Lula evita comentar caso Bolsonaro, mas ministros centram fogo no ex-presidente

Operação contra Bolsonaro por suspeita de forjar vacinação animou aliados de Lula, mas governo evitou envolvimento institucional

atualizado 03/05/2023 16:52

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O presidente Lula no Palácio do Planalto Vinícius Schmidt/Metrópoles

A operação da Polícia Federal que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e auxiliares próximos dele provocou euforia no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de tirar o foco da derrota do governo na tentativa de aprovar o PL das Fake News, a investigação sobre cartões de vacinação contra a Covid-19 forjados tem o potencial de desgastar o grupo político que é o principal adversário dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto.

Apesar da empolgação, Lula e seus ministros mais próximos decidiram logo cedo, na quarta-feira (3/5), não envolver o governo institucionalmente na história e evitar engajar Bolsonaro. Lula, por exemplo, não tocou no assunto nas redes sociais e, apesar de ter tido duas chances de discursar em eventos ao longo da quarta-feira ou de atender a jornalistas que certamente perguntariam sobre o caso, se manteve calado.

A provocação em cima de Bolsonaro apareceu de forma cifrada em postagem da primeira-dama, Janja Lula da Silva, que mostrou empolgação acima do normal ao saudar seus seguidores na manhã de ontem:

Já o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) atendeu a imprensa para falar sobre as potencialidades econômicas da biodiversidade amazônica e foi perguntado sobre o tema, mas, fiel a seu estilo, evitou declarações polêmicas. Veja:

A crise envolvendo Bolsonaro, porém, não passou totalmente em branco no círculo palaciano e, sem usar a estrutura do governo, ministros próximos a Lula partiram para cima do ex-presidente.

Responsável pela articulação política do governo, o ministro Alexandre Padilha foi o primeiro a se manifestar, ainda na manhã de quarta: “Crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Essas são as ações que a Polícia Federal investiga do ex-presidente”, escreveu o ministro das Relações Institucionais em postagem nas redes sociais.

“Tudo isso aconteceu durante a pandemia, enquanto o Brasil enfrentava a maior crise sanitária da sua história. Qualquer ação criminosa que visa atacar o Plano Nacional de Imunização deve ser apurada e punida pela Justiça brasileira”, complementou Padilha.

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Agentes da PF na casa de Bolsonaro

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Polícia Federal, nesta quarta-feira, faz busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro após prisão de seu ex-ajudante Mauro Cid

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Advogado de Bolsonaro chega ao Solar de Brasília II para acompanhar a busca e apreensão na casa do ex-presidente

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Bolsonaro é investigado na Operação Venire, que investiga associação criminosa acusada de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19

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A PF também prendeu, nesta quarta-feira (3/5), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

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Normalmente mais incisivo em suas manifestações, o ministro Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação de Lula, esperou até a tarde de ontem para tocar no tema – e também o fez via redes sociais. “Bolsonaro precisava manter durante a pandemia o discurso, para sua base fanatizada, contra a vacina e a ciência. Mas, para ir para os EUA, eles precisavam do cartão de vacina do SUS. Foi aí que a quadrilha criminosa decidiu agir. Muita gente morreu por culpa destes bandidos”, escreveu o responsável pela comunicação do Planalto.

Dino x Dallagnol

Outro ministro de Lula que comentou as suspeitas envolvendo Bolsonaro foi o titular da pasta da Justiça, Flávio Dino, mas ele não o fez por iniciativa própria e sim por provocação. Em audiência na Câmara dos Deputados Dino respondeu a provocação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmando que “conspirar contra a saúde pública é uma corrupção gravíssima”.

Dallagnol criticou a condução da investigação da PF contra o ex-presidente da República: “Hoje vejo um estado investigando uma falsificação de carteira de vacinação. Não que não deva ser investigado, tudo deve ser investigado, mas a questão é a proporção e a gravidade dos fatos”, disse.

Dino respondeu: “Eu considero que o senhor deveria pensar em outras corrupções, e conspirar contra a saúde pública é uma corrupção gravíssima”. O ministro afirmou ainda que o governo federal segue “investigando escândalos graves” e criticou o posicionamento de Dallagnol sobre a investigação contra Bolsonaro.

“Eu fico muito triste de ver o senhor afirmando que uma investigação séria sobre uma questão sanitária não é prioridade. O senhor deveria rever isso. É muito grave o que o senhor acabou de afirmar. O senhor é uma pessoa conhecida. Imagino que pessoas que votaram no senhor perderam a vida, ou familiares dessas famílias perderam a vida”, concluiu o ministro da Justiça.

Próximos capítulos

Apesar da decisão de quarta-feira, de preservar Lula e o governo, a crise bolsonarista não deve ser assunto proibido no Planalto por tempo indeterminado. Os auxiliares do presidente querem esperar o desenrolar da história para avaliar como explorá-la politicamente sem “contaminar” a institucionalidade do governo.

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