Veja erros apontados no cartão de vacina da mulher de Mauro Cid

Enfermeiras com nome escrito no cartão de vacina afirmam que não têm envolvimento com o caso. Médico Farley Alcântara é suspeito da fraude

atualizado 10/05/2023 11:24

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cartao de vacina gabriela cid Reprodução

Goiânia – A Secretaria de Saúde de Cabeceiras cidade no Entorno do Distrito Federal, onde Gabriela Cid, esposa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, supostamente teria sido vacinada apontou erros existentes no cartão de vacina da mulher. Entre eles, um nome errado, lotes divergentes e até mesmo a caligrafia.

O documento teria sido alterado pelo médico oftalmologista Farley Vinícius Alcântara, que prestava serviços no município goiano à época. Ele é sobrinho do sargento do Exército Luiz Marcos dos Reis, que integrava a equipe de Mauro Cid e que foi preso na quarta-feira da semana passada (3/5), durante a Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal.

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Farley Vinícius é suspeito de fraudar o cartão
Mauro Cid é ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro
Secretaria de Saúde de Cabeceiras aponta erros em cartão de vacina
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Dzirrê afirma que não fez parte da fraude em cartão

Arquivo pessoal/Dzirrê Almeira
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Farley Vinícius é suspeito de fraudar o cartão

Reprodução/Redes Sociais
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Mauro Cid é ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro

Reprodução
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Secretaria de Saúde de Cabeceiras aponta erros em cartão de vacina

Reprodução

O cartão de vacina, em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, registra que ela teria sido imunizada contra Covid no dia 17 de agosto de 2021, do lote FF2591, e recebido outra dose no dia 9 de novembro de 2021, do lote TG 3529, ambas produzidas pelo laboratório BioNtech. O documento tem assinaturas das enfermeiras Dzirrê Almeida e Edynez Farias, além da assinatura e carimbo de Farley.

Procurada pelo Metrópoles, Dzirrê negou qualquer envolvimento com o caso. “Meu nome foi usado no cartão por outra pessoa. Fiquei sabendo do ocorrido como todos, pelas redes sociais e pela imprensa. Foi um baque para mim, um susto muito grande. Ele [Farley] chegou a me pedir um cartão de vacina em branco, em novembro de 2021; na ocasião eu disse que não tínhamos, e a conversa se encerrou por ali. Depois disso, nunca mais tivemos contato”, afirmou a enfermeira.

A enfermeira reforça ainda que sempre trabalhou na parte administrativa e na coordenação. “Eu trabalho há quase cinco anos no município, frente à coordenação da Unidade Básica de Saúde (UBS), e algo assim nunca aconteceu. Prezo muito pelo meu nome, e minha ética. Eu e a outra profissional cujo nome aparece no cartão não temos nada a ver com o ocorrido”, ressaltou.

Erros

A secretária de Saúde de Cabeceiras, Cleide Costa, explicou ao portal G1 que o cartão de vacina deve conter o nome da enfermeira ou técnica de enfermagem que fez a aplicação do insumo no paciente. E, a partir disso, também foi identificado um erro.

A assinatura é da técnica de enfermagem Edynez Farias Costa. No cartão, o nome dela consta como Edniz. Segundo a própria enfermeira, ela é a única profissional do município, de modo que o nome errado não poderia fazer referência a outro profissional. “Ela não ia escrever o próprio nome errado”, disse a secretária.

Outro erro percebido pela gestora da pasta seria a caligrafia. Tanto a secretária quanto a coordenadora da atenção básica municipal, que preferiu não se identificar, apontam que, logo de cara, viram não ser nem a caligrafia de Edynez nem a de Dzirrê, ainda que o nome de ambas estivesse no documento.

Além da caligrafia, as servidoras também mencionaram erro no posto de saúde em que uma das vacinas teriam sido aplicadas. Logo abaixo dos nomes das enfermeiras, no cartão de vacina, é possível ver a unidade de saúde em que a vacina foi aplicada.

O cartão registra o nome de Dzirrê e indica corretamente o local em que ela trabalhava em 2021. Já o posto apontado como o local em que Edynez aplicou a vacina não é onde ela trabalha. Conforme o registro do cartão de vacina, o imunizante teria sido aplicado na Unidade Básica de Saúde da Família I, localizada no setor Mariano Machado; contudo, a profissional atua na Unidade Básica de Saúde da Família II, no setor Parque São João, centro da cidade, desde 2020.

Outro furo relatado pela profissional que atua na coordenação da atenção básica de Cabeceiras é o lote da vacinação escrito no cartão supostamente fraudado. A princípio, a Polícia Federal afirmou que as informações do cartão falso tinham sido retiradas do comprovante de vacinação de uma enfermeira que teria sido imunizada em Cabeceiras; a mulher, porém, diz que os dois lotes mencionados (FF2591 e TG3529) nunca foram direcionados para a cidade.

Além dos erros apontados pelas profissionais da saúde municipal, é possível ver que o nome da farmacêutica BioNTech, que produz a vacina contra a Covid-19 em parceria com a Pfizer, está escrito com a grafia errada: “BioTech”.

Investigação

De acordo com o prefeito de Cabeceira, Everton Francisco, conhecido como Tuta, alguns profissionais de saúde serão ouvidos no procedimento administrativo aberto pelo Poder Executivo para investigar o caso e identificar se realmente houve a fraude por parte do médico e, se sim, descobrir se ele teve ajuda para cometer o crime. As enfermeiras que tiveram os nomes usados no cartão de vacina devem ser ouvidas.

A investigação que deu origem à Operação Venire, deflagrada na quarta-feira (3/5) pela Polícia Federal (PF), identificou a formação de uma associação criminosa para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS, do Ministério da Saúde. O objetivo era beneficiar várias pessoas ligadas ao círculo próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STFAlexandre de Moraes, as inserções falsas alteraram a condição de imunização contra a Covid-19 dos beneficiários e, com isso, as pessoas podem ter burlado restrições sanitárias impostas pelas autoridades do Brasil e dos Estados Unidos.

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