Os emplacamentos de carros e utilitários leves somaram 179.652 no país, em junho, o primeiro mês de vigência dos incentivos fiscais concedidos pelo governo federal ao setor automotivo. O número representou um avanço de 7,9% em relação a maio e de 8,5% sobre junho do ano passado. Esse total, contudo, ficou abaixo da projeção de vendas para o segmento, estimada em 182,5 mil.
Os dados, assim como a estimativa, foram divulgados nesta segunda-feira (3/7) pela Bright Consulting, especializada no setor automotivo. De acordo com a empresa, os emplacamentos – que equivalem às vendas – vinham baixos até a metade de junho, mas cresceram depois disso. Na comparação entre a primeira e a segunda quinzena do mês, o avanço foi de 58.177 para 121.475 veículos emplacados, o que resultou numa alta de 108%.
O incremento de vendas com o incentivo federal, diz Cássio Pagliarini, consultor da Bright, “ocorreu aos 40 minutos do segundo tempo” de junho. “Na sexta-feira (30/6), foram emplacadas 26 mil unidades”, afirma. Antes disso, informações da Bright apontam para uma média diária de 7 mil carros, subindo para cerca de 14 mil pouco antes do fim do mês.
De acordo com o técnico, as vendas de junho ficaram abaixo das previsões da consultoria porque o desconto dado pelo governo, por meio de renúncia fiscal do PIS e Cofins, ficou limitada a pessoas físicas. Com isso, não participaram do programa as locadoras de veículos, responsáveis por um terço das vendas totais do setor.
Na sexta-feira (30/6), o governo anunciou que ampliará em R$ 300 milhões os incentivos às montadoras, inicialmente limitados a R$ 500 milhões, no caso de carros e utilitários leves. A expectativa é de que as locadoras possam participar dessa nova etapa da medida. “Isso fará com que o volume de emplacamentos se mantenha num ritmo acelerado nos próximos dias”, afirma Pagliarini. “Depois disso, é esperado um hiato de vendas, provocado pela antecipação das compras por parte dos consumidores.”
No semestre, a venda de carros e comerciais leves somou 934,5 mil unidades. Isso representa um aumento de 9,7% na comparação com a primeira metade de 2022, mas uma queda de 7% em relação ao mesmo período de 2021.
O programa federal de apoio à indústria automotiva, fixado pela Medida Provisória (MP) 1.175, foi lançado no início de junho. Ele prevê descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil para carros cujo valor não ultrapasse R$ 120 mil. Inicialmente, estabelecia limites de R$ 500 milhões para veículos leves, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para vans e ônibus.