Os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido anunciaram nessa segunda-feira (13/3) os próximos passos do pacto militar AUKUS, firmado em 2021. Segundo declaração conjunta divulgada pela Casa Branca, a primeira iniciativa do bloco é apoiar a aquisição de submarinos de propulsão nuclear por parte da Austrália.
O plano prevê que o país adquira seus dois primeiros submarinos de propulsão nuclear dos EUA em 2030. Contudo, a cooperação e o treinamento entre as marinhas dos três países já começa em 2023, conforme comunicado.
Além disso, o pacto anunciou a produção do SSN-AUKUS, um submarino desenvolvido trilateralmente utilizando tecnologias das três nações. No plano, o Reino Unido deve entregar a primeira unidade no final da década de 2030, enquanto a Austrália terá até 2040 para desenvolver o submarino.
Apesar do anúncio, o primeiro-ministro australiano. Anthony Albanese. garantiu que a aquisição de submarinos movidos a energia nuclear não significa um avanço na proliferação de armas nucleares. Em declaração ao lado de Joe Biden e Rishi Sunak,
“O orgulhoso histórico de liderança da Austrália no regime internacional de não-proliferação nuclear certamente continuará. continuaremos cumprindo todas as nossas obrigações sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear e o Tratado de Rarotonga”, disse o chefe de estado da Austrália.
Em comunicado, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que os três países afirmaram ao órgão que prometem a cumprir suas obrigações de não proliferação nuclear. Segundo Rafael Grossi, a Austrália se comprometeu a não enriquecer urânio, assim como não fabricar combustível nuclear.
Tensão China x EUA
Apesar de a Casa Branca descrever o projeto como uma parceria que “promoverá um Indo-Pacífico livre e aberto, seguro e estável”, analistas afirmam que o anúncio do apoio dos EUA na compra de submarinos por parte da Austrália é mais um passo contra o regime de Xi Jinping, na China.
“O AUKUS é um projeto nesse sentido. É uma ocupação daquele espaço do Pacífico, com uma intensa cooperação junto a Austrália”, explica Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional e criador do podcast Petit Journal.
Para ele, esse é mais um movimento no tabuleiro pela hegemonia global onde China e EUA têm se movimentado de diferentes formas. “A China, por sua vez, se movimenta de forma diferente, aumentando sua influência no Oriente Médio, se aproximando da Rússia e fazendo investimentos em países vizinhos”, explica.
