Sabático, bancos e setor público: o destino de ex-auxiliares de Guedes

Principais auxiliares do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro, o ex-ministro Paulo Guedes, tiveram vários destinos e alguns até pausaram carreiras

atualizado 05/01/2024 23:36

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Paulo Guedes, ministro da econômia durante lançamento do Programa Gigantes do Asfalto no palácio do Planalto Igo Estrela/ Metrópoles

Um ano após o fim do governo Jair Bolsonaro (PL), integrantes da equipe econômica de Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga”, migraram para bancos, corretoras e consultorias ou reassumiram suas funções no setor público. Há ainda aqueles que optaram por fazer pausas em suas carreiras e tirar períodos sabáticos.

O superministério da Economia, que Guedes comandou durante os quatro anos de gestão Bolsonaro, agregou pastas que, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltaram a ser ministérios avulsos, como a Previdência Social, o Trabalho e a Gestão.

O chamado “dream team” de Guedes era composto, majoritariamente, por economistas de vertente neoliberal, muitos dos quais formados na Universidade de Chicago. Mas havia entre eles também muitos técnicos com experiência de mais de 20 anos no serviço público e sem identificação ideológica clara.

O próprio Guedes é sócio e chairman (presidente do conselho) da Legend Capital, empresa de investimentos que tem R$ 11 bilhões sob gestão e foco em clientes de alta renda. A empresa possui escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Miami, nos Estados Unidos.

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Veja onde estão os principais auxiliares de Guedes:

Rogério Marinho, secretário especial da Previdência (2019-2020)

Ex-deputado federal, Rogério Marinho foi relator da reforma trabalhista de 2017, proposta pelo governo Michel Temer (MDB) e aprovada pelo Congresso Nacional. Em 2018, o ex-tucano não se reelegeu para um novo mandato na Câmara dos Deputados e se tornou responsável por articular a votação da reforma da Previdência pelo governo Bolsonaro, que foi aprovada e se tornou ativo político para Marinho.

Em 2022, foi eleito senador da República na única vaga disponível pelo Rio Grande do Norte. Ele é filiado ao PL, partido de Bolsonaro, e uma das principais vozes da oposição no Senado.

Bruno Bianco, secretário especial adjunto de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia (2019-2021)

Conhecido pela voz semelhante à do personagem da Disney Mickey Mouse, Bruno Bianco ganhou notoriedade ao gravar vídeos explicativos sobre a reforma da Previdência. Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, foi alçado ao posto de ministro, assumindo a Advocacia-Geral da União (AGU) de Bolsonaro.

Em julho de 2023, pediu exoneração do cargo de procurador federal (ele era concursado desde 2008) e atualmente é gerente sênior de relacionamento do banco BTG Pactual. Entre a exoneração do cargo público e a ida para a iniciativa privada, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República o liberou de cumprir quarentena.

Waldery Rodrigues, secretário especial da Fazenda (2019-2021)

O auxiliar de Guedes ficou conhecido por ser o destinário de um “cartão vermelho” do ex-presidente Bolsonaro ao sugerir congelar o valor de aposentadorias por um ou dois anos. Ele negou a autoria da ideia e disse que a medida era pensada e defendida por toda a equipe econômica.

Desde então, ficou como assessor especial de Guedes, cargo que ocupou até agosto de 2021, quando deixou, em definitivo, o governo.

Economista-sênior concursado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente Waldery é coordenador-geral na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro (2020-2021)

O economista foi Secretário do Tesouro Nacional e Secretário Especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia do Brasil entre os anos de 2020 e 2021. Essa última mudou de nome, era Secretaria Especial da Fazenda, e estava nas mãos de Waldery Rodrigues.

Antes de assumir as secretarias, Funchal foi um dos técnicos responsáveis para elaboração do projeto do Pacto Federativo.

Em outubro de 2021, após o anúncio de um possível rompimento do teto de gastos, acabou deixando o governo alegando motivos pessoais. Na época, houve uma debandada na equipe econômica.

Em maio de 2022, Bruno Funchal assumiu o posto de CEO da Bradesco Asset Management, a segunda maior gestora privada do Brasil.

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Bruno Bianco

Igo Estrela/Metrópoles
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Ex-secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues

Fábio Rodriugues Pozzebom/Agência Brasil
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Ex-secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago

Rafaela Felicciano/Metropoles
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Adolfo Sachsida, ex-secretário de Política Econômica e ex-ministro de Minas e Energia

Anderson Riedel/PR

Esteves Colnago, secretário especial do Tesouro e Orçamento (2020-2022)

Foi ministro do Planejamento entre abril a dezembro de 2018, durante o governo Temer, e secretário-executivo do Planejamento de maio de 2016 a maio de 2018, na gestão do então ministro Dyogo Oliveira.

Analista de carreira do Banco Central (BC) desde 1998, Colnago assumiu o comando da Secretaria de Tesouro e Orçamento em julho de 2020. Em dezembro de 2022, pediu demissão do cargo por questões pessoais.

Ele assumiu, em junho deste ano, após cumprir quarentena de seis meses, a Diretoria de Assuntos Legislativos da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Salim Matar, secretário especial de Desestatização (2019-2020)

Fundador e ex-presidente da Localiza, rede brasileira de lojas especializadas em aluguel de automóveis, comandou a Secretaria de Desestatização por dois anos, mas não realizou nenhuma privatização.

Em abril de 2022 assumiu como consultor de projetos estratégicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), na gestão Romeu Zema (Novo), do qual foi um dos principais doadores de campanha. Ele deixou o cargo em agosto deste ano, voltando o foco à atuação no setor privado.

Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade e Competitividade (2019-2022)

O economista comandou a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade ao longo de quase quatro anos. Em fevereiro de 2022, foi para o escritório de representação do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, na função de adido.

Caio Megale, Secretário Nacional da Indústria e Comércio (2019-2020)

Economista com experiência prévia no Itaú e em corretoras de investimentos, Caio Megale voltou a atuar no setor privado. Hoje, é economista-chefe da XP Investimentos.

Em meados deste assume, ele assumiu cargos de destaque no grupo LIDE, do empresário e ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido), com quem já havia trabalhado na Secretaria da Fazenda da cidade de São Paulo durante a gestão do ex-tucano (2017-2018).

Megale assumiu a presidência da nova divisão do grupo voltada exclusivamente ao debate econômico, chamada LIDE Economia, e também integra o Comitê de Gestão do grupo.

Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica (2019-2022)

Uma das vozes mais eloquentes do time de Guedes, Adolfo Sachsida chegou a ser ministro de Minas e Energia (MME) no último ano do governo Bolsonaro.

Ele comandou a Secretaria de Política Econômica até o início de 2022, quando houve uma troca de cadeiras entre os auxiliares de Guedes. Sachsida, então, chefiou a Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia por alguns meses, quando foi designado para o MME.

Hoje, Sachsida está licenciado do Ipea, onde entrou em 1997, e passou a atuar na iniciativa privada após a quarentena de seis meses que também teve que cumprir. Em julho, ele assumiu a presidência do conselho da TecKey Solutions, uma startup da área de tecnologia dedicada ao desenvolvimento de softwares para simplificação de processos, agilização de operações de crédito e controle de golpes virtuais.

Marcos Cintra, secretário especial da Receita Federal (2019)

Cintra foi o primeiro secretário a deixar a equipe de Guedes, ainda em 2019, após defender a volta de um imposto nos moldes da extinta CPMF.

Foi membro e consultor do Instituto Índigo, do Partido União Brasil entre 2019 e 2022. É vice-presidente da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em 2022, voltou ao cenário político ao ser escolhido como vice na chapa de Soraya Thronicke (União) para a Presidência da República.

José Barroso Tostes Neto, secretário especial da Receita Federal (2019-2021)

Sucedendo Cintra, Tostes Neto ficou no comando da Receita por pouco mais de dois anos. Auditor-fiscal da Receita desde a década de 1980, ele estava aposentado quando assumiu a chefia do órgão.

Em 2023, já afastado de qualquer função profissional, seu nome voltou ao noticiário político no resgate do episódio de tentativa de entrada ilegal no Brasil de joias vindas da Arábia Saudita, por parte da equipe de Bolsonaro. Em março, foi revelado que ele foi demitido pouco mais de um mês depois que o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e seu assessor Marcos André Soeiro tentaram entrar no país com as joias.

José Tostes era bem avaliado pelos membros da Receita Federal por também ser um servidor de carreira, aposentado. Ele, porém, se desgastou com membros da família Bolsonaro após resistir em nomear Dagoberto da Silva Lemos para a Corregedoria do órgão. Lemos era indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (2019-2020)

Troyjo foi um dos principais interlocutores das negociações da finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Ainda em 2020, se tornou presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o banco dos Brics. Ele ficou na função até março deste ano, antes do término de seu mandato (que seria em 2025), para ser substituído pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Presidentes de bancos e outras instituições

Além dos ex-secretários, que eram auxiliares diretos de Guedes, o ex-ministro também indicou presidentes de bancos públicos, institutos e da própria Petrobras.

Pedro Guimarães, que comandou a Caixa por mais tempo até ser afastado após denúncias de assédio sexual reveladas pelo Metrópoles atua hoje como consultor de valores mobiliários. A sucessora de Guimarães, Daniella Marques, segue trabalhando diretamente com Guedes, na Legend.

Rubem Novaes, que presidiu o Banco do Brasil entre 2019 e 2020, foi substituído por André Brandão, que ficou no cargo até maio de 2022. Brandão foi para o setor privado e, desde agosto de 2003, segundo seu perfil no LinkedIn, está em período sabático.

Outro presidente de banco público, Joaquim Levy, que chefiou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua como diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados no banco Safra desde 2020. O sucessor de Levy, Gustavo Montezano, também fez uma pausa na carreira por alguns meses e, desde agosto, é o CEO da recém-fundada gestora Yvy.

Após desgaste envolvendo o aumento de preços dos combustíveis, o economista Roberto Castello Branco deixou o comando da Petrobras em 2021. Ele voltou ao setor privado. Seu sucessor, o general Silva e Luna, presidia a Itaipu Binacional quando foi convidado para substituir Castello Branco. Quando deixou o comando da Petrobras, em maio de 2022, após não conseguir resolver o problema dos preços em alta, voltou para a reserva do Exército.

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