Em tentativa de “virar a página”, Lula recebe militares e promete mais investimentos

Clima do encontro entre Lula e comandantes das Forças Armadas deve ser de recomeço e disposição em pautar uma relação de confiança

atualizado 20/01/2023 7:51

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Presidente Lula se reúne com governadores para debater medidas contra terrorismo. Na imagem, ele gesticula, segurando um microfone e sentado diante de bandeira do país - Metrópoles Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne, nesta sexta-feira (20/1), com os comandantes das Forças Armadas brasileiras. O encontro está marcado para as 10h, no Palácio do Planalto, e também deve contar com a presença do ministro da Defesa, José Múcio.

Tanto os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica quanto Lula têm interesse em distensionar a relação entre as partes e mudar a pauta que tem marcado o cenário político brasileiro: os atos golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo auxiliares do presidente, o clima da reunião será de recomeço e disposição em pautar uma relação de confiança e aproximação. “O outro caminho seria um movimento de tensão, de afastamento entre o presidente e os militares. Isso não faria bem para o país no momento atual”, destacou um interlocutor.

Outro auxiliar do presidente defendeu que o fato de a reunião ocorrer no Palácio do Planalto, um dos alvos dos terroristas, também demonstra a boa vontade de Lula em virar a página, deixando a crise para trás, a fim de começar a governar.

Um integrante do Exército concorda que é preciso seguir em frente. “As Forças Armadas foram alçadas por Bolsonaro a um patamar que não é delas. Uma pequena parcela da sociedade sempre achou que as Forças Armadas têm um poder que não é delas, como, por exemplo, de usurpar o poder, retirando de lá quem foi eleito pelo povo. Tal pensamento foi potencializado pelo ex-presidente”, ponderou o militar.

De acordo com o membro da caserna, as Forças Armadas devem pedir a Lula para manter o parque bélico nacional, por intermédio das Indústrias Nacionais de Defesa, e, posteriormente, comprar materiais de nações amigas, sempre com transferência de tecnologia.

Além disso, segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, é esperado que o presidente Lula receba, durante o encontro desta sexta, uma proposta de “modernização das Forças Armadas”.

“A ideia é discutir com a Defesa e as Forças Armadas para modernizá-las. Queremos modernizar o investimento nas Forças com formação de mão de obra, aumentar o investimento em Defesa, e queremos que esse investimento esteja alinhado com as políticas do governo. O presidente Lula quer receber uma proposta deles neste conceito”, disse o ministro nesta semana.

Críticas e afago após atos

Na semana passada, o atual mandatário do país disse estar “convencido” de que as portas do Palácio do Planalto foram abertas para a entrada dos terroristas que destruíram os prédios da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante café com jornalistas, Lula disse que “muita gente” da Polícia Militar do Distrito Federal e das Forças Armadas foi “conivente” para que bolsonaristas entrassem na sede do Executivo federal.

“Teve muita gente conivente. É importante dizer que teve muita gente da Polícia Militar conivente, teve muita gente das Forças Armadas, aqui dentro, conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada na entrada”, afirmou, na ocasião.

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Vidros foram quebrados por radicais bolsonaristas
Polícia Federal analisou os danos ao prédio
Estragos deixaram marcas em janelas, computadores e até obras de arte
Policiais federais fazem perícia no prédio do Paládio do Planalto após 8 de janeiro
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Polícia Federal inspeciona Palácio do Planalto

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Vidros foram quebrados por radicais bolsonaristas

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Polícia Federal analisou os danos ao prédio

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Estragos deixaram marcas em janelas, computadores e até obras de arte

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Policiais federais fazem perícia no prédio do Paládio do Planalto após 8 de janeiro

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Palácio do Planalto foi invadido em 8 de janeiro

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Extremistas antidemocráticos também invadiram Congresso Nacional e STF

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Ameaça de novos atos preocupa área de segurança do governo Lula

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Cadeiras foram usadas como escudo por manifestantes golpistas

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No dia seguinte ao terrorismo, aliados do governo passaram a defender a demissão do ministro da Defesa, José Múcio, por ter minimizado os acampamentos promovidos por bolsonaristas em frente a quartéis generais.

O próprio presidente criticou Múcio, mas saiu em defesa do ministro durante café com jornalistas. “Quem coloca e tira ministro é o presidente da República. José Múcio foi eu quem trouxe para cá e vai continuar no cargo, porque eu confio nele”, disse Lula.

“Se eu tivesse que tirar cada ministro na hora que ele comete um erro, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Porque todos nós cometemos erros. Na minha cabeça, o José Múcio é o meu ministro”, prosseguiu.

Num primeiro sinal de aproximação após a declaração de Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi até o Ministério da Defesa e se reuniu, na tarde de terça-feira (17/1), com Múcio e os comandantes das Forças – general Júlio Cesar de Arruda (Exército), almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).

Governo dispensa militares do GSI

A reunião entre Lula e os comandantes das Forças também ocorre após o Palácio do Planalto dispensar mais de 60 militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Eles são de patentes mais baixas, como soldados, cabos e sargentos, e começaram a ser dispensados nesta semana, após os atos golpistas.

A maioria dos integrantes do GSI são militares das Forças Armadas, que devem voltar para suas funções. Na Presidência, eles ficam responsáveis pelo esquema de segurança de autoridades e pelo resguardo dos palácios.

Na terça, Rui Costa disse que as trocas em cargos de livre indicação do governo são naturais em razão da falta de sintonia com a gestão anterior.

“Essas trocas, é natural que ocorram, porque o governo que saiu tem pouca ou nenhuma sintonia com o governo que entrou. O pensamento em todas as áreas é muito diferente, e, portanto, nós não poderíamos conviver com os mesmos assessores”, afirmou.

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