climáticas, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, destaca que houve uma mudança no comportamento dos temporais, mas minimiza os estragos registrados na cidade neste último verão.

Em entrevista ao Metrópoles, ele alega que a cidade registrou volume acima do esperado para a estação, diz até que a “qualidade da chuva” mudou e também defende as ações adotadas pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). “Comparado a Nova York ou a Milão, nossos danos foram menores”, afirma.

Segundo os dados da Prefeitura, as chuvas totalizaram 774,3 milímetros na capital paulista – quase 17% acima dos 663,4 milímetros que eram esperados entre dezembro de 2022 e março de 2023.

No período, a cidade registrou uma série de alagamentos, bairro embaixo d’água por mais de 30 dias e mortes decorrentes das enxurradas. “Temos um trabalho de transformação da cidade que vai ser benéfico em um futuro muito próximo”, diz. “Não vai resolver problemas seculares do dia para a noite”.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao Metrópoles pelo secretário de Mudanças Climáticas, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, na última quinta-feira (16/3).

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Morador usa caiaque para andar em rua alagada em SP
Chuva castiga SP e alaga Minhocão
Trens da CPTM tiveram serviço interrompido
Chuva alaga Régis Bittencourt em SP
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Morador usa caiaque para andar em rua alagada em SP

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Chuva castiga SP e alaga Minhocão

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Trens da CPTM tiveram serviço interrompido

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Chuva alaga Régis Bittencourt em SP

Divulgação/PRF

Na teoria, estamos na reta final do período de chuva na cidade de São Paulo. Qual é a avaliação que o senhor faz?

Em 2022, tivemos o pior período de chuvas dos últimos cinco anos. E este ano superou. Isso nos preocupa porque mostra uma tendência de enfrentar períodos cada vez mais agudos e precisamos nos preparar para eles. No verão do hemisfério norte, no ano passado, Nova York (EUA) perdeu 40 vidas com inundações. Milão (Itália) ficou embaixo d’água, Cuba ficou embaixo d’água, a China teve pelo menos oito cidades completamente inundadas. O que estamos vivendo no Brasil não é um problema exclusivo, é uma tendência mundial. Comparado a Nova York ou a Milão, nossos danos foram menores, em que pese São Paulo ser uma cidade maior.

De que forma a Prefeitura de São Paulo faz a medição desses danos?

Temos uma curva de governança que se mede pelo número de danos reportados ao final de cada campanha de PPCV (Plano Preventivo de Chuva de Verão). Iniciamos essa governança em 2021, com uma portaria do prefeito Ricardo Nunes. Ainda não temos o cômputo geral dos danos (do verão 2022-2023), mas está um pouco acima do ano anterior, talvez por conta da volumetria. Sentimos uma mudança na qualidade da chuva neste ano.

Que tipo de mudança?

As chuvas vieram em grande profusão e em curto espaço de tempo. Tivemos episódios de 70, 80, 100 milímetros de chuva em um intervalo de 1h ou 2h. É a mesma coisa que pegar um balde cheio d’água e jogar na pia. Se jogar devagar, a pia absorve. Se jogar de uma vez, causa inundação. Essa parece ser uma alteração do comportamento climático, a gente deve ter uma avaliação no final do mês.

O que é considerado dano?

Os danos são perdas materiais ou de vida relacionados a ocorrências de enchentes, inundações e alagamentos. A enchente é um fenômeno natural, ocorre nos pontos de várzea ou em cursos d’água. Já a inundação é quando há um volume de água é muito maior que o esperado para a região. E o alagamento acontece quando há alguma espécie de obstrução, provocada por um sofá descartado no córrego ou até por um bueiro cimentado. No que tange à perda de vida, oficialmente tivemos uma. Hoje (a entrevista foi realizada no dia 16 de março), tivemos notícia de que poderia haver mais vidas envolvidas. Seja como for, perto das 40 de Nova York, temos um volume baixo, em que pese sempre ser uma tragédia.

Qual é a morte reconhecida pela Prefeitura?

O de uma senhora em Moema (vídeo abaixo)

 

Também há notícia de um jovem, arrastado na zona leste em fevereiro, que o corpo foi encontrado…

É aquela história: até relacionar o corpo com a pessoa que desapareceu leva um tempo. Com certeza, no balanço final, vamos ter isso com exatidão. O importante é mostrar que São Paulo tem um Plano Preventivo de Chuva de Verão que está funcionando, até como reloginho, bem alinhado com a Defesa Civil. Temos o Caderno de Drenagem da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana), com a descrição geográfica, todos os pontos sensíveis, a situação geomórfica em cada uma das microbacias existentes na cidade de São Paulo. É com base nesses cadernos que a Siurb faz a priorização das obras de infraestrutura. São mais de 100 obras em andamento hoje, todas relacionadas à contenção de enchentes e drenagem. Acredito que temos um trabalho de transformação da cidade que vai ser benéfico em um futuro muito próximo.

Do ponto de vista estrutural, e não só paliativo, o que está sendo feito?

Um ponto importante é a criação, em 2021, desta secretaria para cuidar do clima. Só há quatro estruturas de governança climática no continente americano: no governo Joe Biden (EUA), na província de Misiones (Argentina), na cidade de Niterói (RJ) e, aqui, em São Paulo. Temos um plano climático em execução e estamos fazendo mudanças muito sensíveis na forma de governar. Isso é muito importante, mas não vai resolver problemas seculares do dia para a noite.

Vários córregos cruzam mais de uma cidade da Grande São Paulo. Quando chove na capital, há impacto para os municípios vizinhos e vice-versa. Como é feita essa coordenação?

O maior problema em relação aos rios intermunicipais é de desassoreamento, que deveria ser exercido pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Nós conversamos recentemente e estamos conseguindo obter uma resposta positiva, inclusive do governador Tarcísio (de Freitas). Tem de desassorear para poder reduzir o nível da calha. Outro obstáculo é a retirada de detritos de córregos e galerias. No ano passado, retiramos no perímetro do PPCV 155 mil toneladas de detritos, desde fogão, geladeira, sofá. Há um problema de educação ambiental muito sério.

Para fechar o próximo verão sem nenhuma morte, quais são as prioridades da Prefeitura?

Estamos trabalhando muito. Dentro do PPCV, encomendei que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) faça um programa de sinalização de pontos sujeitos a inundação, para que as pessoas saibam que podem sofrer danos, perder o carro, e não fiquem nesses locais quando começar a chover. Já existem algumas placas na cidade, como no Obelisco, no Ibirapuera, por exemplo. Vamos fazer mais em outras áreas.

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