Americanas: negociações paradas e sócio “linha dura” esticando a corda

Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, Beto Sicupira, acionista de referência da Americanas, teria assumido as negociações com os bancos

atualizado 07/02/2023 18:07

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Reprodução

As negociações entre os acionistas da Americanas e os bancos, a quem a varejista deve quase R$ 30 bilhões, seguem sem sinal de bandeira branca.

Um interlocutor de um dos grandes bancos que está participando das negociações afirmou ao Metrópoles que Beto Sicupira, um dos acionistas de referência da Americanas, assumiu as conversas.

Sicupira é sócio de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, que, juntos, detém 31% das ações da varejista. Beto foi o sócio que comandou a Americanas nos últimos 20 anos, enquanto Telles cuidava da Ambev e Lemann estava à frente da expansão estratégica dos negócios do trio, em operações como a compra da Kraft Heinz. Os sócios entendem, portanto, que o problema da Americanas é uma questão a ser resolvida por Sicupira.

O problema, diz o interlocutor, é que o modo “linha dura” do empresário tem atrapalhado as negociações.

“Em uma conversa assim, é preciso saber a hora de bater e a hora de afagar. O Beto não sabe afagar, só sabe bater, então nada de novo foi levado para a negociação. Esperava-se que ele fosse apresentar algum plano, mostrando como eles planejam resolver o problema, mas tudo que ele ofereceu foi um DIP (empréstimo-ponte) de R$ 1 bilhão e ainda pediu que os bancos colocassem mais R$ 1 bilhão”, diz o interlocutor.

O DIP (sigla para o termo em inglês debtor in possession) é um empréstimo feito durante o processo de reestruturação de empresas. No Brasil, o mecanismo já foi usado pela OGX e pela Oi, empresas que também passaram por um litigioso processo de recuperação judicial.

O empréstimo-ponte seria uma forma de garantir alguma sobrevivência para a Americanas até que o plano de recuperação judicial seja apresentado. O prazo para que isso ocorra é de 60 dias. A situação da empresa, no entanto, fica cada dia mais grave. A chance de falta de mercadoria cresceu consideravelmente, conforme o dinheiro em caixa seca e os fornecedores exigem pagamento à vista.

“Nenhum tostão”

O problema é que os bancos não estariam dispostos a entrar nem com “um tostão sequer” no DIP, segundo essa fonte. Isso acontece porque, como trata-se de um crédito concedido para uma empresa em situação delicada, o empréstimo-ponte deve exigir como garantia os poucos ativos que a Americanas tem.

Não bastasse isso, se Sicupira colocar R$ 1 bilhão do bolso, como teria sido proposto, ele vira um credor da Americanas. E não qualquer credor: ele teria direito a receber esse R$ 1 bilhão de volta, em caso de falência, passando na frente da dívida de mais de R$ 25 bilhões contratada pela Americanas com os bancos antes de a crise estourar.

“Os credores, que já têm poucas garantias de que vão receber algo de volta, passariam a ter garantia zero nessa situação”, explica o interlocutor.

A postura de Beto Sicupira até aqui, segundo conta a fonte, é de total inflexibilidade. O sócio tem tentado convencer os bancos de que, se não houver um desconto de 50% na dívida que a Americanas tem, ele estaria disposto a deixar a empresa falir. “É uma tentativa de aplicar a lógica do ‘pegar ou largar'”, diz.

Dado que os bancos já compreenderam que precisarão lançar a fundo perdido (provisionar) a maior parte da dívida da Americanas, há um entendimento de que o prejuízo está dado e que ceder só serviria para atender aos interesses do trio de sócios.

Enquanto ninguém cede, o impasse continua e a situação da Americanas piora.

“Hoje, eu enxergo uma chance de 70% de não haver acordo e a Americanas falir e de 30% de um plano de reestruturação sério ser apresentado”, calcula o interlocutor.

 

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