Transtorno bipolar: conheça sintomas e saiba como é o diagnóstico

O transtorno bipolar é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídio. O diagnóstico costuma ser difícil e pode demorar anos

atualizado 27/03/2023 19:56

Compartilhar notícia
imagem colorida de mulher com transtorno bipolar - Metrópoles Getty Images

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre as dez principais doenças incapacitantes em adultos jovens.

De acordo com a psiquiatra Danielle Admoni, a doença é caracterizada pela recorrência de episódios de distúrbios de humor que podem durar dias ou semanas e tornam o paciente anormalmente energizado tanto física quanto mentalmente – os quadros são chamados de mania ou hipomania, e também envolvem a depressão.

A causa exata do transtorno bipolar ainda é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina.

As manifestações clínicas geralmente aparecem no final da adolescência e início da fase adulta, e podem levar a grandes deficiências, redução da expectativa de vida e altas taxas de mortalidade.

Como detectar o transtorno?

O transtorno bipolar é dividido em dois grupos: tipo 1 e tipo 2. Cada um deles é determinado pelo padrão de sintomas que o paciente apresenta.

No tipo 1, há episódios de mania, em que o indivíduo tem um aumento da energia, euforia, alegria intensa e felicidade fora do normal. A pessoa também apresenta ideias de grandeza, superioridade ou elevada autoestima e autoconfiança excessiva, que pode atingir um grau fora da realidade. O paciente pode apresentar também irritabilidade e impulsividade de forma exacerbada.

“O pensamento fica acelerado, muitas ideias e projetos fluem simultaneamente ou em uma sequência tão rápida que fica difícil entender sobre qual assunto a pessoa está falando”, conta a psiquiatra.

Existe ainda a diminuição da necessidade de sono, comportamento sexual excessivo, descontrole nos gastos e atitudes sem a percepção de sua inadequação.

Já o tipo 2 abrange a hipomania, em que as características são similares às da mania, mas com sintomas mais brandos. O paciente pode apresentar depressão, tristeza profunda, perda de interesse por tudo, pensamentos negativos (ideias de ruína, culpa, inutilidade, baixa autoestima) que podem ser intensos a ponto de configurar um delírio.

O indivíduo tem modificações no sono e, enquanto algumas pessoas têm insônia, outras dormem mais do que o habitual. Em relação ao apetite, pode haver aumento no consumo de alimentos como forma de aliviar a ansiedade, mas a maioria dos pacientes fica sem fome. Há também diminuição da libido, perda do prazer, fadiga excessiva e desinteresse por tudo.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do transtorno bipolar costuma ser bastante difícil e pode demorar em média dez anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como a doença se manifesta (seja pela falta de conhecimento ou pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão), preconceito e autoestigmatização.

Além disso, os antecedentes do indivíduo também são fundamentais, já que episódios anteriores de depressão ou algum histórico familiar de transtornos do humor ou suicídio podem auxiliar no diagnóstico.

“A maioria dos pacientes não procura o psiquiatra na fase de hipomania, só quando entram em depressão. Se o diagnóstico não for exato, ou seja, se não houver uma investigação maior que aponte o transtorno bipolar, e sem estabilização do humor com o uso de medicações antidepressivas, o quadro pode piorar”, alerta Danielle.

12 imagens
1 de 12

Reconhecer as dificuldades e buscar ajuda especializada são as melhores maneiras de lidar com momentos nos quais a carga de estresse está alta

Getty Images
2 de 12

Mas como saber quando buscar ajuda? A qualidade da saúde mental é determinada pela forma como lidamos com os sentimentos

Getty Images
3 de 12

Pessoas mentalmente saudáveis são capazes de lidar de forma equilibrada com conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida. Porém, alguns sinais podem indicar quando a saúde mental não está boa

Getty Images
4 de 12

Insônia, depressão e estresse elevam risco de arritmia cardíaca pós-menopausa

Getty Images
5 de 12

Estresse: se a irritação é recorrente e nos leva a ter reações aumentadas frente a pequenos acontecimentos, o sinal vermelho deve ser acionado. Caso o estresse seja acompanhado de problemas para dormir, é hora de buscar ajuda

Getty Images
6 de 12

Além de fatores genéticos, a longevidade pode estar associada à quantidade de vezes que a pessoa ficou doente

Getty Images
7 de 12

Lapsos de memória: se a pessoa começa a perceber que a memória está falhando no dia a dia com coisas muito simples é provável que esteja passando por um episódio de esgotamento mental

Getty Images
8 de 12

Alteração no apetite: na alimentação, a pessoa que come muito mais do que deve usa a comida como válvula de escape para aliviar a ansiedade. Já outras, perdem completamente o apetite

Getty Images
9 de 12

Autoestima baixa: outro sinal de alerta é a sensação de incapacidade, impotência e fragilidade. Nesse caso, é comum a pessoa se sentir menos importante e achar que ninguém se importa com ela

Getty Images
10 de 12

Desleixo com a higiene: uma das características da depressão é a perda da vontade de cuidar de si mesmo. A pessoa costuma estar com a higiene corporal comprometida e perde a vaidade

Getty Images
11 de 12

Sentimento contínuo de tristeza: ao contrário da tristeza, a depressão é um fenômeno interno, que não precisa de um acontecimento. A pessoa fica apática e não sente vontade de fazer nada

Getty Images
12 de 12

Para receber diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, é muito importante consultar um psiquiatra ou psicólogo. Assim que você perceber que não se sente tão bem como antes, procure um profissional para ajudá-lo a encontrar as causas para o seu desconforto

Getty Images

Bipolaridade e suicídio

O transtorno bipolar, ao lado da depressão, é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídio. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, de 30% a 50% dos pacientes com o diagnóstico tentam o suicídio, sendo que cerca de 15% cometem o ato.

No quadro agudo de euforia, a pessoa tem a sensação de que pode tudo, inclusive se colocar em situações de risco, podendo levar ao ato suicida. Já na depressão, a intensidade da angústia, da perda de interesse pela vida e os pensamentos sempre negativos podem levar o paciente ao extremo do suicídio.

O tratamento para o transtorno depende da fase da doença. De acordo com a psiquiatra, os quadros maníacos/hipomaníacos são tratados com estabilizadores do humor. Já durante a fase depressiva, normalmente são usados antidepressivos associados com estabilizadores do humor por curto período de tempo, para evitar a ocorrência de um quadro maníaco/hipomaníaco.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar notícia
Tá bombando
Últimas notícias
  • JWPLAYER

    <div style=”position:relative;overflow:hidden;padding-bottom:56.25%”><iframe src=”https://cdn.jwplayer.com/players/yuagbah7-UoHZWlYw.html” width=”100%” height=”100%” frameborder=”0″ scrolling=”auto” title=”CBMDF combate queimada em mata próxima a Papuda.mp4″ style=”position:absolute;” allowfullscreen></iframe></div> Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram. Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente. Faça uma […]

  • JWPLAYER

    Aqui vai o embed: Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar
Sair da versão mobile