Com uma maior visibilidade e abertura para falar sobre diversidade sexual, diversas figuras públicas têm trazido à luz suas sexualidades, se identificando como homo, pan, bissexuais, entre outras orientações. Apesar de ser algo positivo, tais declarações têm gerado em pessoas conservadoras a velha crença de que não ser hétero está na “moda”, ou então de que “agora todo mundo é bi”.
Apesar de existirem estudos que afirmam que ninguém é 100% heterossexual, a realidade não é tão “preto no branco”. A verdade é que, evolutivamente falando, a sexualidade humana é infinitamente diversa e fluida em suas formas de se manifestar e ser vivenciada.
“Fomos selecionados evolutivamente para a ativação e excitação. A diversidade da sexualidade é proporcional à diversidade de pessoas no mundo. Até mesmo os indivíduos que se identificam dentro de uma orientação específica vão ter milhares de formas de expressá-las e vivenciá-las, cada um à sua maneira”, explica o terapeuta sexual André Almeida.
Logo, a mudança não é de dentro para fora, mas sim de fora para dentro, no sentido de que é o contexto de maior liberdade que faz com que as pessoas tenham mais coragem de “saírem do armário” – tanto para a sociedade quanto para si mesmas, porque a diversidade sexual em si já existe há tempos.
Há, contudo, estigmas em cima do conceito da fluidez sexual. Muitas pessoas que o utilizam para justificar movimentos de ‘curas’ e ‘tratamentos’ que têm por objetivo “retificar” orientações, encaixando-as no que foi atribuído enquanto saudável (lê-se heterossexual e cisgênero).
Em meio a isso, nomear as tantas faces da diversidade sexual (com as letras da sigla LGBTQIAPN+, por exemplo), é muito importante. Afinal, em uma sociedade conservadora e normativa, é preciso que haja um movimento de educação psicossocial sobre o tamanho da diversidade sexual humana.
“A ideia da banalização vem justamente da compreensão de que existem normas, ‘ou você é isso, ou você é aquilo’. Mas não se trata de um movimento específico, e sim da compreensão da diversidade sexual humana e da representatividade dentro dela. Nesse movimento, as pessoas vão criar bilhões de ‘letrinhas’, até entendermos que a diversidade é natural”, afirma o psicólogo.
Logo, é importante entender que cada vez mais pessoas vão se identificar com novas orientações e novos aspectos da subjetividade sexual; afinal, uma vivência em que se permite sentir e experimentar qualquer coisa que se tenha vontade, desde que de forma segura, consensual e que não cause sofrimento a ninguém, dá mais abertura para que isso aconteça.
“Assim como acontece com outros aspectos da nossa personalidade, vivenciar novas experiências pode levar um indivíduo a mudar — em menor ou maior grau e de forma natural — sua percepção acerca da própria orientação e identidade. Há pessoas que irão vivenciar maior fluidez e outras que vão passar por uma maior ‘estabilidade’. É importante que aprendamos a conviver com as mudanças. Tudo é válido”, elucida o especialista.