Ditar tendência não é um verbo exclusivamente do mundo fashion. Hoje em dia, o olhar que anseia pelo novo está em todos os lugares. E o universo do design de interiores e da arquitetura não poderia deixar de acompanhar as novidades nem ditar suas regras.
“Quando falamos de boa arquitetura, que cumpre os princípios, sempre vai ser atual, seja uma obra barroca, gótica ou modernista, sempre vai ter qualidades. Só que arquitetura, tradicionalmente, representa a sociedade e é uma forma de comunicação, além de técnica, tem arte e representa momentos da sociedade”, explica o professor e arquiteto Matheus Mendes.
Na avaliação do profissional, as tendências, de algum modo, falam mais sobre o passado do que sobre o futuro. “Porque elas já começaram a acontecer e ganharam mais força agora, estão mais visíveis e populares”, explica. “A gente sempre vai ter algumas características que acabam por ganhar um pouco mais de foco em alguns momentos, seja por questões da sociedade, desejos e preocupações”, acrescenta.
Ao Metrópoles, o professor destacou algumas novidades que começaram a aparecer nos últimos anos, estão presentes em mostras e exibições e prometem conquistar o público. Confira!
Biofilia
A pandemia foi um fator determinante na chegada e na implementação desse conceito. “Acho que ela fez com que a gente valorizasse muito os espaços externos e também potencializou a entrada de elementos naturais nos ambientes internos, buscando esse convívio e relação com a natureza, essa integração tanto nos espaços de morar quanto nos de trabalhar”, explica Matheus.
Nova configuração do escritório
“A gente tem visto nas novas casas uma demanda maior por criar espaços de escritório separados dos quartos de dormir, mexendo na configuração da casa”, detalha o professor. Até então, eram ambientes adaptados ou próximos aos dormitórios. Agora, ganham protagonismo — outro efeito que a pandemia potencializou.
Neuroarquitetura
A neuroarquitetura é um campo que estuda como os seres humanos recebem estímulos dos espaços. “Leva-se em consideração como o ambiente é percebido de uma forma que nos faz bem ou não, pelas relações neurológicas”, explica. “Por exemplo, começaram a criar espaços que tenham melhor rapport, ou seja, levam em consideração a forma como o espaço se comunica com as pessoas. Também influenciou na escolha de cores, texturas, mobiliário, iluminação, como o espaço vai funcionar de forma integral para a pessoa que vai usar o espaço. A preocupação vai um pouco mais além da funcionalidade e da estética”, complementa.
Influência da moda
Tendência entre os usuários do TikTok, a tomatecore, cuja referência é a fruta conhecida mundialmente, virou moda e influenciou o jeito de vestir, maquiar e até decorar. “Percebemos uma influência muito grande, em especial nos interiores, de outras áreas, como a maquiagem, a estética, mas também a moda. Tenho reparado uma convergência com a aplicação de elementos que muitas vezes a gente enxergava mais na moda e que isso está chegando aos espaços, como combinações de cores, de padrões e de texturas”, argumenta.
Elementos ancestrais
Na mesma linha da tendência da biofilia, que prega a aproximação com a natureza, Matheus pontua a busca por elementos ancestrais, que estejam ligados às raízes genéticas dos indivíduos. “São elementos terrosos, naturais, formas orgânicas tanto em espaços quanto no mobiliário”, exemplifica. “Vemos também uma valorização da cultura local, um fortalecimento de regionalismos, de elementos que representam culturas e tradições tanto dentro das casas, quanto dos apartamentos e dos espaços de trabalho”.
Sustentabilidade
“É uma preocupação alta e cada vez mais crescente. Saber de onde vem os móveis, os materiais de construção, quem executa, como executa. São preocupações sociais, ambientais e econômicas”.
