Golpistas tinham técnica de guerrilha e eram financiados, diz coronel à CPI

Coronel Jorge Eduardo Naime prestou depoimento em CPI e deu detalhes sobre atentatdos de 12 de dezembro e 8 de janeiro

atualizado 17/03/2023 11:44

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Golpistas com técnicas de guerrilha, financiamento de lideranças do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército e embate exaltado entre Exército e forças de segurança. Esses foram alguns dos apontamentos que o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), deu nesta quinta-feira (16/3) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa que investiga atos antidemocráticos de 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

Atualmente preso por investigações do Supremo Tribunal Federal (STF), ele comandou diversas ações da PM de tentativa de desmobilização do acampamento na área do QG do Exército em Brasília, e relatou detalhes sobre esse ato bolsonarista, avaliado como “epicentro” da invasão às sedes dos Três Poderes.

Naime fez longos comentários sobre o dia 12, quando houve tentativa de invasão à sede da Polícia Federal. Naquele dia, bolsonaristas entraram em confronto com forças policiais e transformaram Brasília em um palco de guerra. “Eram pessoas com técnica de guerrilha e antiguerrilha, era gente com conhecimento disso”, afirmou.

O coronel estava nas ruas durante aquele atentado e criticou a falta de diálogo com a Polícia Federal, que não avisou que prenderia o Cacique Tserere Xavante, líder indígena apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Passamos o fim de semana toda com índio fazendo ações no DF com bolsonaristas, com bandeira, faixa, tudo. E aí, o Moraes determinou a prisão dele. A PM não recebeu a informação”, comentou.

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Coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, prestando depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa

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Durante a CPI, Jorge admitiu “estranheza” em relação ao número de PMs enviados para conter a tentativa de golpe em 8 de janeiro

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Ele disse, ainda, que houve uma “máfia do Pix” durante o acampamento golpista de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília

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Questionado sobre as ações da PMDF naquela mobilização bolsonarista, Naime lembrou de tentativas da corporação para evitar problemas no local, como a operação que tentava retirar o comércio ilegal

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Naime estava afastado da corporação na data, mas comentou sobre o planejamento da corporação em outros casos

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Segundo documentos recebidos pela CPI, citados pelo presidente da Comissão, Chico Vigilante (PT), apenas 200 policiais, alunos de curso de formação, participaram na contenção inicial aos atos de 8/1

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Outros depoimentos no âmbito da investigação da Câmara Legislativa mostram o número de 600 PMs no efetivo

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Quando soube dos ataques bolsonaristas contra agentes da PF, Naime teria mobilizado a PM. “Quando recebi a informação, via 190, da confusão do tamanho do mundo na frente da PF, de imediato determinei reforçar a segurança no Meliá, onde Lula estava. Mandei retirar o policiamento de reforço de Natal da rua e ir para lá. […] Cheguei, entrei na linha de choque, entramos em combate, fomos em cima, impressionava a destreza dos combatentes contra a polícia.”

A PMDF foi extremamente criticada após o ato por não ter realizado nenhuma prisão. Naime se defendeu. “Primeiro, tropa de choque não tem como prender, com escudo que pesa 7 kg, tem munições, granadas, arma longa. Soltamos viaturas de GTOP e Rotam para prender, mas os caras sumiram na área. Ficamos sem entender. No acampamento não tinha ninguém. No dia seguinte, um dos hoteleiros disse que os caras estavam hospedados no hotel dele. Eles fizeram a confusão e subiram para o hotel”, relatou.

O coronel afirmou que aqueles manifestantes antidemocráticos, que usaram violência para reverter o resultado das urnas, eram pessoas pagas. “Quem ficava no acampamento estava sendo paga. Quem orquestrava estava nos hotéis.”

Exército contra PM

Já em relação aos atos do dia 8 de janeiro, Naime relembrou de um episódio de ânimos exaltados do Exército contra a PM e o então interventor na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli.

“O Cappelli tinha chegado no local, fui saber quais as ordens, se íamos entrar. Nisso, o major me pede para olhar para trás. Quando olhei, vi uma tropa de choque montada, com blindados, mas voltados para a PM, protegendo o acampamento.”

Naquele momento, houve uma briga, segundo ele, com o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP). “O Cappelli dizia que tinha ordem para entrar, mas o Dutra ficava dizendo que não iria. O Cappelli insistindo que ia prender quem estava lá e ele negando. Em determinado momento, Dutra pegou um telefone e ligou, disseram que ligou para o presidente Lula”, disse.

O relato do depoente aponta ainda que, depois dessa briga com “ânimos exaltados”, o general chamou Cappelli e chefes de forças de segurança para uma reunião dentro do QG. “Eu não participei dessa reunião. Depois dela, o coronel Fábio [Augusto Vieira, ex-comandante-geral] voltou e me deu a ordem: ‘Mantenha o policiamento na Esplanada, deixa o monitoramento aqui no QG, libera o restante da tropa e mobilize de novo às 6h da manhã para desmobilizar’.”

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