É comemorado, nesta terça-feira (7/2), o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, para lembrar a morte do guarani Sepé Tiaraju, responsável pela liderança da revolta contra o Tratado de Madri, que levou à expulsão de mais de 50 mil indígenas brasileiros de suas terras.
O Tratado de Madri, de 1750, dividiu a América do Sul entre espanhóis e portugueses. Os indígenas lutavam em defesa dos seus territórios, principalmente no centro-leste do Paraguai, noroeste da Argentina, sul do Brasil e norte do Uruguai.
Sepé morreu durante embates com o Exército da Espanha e se tornou um símbolo de resistência, luta e defesa do território indígena.
O coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, declarou que a resistência dos povos indígenas é constituída pela sua própria existência, que enfrentam diversos desafios.
“Nós passamos e continuamos a passar momentos muito conturbados e difíceis em termos de violações de direitos humanos, violações praticadas pelos entes federativos, por ação ou omissão do governo”, declara Tuxá, que reforça: todos os direitos dos povos indígenas brasileiros foram adquiridos por meio de luta.
“Hoje é um dia para a sociedade não-indígena refletir e se conscientizar sobre a importância de nós povos indígenas na construção desse país, e de como até hoje continuamos a lutar todos os dias por respeito, pelos nossos direitos, pelos nossos territórios, pela nossa vida e de toda humanidade”, diz Marciely Tupari, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
No Twitter, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) comemorou a data e reforçou a necessidade de demarcação das terras indígenas no Brasil.
✊🏽 No Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (07/02), a Funai (@funaioficial) reconhece a força dos indígenas de lutar por seus direitos e reafirma o seu compromisso de trabalhar incessantemente para que a proteção desses povos seja uma prioridade.
📷 Mário Vilela/Funai pic.twitter.com/epONpwRpXp
— Funai (@funaioficial) February 7, 2023
“É importante ressaltarmos os avanços da luta dos povos indígenas em busca de seus direitos. Reflexo disso são o espaço conquistados recentemente nas esferas de governo. Essa luta é coletiva de todos os povos e líderes indígenas que já tiveram suas vidas ceifadas pela Covid-19“, destaca Avanilson Karajá, coordenador tesoureiro da Coiab.
Crise humanitária
No dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, as lideranças relembram a importância da proteção de seus territórios para impedir que garimpeiros e madeireiros invadam as suas terras.
Na terra indígena Yanomami, em Roraima, a população sofre com a presença de garimpeiros ilegais dentro do seu território, responsáveis pela extração de ouro sem autorização governamental e com o derramamento de mercúrio dentro dos rios e a contaminação do solo.
O governo federal decretou crise de saúde dentro do território Yanomami em decorrência do alto número de casos de desnutrição grave e malária, entre jovens e crianças.