Os agentes econômicos estão revendo suas estimativas de inflação para este ano – e para baixo. O movimento ocorre há algumas semanas, mas ganhou fôlego na quarta-feira (7/6), com a divulgação do IPCA de maio. O índice desacelerou e ficou aquém da expectativa do mercado. Com isso, alguns especialistas já projetam uma possível deflação para o mês de junho.
Na prática, isso significa que a inflação pode ter um índice negativo neste mês. Ou seja, pode haver queda nos preços medidos pelo IPCA. Essa é a previsão, por exemplo, de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “Revisamos nosso índice de junho para uma deflação de -0,05%, tendo o grupo de alimentos como o grande responsável por tal alteração.”
Em relatório, Sanchez também modificou as projeções para a taxa nos próximos dois anos. Para 2023, ela caiu de 5,4% para 5%, o que deixa a estimativa do IPCA próxima do teto da meta, fixado em 4,75% para este ano. Para 2024, a redução foi de 3,8% para 3,7%.
“Efeito animador”
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), também acredita que pode haver deflação em junho. “Em maio, houve uma desaceleração generalizada do IPCA e isso teve um efeito bastante animador no mercado”, diz.
Ele observa que o índice deve apresentar alta no segundo semestre, com a retomada da cobrança de impostos federais sobre a gasolina, entre outros fatores. Ainda assim, Braz acredita numa queda generalizada das previsões para a inflação em 2023. “Já houve uma mudança de patamar significativa”, afirma. “As estimativas eram de 6% a 6,2% para este ano e, agora, estão ficando abaixo de 5,7%.”
