Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mostra que a cooperação militar entre Rússia e Venezuela chamou atenção dos servidores que cuidam da segurança nacional.
Em documento de 2017, a Abin se debruçou sobre os acordos e investimentos do país euroasiático na América Latina. Em quatro páginas, que ficaram em sigilo até janeiro de 2023, o relatório traça o panorama da relação dos dois países.
“Segundo a empresa de armamentos Rosorobonexport, o governo russo teria vendido um total de US$ 14,5 bilhões em material bélico para a América Latina de 2001 a 2013,. Entre 2000 e 2016, 80% do material bélico teria se destinado à Venezuela”, pondera a Abin. Em seguida, a agência expõe uma longa lista de armamentos que teriam sido comercializados com o país vizinho.
“Cabe ressaltar que o material vendido pela Rússia não é o que de mais moderno se encontra no arsenal de guerra russo, nem demonstra capacidade para alterar o equilíbrio de forças na América do Sul, de modo a gerar corrida armamentista na região”, afirma a Abin.
A agência de inteligência ainda cita os investimentos russos na Venezuela, que teria alcançado patamar entre US$ 11 bilhões e 14 bilhões, para a construção da fábrica de fuzis Kalashnikov, e realização de exercícios militares. Os russos, desde 2008, fizeram atividades de manobra no espaço aéreo da Venezuela.
Base militar
No mesmo documento, a Abin entende que, para além de centros de treinamento e manutenção de helicópteros já em funcionamento, a Rússia não instalará, no curto prazo, bases militares na Venezuela.
“Tal base teria como objetivo não apenas conter a tentativa de predomínio geopolítico dos EUA sobre a região setentrional da América do Sul, mas também proteger os interesses russos contra eventuais ameaças internas e externas na Venezuela”, diz o relatório.
A inteligência brasileira considera ainda que a instalação de uma base militar causaria desgaste com os Estados Unidos e outros países da América do Sul.
Por fim, a Abin conclui que “a despeito das intenções manifestadas por autoridades russas, atualmente o país não se encontra em condições de arcar com obrigações políticas, diplomáticas, econômicas e militares necessárias para implantação de base militar na Venezuela”.