São Paulo – Familiares da idosa de 88 anos que morreu após seu carro ficar submerso em uma enchente em Moema, na zona sul de São Paulo, no dia 8 de março, instalaram uma faixa na rua da tragédia alertando moradores sobre o risco de alagamento no local.
A faixa (foto em destaque) com os dizeres “Vovó Nayde informa: área sujeita a alagamentos” foi fixada a pedido da neta de Nayde Capellano na última sexta-feira (17/3), na rua Gaivota, exatamente na árvore onde o carro da aposentada ficou preso e submerso.
De acordo com a advogada Mariana Capellano, idealizadora da ação, a faixa foi instalada após ela solicitar à Subprefeitura da Vila Mariana, responsável pela zeladoria da região, que providenciasse uma placa de alerta sobre os riscos de enchente na rua. Segundo ela, o pedido ainda não foi atendido.
O Metrópoles questionou a Prefeitura e aguarda um retorno.
Mariana diz que pediu que funcionários de uma empresa de telefonia que faziam um serviço próximo instalassem a faixa, feita por um amigo da família.
“Expliquei para eles e paguei R$ 50 para cada para eles colocarem a faixa, bem no alto, presa com cabo de aço, tudo bonitinho”, afirma.
Faixa retirada, “briga” com síndica e muro irregular
Segundo Mariana, a faixa foi retirada no dia seguinte, sábado (18/3), por uma empresa de serviços, que teria sido contratada pela síndica de um dos condomínios da rua.
A advogada afirma que recuperou a faixa no referido prédio e que pretente instalar o aviso novamente.
“Porque a síndica mandou o cara (prestador de serviço) dar um fim na faixa. Ele não quis e deixou a faixa no prédio. Meu pai foi lá e pegou. Eu vou colocar de volta. Já mandei uma mensagem para ela (síndica) perguntando que dia o instalador vai lá colocar, porque ela vai pagar”, afirma Mariana Capellano.
De acordo com ela, o condomínio é o mesmo onde foi construído um muro de forma irregular, que teria prejudicado o escoamento da água da chuva na esquina entre as ruas Gaivota e Ibijaúna e contribuído para alagamentos nos últimos anos.
Dois dias após a morte de Nayde Capellano, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que derrubaria o muro.
Segundo moradores, um dos muros do condomínio foi derrubado na manhã desta segunda-feira (20/3). Eles dizem, no entanto, que outros muros no entorno também devem ser retirados para possibilitar a vazão da água.
Há anos moradores da região reclamam do muro construído pelo condomínio de alto padrão. De acordo com um inquérito civil do MP obtido pelo Metrópoles, desde 2018 a Procuradoria cobra ações da subprefeitura da Vila Mariana, responsável pela área.
O documento também observa que um processo administrativo foi instaurado contra o mesmo condomínio, em 2009, por causa da construção do muro.