Foto montada com indígenas da Amazônia vira propaganda do islã na Turquia

Foto de turco que doutrina indígenas em aldeia para turistas é usada como propaganda religiosa no exterior. "Índios correm para o islã"

atualizado 24/07/2023 13:24

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Reprodução/Facebook

Morador da cidade turística de Antalia, na Turquia, o autônomo Ali Akın costuma usar suas redes sociais para apoiar obras de divulgação do islamismo pelo mundo.

Há mais de quatro anos, em abril de 2019, ele publicou em sua página no Facebook uma foto (em destaque) de um homem turco de bigode, sentado com uma criança indígena brasileira no colo, ao lado de outros dois homens também indígenas brasileiros.

A legenda da imagem dizia o seguinte, na língua turca: “Os índios correm para o islã com suas roupas locais”.

O homem de bigode da foto é Abdulhakim Tokdemir, fundador da Associação Solidária Humanitária do Amazonas (Asham), organização que entre 2019 e 2023 levou dezenas de crianças e adolescentes indígenas da Amazônia para internatos religiosos islâmicos em Manaus, São Paulo e até para fora do país, na Turquia.

Essa situação foi revelada por reportagem do Metrópoles publicada em abril. Os indígenas levados por esse grupo são de diferentes etnias da região de São Gabriel da Cachoeira (AM), a cidade mais indígena do país, na fronteira da Colômbia com a Venezuela.

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Abdulhakim Tokdemir, turco e muçulmano, é o fundador e líder da Asham

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Adolescente indígena estudava o alcorão na Amazônia

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Indígena da etnia Desana lê o Alcorão em São Gabriel da Cachoeira (AM)

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Indígenas foram doutrinados e levados por grupo islâmico

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Celular de Osvaldo com foto de seu filho, Edney Cabral, 19, que foi levado para a Turquia, após período de internato na Asham

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O internato ilegal de Tokdemir, que funcionava em Manaus, foi fechado pelas autoridades brasileiras e, após a reportagem, os cinco indígenas que viviam na Turquia voltaram para o Brasil.

Foto montada

A foto de Abdulhakim Tokdemir ao lado de dois homens indígenas e com uma criança indígena no colo foi tirada na Aldeia Tuyuka, próximo a Manaus (AM).

Essa aldeia funciona como um ponto turístico, onde indígenas se vestem de forma tradicional e apresentam danças para visitantes que pagam pelo entretenimento.

“É apenas para a visitação. A gente estava mostrando como era antigamente, não é realidade. Digamos assim, a gente tira uma coisa do passado para mostrar aos turistas como a gente morava anos atrás. Ninguém anda do jeito que está na foto mais”, explicou ao Metrópoles um dos indígenas que aparece na fotografia, o controlador de hotel José de Arimatéia, de 33 anos. É o filho dele que está no colo de Tokdemir.

Arimatéia relatou que não fazia ideia de que fotos de sua família estavam sendo usadas para propagandear missões islâmicas turcas. Ele contou que Tokdemir chegou a oferecer seu internato para os indígenas da Aldeia Tuyuka, com a promessa de educação, mas ninguém teria aceitado a proposta.

O próprio Abdulhakim Tokdemir já disse para a reportagem, em março deste ano, que mostrou fotografias das suas ações humanitárias no Brasil para amigos e familiares turcos que se sensibilizaram com as imagens e patrocinaram suas atividades. O autônomo Ali Akın afirma também nas redes sociais que já custeou uma criança de outro país por um ano.

Foto colorido de Abdulhakim Tokdemir ao lado de indígenas no Amazonas - Metrópoles
Líder de grupo islâmico no Amazonas ao lado de indígenas da etnia Tuyuka

Propaganda religiosa

Uma outra foto que circula nas redes sociais é a de Abdulhakim Tokdemir em pé ao lado de três crianças indígenas vestidas com camisas e dois indígenas adultos com roupas tradicionais.

A legenda da imagem diz: “Na Amazônia, nossos alunos nativos americanos foram visitar seus pais com seus professores. Não estávamos brincando quando dissemos que difundiríamos o islã mesmo em tendas cabeludas. O serviço está além do pensamento!”.

Segundo Arimatéia, essa foto também foi tirada na aldeia turística e uma das pessoas na fotografia é seu primo.

Na época em que essas fotografias foram tiradas, Abdulhakim Tokdemir ainda tentava se aproximar de povos indígenas da Amazônia para levar crianças e adolescentes até seu internato.

Em 2019, ele conheceu um indígena da etnia Pira-Tapuya, que acabou trabalhando como uma espécie de atravessador e conseguiu alunos para o grupo islâmico.

A reportagem entrou em contato com Abdulhakim Tokdemir e não obteve resposta até a publicação desta matéria.

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