Após a prisão do dentista Gustavo Najjar por estuprar uma influenciadora, outra moradora do Distrito Federal contou à coluna ter sido assediada pelo profissional. Segundo a terceira vítima do acusado, ele chegou a pedir para morder a bunda dela, além de bater e tirar fotos sem autorização.
A jovem de 21 anos, que prefere não se identificar, contou que conheceu Gustavo pelas redes sociais. “Seguia ele no Instagram e o achava um profissional muito bom”, diz.
Ela afirma que Najjar entrou em contato e ofereceu um procedimento como paciente-modelo. Ou seja, ela pagaria menos em troca de divulgação dos serviços dele. “Ele falou que pessoas com o rosto bonito eram sempre bem-vindas. Então, eu marquei com ele para o dia 11 de setembro”, conta.
Quando chegou ao consultório do dentista, situado na área central de Brasília, a menina percebeu que não havia ninguém além dele no local. De acordo com a vítima, durante a avaliação, Najjar pediu que ela levantasse para que ele pudesse examinar outras áreas do corpo dela.
“Posso morder?”
A jovem afirma que, assim que levantou, o dentista abaixou as calças dela. “Ele falou: posso morder? E eu disse que não. Ele pediu para bater também, e eu falei que não podia.”
Ouça o relato:
Estupro de influenciadora
Com mais de 13 mil seguidores no Instagram, onde compartilha resultados das harmonizações feitas em seus pacientes, Najjar foi alvo de mandado de prisão temporária, com prazo de 30 dias, na terça-feira (12/9). Em suas redes, o dentista afirma ter feito “mais de 11 mil atendimentos e zero intercorrência, além de mais mil alunos no Brasil e exterior”.
O dentista foi preso pela Polícia Civil do DF quando chegava ao seu consultório, em um shopping de Brasília.
Levado para a delegacia, Najjar foi ouvido. De acordo com as investigações, a vítima havia conhecido o autor por meio de suas redes sociais. A influencer teria ido ao consultório após ter sido convencida pelo profissional a realizar uma avaliação para ser submetida a um procedimento de harmonização facial.
Quando a influencer chegou ao consultório do dentista, já no fim do expediente, o homem pediu para que ela mostrasse os procedimentos feitos em seu corpo, já que a vítima havia realizado diversas cirurgias estéticas após um grande processo de emagrecimento. Acreditando na boa-fé do profissional, a jovem deixou que Najjar analisasse o corpo dela. Porém, quando estava olhando os glúteos da denunciante, o autor teria dito que precisava testar a sua sensibilidade e desferido um tapa nas nádegas da influencer.
O outro lado
Em nota, emitida na noite deste sábado (23/9) – 11 dias após a publicação da primeira reportagem, que noticiou a prisão do suspeito– , a defesa do dentista Gustavo Najjar criticou o vazamento da investigação conduzida pela Polícia Civil do DF, que corre em segredo de Justiça, e diz que não comentará os detalhes do processo, justamente por conta do caráter sigiloso do inquérito. “O que podemos adiantar, mais uma vez, é que não houve crime e que já existem provas robustas sobre isto, o que torna o vazamento parcial de informações gravíssimo. A divulgação de informações escolhidas pelos agentes públicos encarregados do inquérito, além de configurar ilícitos graves, busca criar sensacionalismo irracional para antecipar um julgamento sobre os fatos em apuração”, disse a defesa.
Os advogados do suspeito de estupro, ainda em nota, dizem que tomarão “medidas legais” para “responsabilizar os agentes públicos que, mesmo advertidos, insistem em transgredir a lei, e que assume, de forma deliberada, o risco dos resultados de sua conduta irresponsável”.
“Por fim, a defesa vai postular no Juízo competente que seja então autorizado, dada a divulgação parcial e despropositada de informações direcionadas, e para se garantir a paridade de tratamento, a divulgação das provas existentes em favor do seu cliente – o que não se pode revelar agora sem expressa autorização judicial em razão do sigilo dos autos e da exposição da intimidade de outras pessoas envolvidas na investigação”, finalizou a defesa do dentista.
Leia a nota na íntegra:
“A defesa de Gustavo Naijar repudia, com veemência, o vazamento parcial de trechos da investigação que corre em segredo de justiça. Não houve os ilícitos cogitados prematuramente pela autoridade policial.
A defesa não vai comentar os detalhes do processo em respeito ao sigilo dos autos.
O que podemos adiantar mais uma vez é que não houve crime e que já existem provas robustas sobre isto, o que torna o vazamento parcial de informações gravíssimo.
A divulgação de informações escolhidas pelos agentes públicos encarregados do inquérito, além de configurar ilícitos graves, busca criar sensacionalismo irracional para antecipar um julgamento sobre os fatos em apuração.
Todas as medidas legais estão sendo tomadas para responsabilizar os agentes públicos que, mesmo advertidos, insistem em transgredir a lei, e que assumem, de forma deliberada, o risco dos resultados de sua conduta irresponsável.
Por fim, a defesa vai postular no Juízo competente que seja então autorizado, dada a divulgação parcial e despropositada de informações direcionadas, e para se garantir a paridade de tratamento, a divulgação das provas existentes em favor do seu cliente – o que não se pode revelar agora sem expressa autorização judicial em razão do sigilo dos autos e da exposição da intimidade de outras pessoas envolvidas na investigação.
Solicita-se que a presente nota seja divulgada em sua integralidade, sem prejuízo da divulgação da versão do cliente após a autorização judicial quanto a exposição das provas em seu favor”.