Especialista destaca importância do empoderamento negro na infância

As crianças negras enfrentam desafios significativos apenas pela cor da pele. Por isso, é importante empoderá-las desde cedo

atualizado 11/10/2023 18:34

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Getty Images

Segundo o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que 68,6 milhões de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos de idade residam no país. Desses, mais de 31 milhões são negras, de acordo com as informações do UNICEF.

Em uma sociedade que tenta deslegitimar as pessoas negras, é importante reforçar as crianças negras sua origem, força e valor desde cedo. É na infância que elas descobrem o que é ser negro por meio da discriminação de alguns “amiguinhos”, disfarçada de piada ou brincadeira.

Além disso, a falta de representatividade, que permeia desde os desenhos até os espaços sociais, leva as crianças negras a internalizarem uma visão negativa de si mesmas, resultando em sentimentos de inferioridade. Em outras palavras, elas já iniciam a sua jornada com barreiras.

Foto colorida de um menina decepcionada - Metrópoles
O empoderamento de crianças negras ajuda a superar o complexo de inferioridade

E como reverter essa situação para promover o desenvolvimento saudável das crianças negras? De acordo com a ativista pela educação antirracista e autora do livro-caixinha Vamos Falar de Racismo, Alexandra Loras, é essencial realizar um extenso trabalho de conscientização.

“Negar ou acreditar que somos todos iguais, ignorando a questão racial, não fará com que as crianças nasçam ou continuem livres de preconceitos. Uma vez que a sociedade é capacitista, racista, heteronormativa, homofóbica, as crianças se tornam alvos para reproduzir esses conceitos”, diz a especialista, ao Metrópoles.

Alexandra é autora do livro-caixinha Vamos Falar de Racismo

Desafios da criança negra

As crianças negras enfrentam desafios significativos apenas pela cor da pele. Ao nascer, o risco de uma criança negra morrer antes do primeiro ano de vida é 25% maior que uma criança branca, segundo o UNICEF. Outro estudo indica que 64,78% das crianças e adolescentes que trabalham no Brasil, são negros.

Essas dificuldades são exacerbadas por outras questões, como a textura do cabelo. “Se escuta muito que o cabelo é ruim, que o cabelo é duro. Essas frases fazem as crianças quererem ter a mesma textura de cabelo das princesas. Infelizmente, as poucas princesas negras da Disney têm que alisar o cabelo”, explica Alexandra.

A maioria das princesas clássicas da Disney possuem cabelo liso

A ativista destaca a importância de mudar essa narrativa. “Para os pais e cuidadores que desejam criar um ambiente que promova o empoderamento negro, é essencial apresentar várias referências negras. Não basta apenas ter uma boneca negra e acreditar que isso resolve a questão da diversidade.”

Mídia e representatividade

A representatividade de crianças negras na mídia desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Quando as crianças veem personagens que se parecem com elas em filmes ou livros, não valida apenas suas identidades, mas também promove um senso de pertencimento e autoestima.

“Devemos buscar uma maior representatividade nos desenhos animados, nas novelas e nos livros didáticos. Essa narrativa é fundamental no audiovisual. Isso não é apenas um dever das pessoas negras, mas também das pessoas brancas, que precisam se conscientizar através do letramento racial”, elucida Alexandra.

Maju Coutinho virou referência para as crianças negras

Além disso, a representação positiva ajuda a desconstruir estereótipos prejudiciais, mostrando a diversidade dentro da comunidade negra. Ao ampliar a presença de crianças negras na mídia, é possível criar um ambiente onde todas as crianças se sintam valorizadas e inspiradas.

Papel dos pais e educadores

Questionada sobre a melhor estratégia dos pais e educadores para estimular a autoestima de crianças negras, Alexandra diz que não é necessário apenas o letramento racial para os educadores e pais. É importante, também, fazer com que o empoderamento infantil seja um grande aliado no combate ao problema social.

“Há muitas histórias positivas a serem compartilhadas sobre os negros, mas é fundamental realizar um trabalho de curadoria e pesquisa para promover efetivamente a diversidade. É essencial trabalhar essa prioridade, tendo a coragem de enfrentar essas questões com as crianças”, finaliza.

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