O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (27/9), ao ser provocado por deputados que participavam de uma audiência na Câmara, ser favorável à taxação dos super-ricos no Brasil.
As declarações foram dadas durante a participação de Campos Neto em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Campos Neto respondia ao deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que perguntou se o presidente do BC possuía algum fundo exclusivo.
Os fundos exclusivos são assim denominados quando têm somente um cotista. Pelos altos custos e potencial de personalização, são usados normalmente por detentores de grandes fortunas e somam menos de 3 mil investidores.
Em agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma Medida Provisória (MP) que determina a taxação dos rendimentos de fundos exclusivos e encaminhou ao Congresso um projeto de lei para a tributação das offshores – investimentos no exterior, seja por meio de uma conta bancária ou de uma empresa constituída em outro país.
“Sou a favor da arrecadação do fundo exclusivo e sou a favor da arrecadação do offshore”, afirmou Campos Neto ao deputado petista.
“Aliás, diga-se de passagem, no governo anterior tinha um projeto de offshore que a gente quis fazer”, prosseguiu o presidente do BC. “A gente queria fazer a taxação das offshore e eu achava que a alíquota tinha de ser mais alta. Eu pedi que fosse 10%, achei que 10% era razoável. Eu, inclusive, acho 6% baixo. Deixo aqui minha opinião.”
Campos Neto também negou ter consultado o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, sobre qual deveria ser o nível da taxa de juros. De acordo com o presidente do BC, consultas eram feitas a bancos para obter informações sobre saídas de poupança que pudessem gerar instabilidades no sistema financeiro.
“Nunca consultei o Esteves sobre os juros, isso já foi esclarecido”, disse Campos Neto. “Qualquer um que pedir audiência, eu recebo.”
