Após o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) identificar evidências de sabotagem na cozinha do Hospital de Base (HBDF), supostamente praticada por funcionários do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), a governadora em exercício do DF, Celina Leão (PP), visitou as instalações da unidade de saúde, na manhã dessa quarta-feira (22/2).
A suspeita de prática de sabotagem na produção dos alimentos decorreu de vistoria do MPDFT à cozinha do HBDF, como revelado pelo Metrópoles. Depois do ocorrido, Celina Leão marcou uma reunião com representantes do Iges-DF e do MPDFT.
A governadora em exercício também fez visita ao local, conheceu de perto as condições do espaço e exigiu uma reforma imediata da estrutura da cozinha.
“Percebemos uma grave situação, mas que, felizmente, não compromete o fornecimento das refeições dos pacientes. Diante do quadro observado nas instalações, determinei o início imediato dos serviços de reforma”, enfatizou a atual chefe do Palácio do Buriti, após a visita.
Vistoria
A vistoria do MPDFT ocorreu em setembro de 2022, e o Metrópoles teve acesso ao relatório elaborado pela instituição. Nele, os peritos consideraram a situação encontrada como algo “grave”.
O hospital é um dos palcos da disputa que envolve um contrato milionário, firmado entre o Iges-DF e a empresa prestadora de serviços alimentícios Salutar (leia abaixo).
Necessidade de reforma
No relatório, o MPDFT destacou que a estrutura da cozinha industrial do Hospital de Base do Distrito Federal é antiga e precisa de várias intervenções.
No entanto, até então, as melhorias não ocorreram. As obras de reforma ficaram estimadas em R$ 2,5 milhões.
Confira os valores previstos:
A vistoria destacou, ainda, que o vestiário dos funcionários e o piso da cozinha estão em “péssimas condições” e que o teto apresenta “fortes sinais de infiltração”.
Nas câmaras frias, apesar de funcionarem em temperatura adequada, as equipes identificaram, durante a vistoria, carnes armazenadas em caixas de papelão, como entregues pelo fornecedor.
Além disso, alimentos de dietas enterais — para pacientes que precisam de alimentação líquida, por sonda nasal — estavam guardados em local sem controle de temperatura.
Os espaços de manutenção de insumos e descartáveis, porém, estavam limpos e organizados, assim como o interior das câmaras frias e o departamento de materiais de limpeza.
Disputa judicial
No ano passado, o Iges-DF chegou a rescindir o contrato com a Salutar, mas, cerca de um mês depois, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou a retomada do acordo.
Depois de quase um mês da intervenção da Justiça, o MPDFT conduziu o firmamento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as partes, mas atestou, meses depois, que o Iges-DF não teria cumprido as obrigações do acordo — celebrado em abril de 2021, por um valor aproximado de R$ 73 milhões e com prazo de 24 meses.