Boom patrimonial, propina, dinheiro vivo e Marielle: a ficha de Brazão

Delações e quebras de sigilo bancário e fiscal contam a história de Domingos Brazão, que voltou a ser implicado no caso Marielle Franco

atualizado 24/01/2024 9:21

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Imagem colorida de Domingos Brazão, apontado como um dos mandante do assassinato de Marielle Reprodução

São Paulo – Citado em delação pelo ex-policial militar (PM) Ronie Lessa por suposto envolvimento na execução da vereadora Marielle Franco (PSol), o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão tem uma longa ficha corrida e está sob suspeita de receber propinas, expandir seu patrimônio com grandes movimentações de dinheiro vivo e de usar equipamentos e trocas de telefones para driblar investigadores.

Em entrevista ao Metrópoles, Brazão negou as acusações e disse que o uso de seu nome no caso Marielle pode ser parte de uma estratégia dos executores do crime para proteger alguém.

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Ex-presidente do TCE do Rio narrou entregas de dinheiro vivo a Domingos Brazão

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Domingos Brazão foi apontado como mandante do assassinato de Marielle por Ronnie Lessa

Montagem/ Reprodução
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Investigação identificou giro milionário nas contas de Domingos Brazão

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O conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão

Tércio Teixeira/Flickr Domingos Brazão
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PF apreendeu embaralhador de sinal no gabinete de Domingos Brazão

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Brazão tem uma longa história na política. Foi deputado por cinco mandatos, até 2015, quando assumiu a cadeira no TCE. Dois anos depois, foi alvo da Operação Quinto do Ouro, da Polícia Federal (PF), que mirou o pagamento de propinas a conselheiros da Corte e os afastou por decisão judicial. Na ocasião, Brazão foi preso, mas acabou solto.

O principal delator da Quinto de Ouro era o ex-presidente do TCE Jonas Lopes Junior. Ele contou aos investigadores que Brazão negociou dois esquemas de corrupção no tribunal. Um deles tinha a ver com a aprovação de um contrato de R$ 21 milhões no Detran. E o outro com empresas da área ambiental.

Ele contou ao MPF que Brazão tinha o hábito de evitar telefonemas, trocava de celular constantemente e havia em seu gabinete até mesmo um “embaralhador de sinal” – ferramenta que serve para bloquear o sinal de aparelhos de gravação. O equipamento foi apreendido.

Dinheiro em espécie

Segundo o delator, Brazão recebia e dividia o dinheiro em mãos. As investigações encontraram diversos saques e depósitos em dinheiro vivo em contas ligadas a ele. Em um período de 2 anos, ele movimentou R$ 14 milhões em suas contas bancárias e aumentou seu patrimônio de R$ 13,7 milhões para R$ 18,8 milhões.

As quebras de sigilo fiscal mostraram que Brazão declarava ao fisco ter R$ 360 mil guardado em dinheiro vivo. Um livro de contabilidade cheio de anotações sobre gastos em espécie foi encontrado em sua residência. Nele, havia notas sobre reformas de churrasqueiras, piscinas e sítios. Somente os pagamentos em dinheiro nas anotações somavam R$ 1,5 milhão.

Na Quinto do Ouro, Brazão responde por corrupção e organização criminosa. Ele chegou a ser afastado do cargo, mas voltou por decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Caso Marielle

No caso Marielle Franco, o nome de Brazão aparece como suspeito de ser o mandante do crime desde 2019. Ele foi denunciado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge por embaraço à investigação. O episódio envolveu uma ação para plantar depoimentos de policiais com narrativas falsas que tirassem a Polícia Civil do rastro dos verdadeiros mandantes.

O indício mais impressionante sobre seu envolvimento foi encontrado em um áudio do miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, no qual ele dizia que Brazão “encomendou” a morte de Marielle. E que houve pagamento de R$ 500 mil pelo crime. O áudio foi interceptado de uma conversa entre o miliciano e o vereador Marcello Siciliano (PHS).

A principal hipótese é de que, com a morte da vereadora, Brazão buscava retaliar o então deputado Marcello Freixo (PSol), que empregou Marielle em seu gabinete e era próximo da parlamentar.

A atuação de Freixo atingiu duas vezes o conselheiro. A primeira foi na condição de relator da CPI das Milícias, em 2008, quando citou Brazão como um dos políticos “liberados” para fazer campanha em área dominada pelos grupos de criminosos.

A segunda foi em denúncias que levaram o MPF a pedir uma nova prisão de Brazão em 2017, na Operação Cadeia Velha, que também investigou pagamento de propinas a políticos do Rio.

A denúncia da PGR sobre o embaraço às investigações foi rejeitada em março do ano passado pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro. Com a delação do ex-PM Ronie Lessa, condenado pela execução da ex-vereadora, o nome de Brazão voltou a entrar na mira dos investigadores.

Outro lado

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles nessa terça-feira (23/1), Domingos Brazão negou envolvimento na morte da vereadora. “Não mandei matar Marielle”, disse. Para o político, “ninguém lucrou mais com o assassinato da vereadora do que o próprio PSol”.

Brazão disse ao Metrópoles não temer a investigação e que o uso de seu nome pode ser parte de uma estratégia dos executores do crime para proteger alguém. “Outra hipótese que pode ter é a própria Polícia Federal estar fazendo um negócio desse, me fazendo sangrar aí, que eles devem ter uma linha de investigação e vão surpreender todo mundo aí.”

 

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