Tuberculose: entenda por que precisamos de nova vacina contra a doença

Há mais de cem anos, os programas de imunização usam a mesma vacina, a BCG. Autoridades pedem investimento em novas tecnologias

atualizado 06/04/2023 18:03

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ilustração de cientistas estudando e criando uma vacina - Metrópoles miakievy/GettyImages

A criação da vacina BCG (Bacille Calmette-Guérin), em 1921, é considerada até hoje um dos principais marcos da ciência. Ela foi a responsável por reduzir drasticamente os casos das duas formas mais graves da tuberculose em crianças pequenas. Mas, desde então, as pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção à doença ficaram estagnadas no tempo.

Há mais de um século, programas de imunização de todo o mundo utilizam a mesma vacina e autoridades internacionais chamam atenção ao fato de que a BCG não protege adequadamente todas as faixas etárias. No último ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou, pela primeira vez em mais de uma década, um aumento nas mortes pela doença.

“A única vacina contra a tuberculose desenvolvida até hoje, a BCG tem mais de 100 anos e não protege adequadamente adolescentes e adultos, que representam a maior parte da transmissão da doença”, chamou atenção o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa realizada em 24 de março.

Estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas sejam contaminadas pela bactéria todos os anos, principalmente em países de baixa renda. Em 2021, cerca de 1,6 milhão de pacientes morreram após a infecção. O risco é maior para os indivíduos com sistema imunológico comprometido, como as pessoas com diabetes, que fumam, vivem com o HIV ou em estado de desnutrição.

A tuberculose é uma doença bacteriana que atinge principalmente os pulmões, mas também pode afetar os ossos, rins e meninges – as membranas que envolvem o cérebro. Para esses casos, a BCG não se mostra tão eficiente.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, explica que o objetivo da BCG é reduzir o risco de tuberculose miliar e a meningite tuberculose, que ocorrem na infância, o que justifica a indicação para as crianças menores de 5 anos. Porém, a doença também pode se apresentar em outras formas. 

“A tuberculose é um problema grave de saúde pública. Felizmente temos a BCG, mas precisamos de uma vacina realmente capaz de reduzir ou eliminar a doença”, afirma a diretora da SBIm.

Estudos em andamento

Em entrevista recente à agência Reuters, o co-fundador da Microsoft e filantropo Bill Gates afirmou que a falta de financiamento pode atrasar os testes de uma vacina experimental contra a tuberculose em fase final. Estima-se que os testes custarão entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões, cerca de R$ 4 bilhões.

“O fracasso em financiar esses imunizantes, que impedem o avanço a toda velocidade dos testes de vacinas, é um grande erro”, afirmou Gates na segunda-feira (3/4).

A fundação Bill e Melinda Gates, uma das maiores financiadoras de estudos contra a tuberculose, apoia o desenvolvimento da M72/AS01. Originalmente desenvolvida pela GSK e pela organização sem fins lucrativos Aeras, o projeto está sendo liderado pelo Instituto de Pesquisa Médica Bill e Melinda Gates.

O empresário informou que o plano para os testes de fase 3 do imunizante serão anunciados ainda este ano, mas pediu que os governos e outros filantropos se prontifiquem a ajudar a financiar os testes. “Embora sejamos um grande financiador, também precisamos de parceiros”, disse Gates.

Investimento

A OMS propôs estabelecer um Conselho de Aceleração de Vacinas contra a tuberculose para facilitar o desenvolvimento, licenciamento e uso de novas vacinas contra a doença.

Líderes mundiais se reunirão em setembro em Nova York, nos Estados Unidos, para a segunda reunião de alto nível na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) sobre tuberculose. O líder da OMS espera que o encontro seja um ponto de virada na luta contra a doença, com as autoridades assumindo compromissos reais e duradouros de investimento.

“Acabar com a tuberculose não é um trabalho apenas da OMS, dos governos ou dos sistemas de saúde. Isso exigirá ação e maior responsabilidade de todos os governos, agências, doadores, pesquisadores, setor privado e sociedade civil”, afirmou Ghebreyesus.

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