A demanda do consumidor brasileiro por crédito apresentou queda de 12% em março, em relação ao mesmo mês do ano passado. O índice, sempre na comparação anual, vem registrando baixas regulares desde junho do ano passado. Há dez meses, portanto. Esta foi a terceira redução consecutiva em 2023. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (26/4) pela Serasa Experian.
A retração foi observada em todos os estados. O destaque ficou por conta do Amapá, com baixa de 27,3%, seguido por Alagoas (24,9%) e pelo Rio de Janeiro (21,6%). O Distrito Federal (11%) e São Paulo (7,9%) ocuparam um patamar intermediário na lista. As menores quedas ocorreram no Espírito Santo (3,5%) e no Rio Grande do Sul (5%).
O levantamento mostra que a diminuição da demanda foi maior entre os mais pobres. Para os que recebem entre R$ 500 e R$ 1 mil mensais, atingiu 14,5%. O índice também foi alto entre as rendas médias. Chegou a 10,5% para quem ganha entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mês e 9% para os que têm remuneração entre R$ 2 mil a R$ 5 mil. Na renda mais alta, acima de R$ 10 mil, a redução foi de 7,6%.
Para Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, a inadimplência recorde (70 milhões de brasileiros), a alta na inflação (IPCA de 5,60% em 12 meses) e o elevado patamar de juros no país (Selic a 13,75% ao ano) continuam inibindo a busca por empréstimos e financiamentos. “O cenário atual exige cautela e planejamento”, diz. “E não há uma previsão assertiva para que os fatores que retraem o consumo do crédito no Brasil sejam amenizados.”