A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou de pauta a análise de decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes que suspendeu inquérito policial de Alagoas, responsável por investigar supostos desvios de recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O julgamento virtual para referendar ou não a suspensão começaria nesta sexta-feira (11/8) com previsão de término em 21 de agosto. No entanto, no andamento da ação, aparece que a reclamação foi retirada de pauta.
O adiamento se deu três dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao STF que anule a investigação da Polícia Federal (PF) que investiga supostos crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro na compra de kits de robótica para municípios alagoanos.
A operação tem como suspeitos aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O pedido de anulação é assinado pela vice-procuradora-geral da república Lindôra Araújo e está sob segredo de justiça. Essa informação foi revelada pelo portal UOL.
Suspensão
Os ministros analisariam em plenário virtual a suspensão concedida por Gilmar Mendes, após pedido dos advogados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Os argumentos no pedido dos defensores de Lira foram de que a investigação aberta em 1ª instância tinham o deputado como alvo, mas houve uma tentativa de “burlar as regras de competência”, pois o parlamentar tem foro de prerrogativa.
Em julho, o juiz Roney Raimundo Leao Otilio, da 2ª Vara Federal da Justiça Federal de Alagoas, enviou ao STF o inquérito que investiga supostos crimes relacionados aos kits de robótica para municípios alagoanos.
O juiz informou à Suprema Corte de que a Polícia Federal (PF) apontou possível envolvimento de Lira na compra dos equipamentos de robótica. Por ser deputado federal, Lira tem foro privilegiado; por isso, a investigação foi encaminhada ao STF, responsável pelo julgamento de parlamentares.
Os equipamentos foram comprados pelo FNDE para atender 43 municípios alagoanos. Segundo as investigações, a empresa fornecedora dos kits chegou a cobrar de uma prefeitura R$ 14 mil por produto após comprá-lo por R$ 2,7 mil em São Paulo.
Lira indicou R$ 32,9 mi do orçamento secreto para kits de robótica
“Três documentos envolvendo os nomes das pessoas de Luciano Ferreira Cavalcante e Arthur César Pereira de Lira, tratando-se de: um recibo de lavagens de veículo; um termo de autorização de entrega de veículo; e um formulário de autorização de viagem outorgado por Arthur César Pereira de Lira em favor de Luciano Ferreira Cavalcante, a respeito de adolescente filho do primeiro”, destacou o juiz em sua decisão.
Luciano Cavalcante era assessor de Arthur Lira na Câmara e foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal no começo de junho.