Onda de Covid na China pode impactar o mundo em 2023. Entenda

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam como o aumento de casos na China pode refletir na progressão da pandemia da Covid-19

atualizado 31/12/2022 18:30

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Imagem colorida: população chinesa usando máscara faz filas - Metrópoles VCG/VCG via Getty Images

O aumento do número de casos de Covid-19 na China, após o alívio da rígida política da Covid Zero adotada pelo governo nos últimos dois anos, acendeu um alerta na comunidade internacional. Autoridades temem que a alta circulação do coronavírus na Ásia leve a um novo surto global.

Embora exista um risco real do surgimento de novas variantes do vírus, especialistas ouvidos pelo Metrópoles não acreditam que elas possam nos levar a um cenário semelhante ao vivido no início da pandemia. Hoje, temos vacinas, terapias disponíveis e conhecimento sobre a doença.

“Mesmo com esse grande número de infecções na China, não acredito que haverá um aumento generalizado de mortes no mundo ou que vamos voltar à estaca zero”, avalia o professor do Instituto de Biologia da UnB, especialista em mutações de vírus, Bergmann Ribeiro.

O pesquisador Leonardo Bastos, do InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), concorda. “Após três anos de pandemia, estamos muito melhor preparados. Portanto, para início a gente não volta, mas temos que seguir acompanhando com cautela a evolução da Covid-19 não apenas na China, mas em todo o mundo”, afirma.

Bastos destaca como indicadores positivos o avanço nas taxas de cobertura vacinal e a grande quantidade de pessoas previamente infectadas, o que reduz as chances de evolução para quadros mais graves em caso de infecção ou reinfecção.

Monitoramento

Os dados mais recentes disponíveis no site Gisaid – banco online de sequenciamentos genéticos que reúne informações do mundo inteiro – mostram que a nova onda de Covid-19 na China é impulsionada por sublinhagens da variante Ômicron, com maior prevalência de casos associados às subvariantes BF.7, na região de Beijing e Fujian, e BA.5.2 em múltiplas cidades chinesas.

Representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades chinesas se reuniram na sexta-feira (30/12) para discutir a atual situação da pandemia e o aumento de casos no país.

A OMS voltou a pedir o compartilhamento regular de dados específicos e em tempo real sobre a situação epidemiológica. As informações incluem mais dados de sequenciamento genético de amostras de testes e sobre o impacto da doença, o que envolve número de hospitalizações, internações e mortes em unidades de terapia intensiva (UTI).

A entidade enfatizou a importância do monitoramento e da publicação de dados para ajudar o país e a comunidade global a formular avaliações de risco precisas e organizar respostas eficazes.

“Para fazer uma avaliação de risco abrangente sobre a situação da Covid-19 na China, a OMS precisa de informações mais detalhadas”, afirmou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo Twitter, na quinta-feira (29/12).

Restrições nas fronteiras

Com o aumento de casos de Covid-19 na China, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Itália anunciaram a exigência da apresentação de teste negativo para viajantes que vieram do país asiático a partir deste mês. Nos EUA, por exemplo, o comprovante será cobrado de todos os passageiros com 2 anos de idade ou mais.

O pesquisador da Fiocruz condena a medida. Em sua avaliação, ela não garante a contenção do vírus e contribui para um comportamento xenofóbico da população. Bastos lembra que a estratégia se mostrou ineficiente em ondas passadas, quando o coronavírus surgiu em Wuhan, na China, ou quando as variantes Gama, Delta e Ômicron foram identificadas, respectivamente, no Brasil, Índia e África do Sul.

“Políticas de contenção a viajantes apenas dos locais onde o vírus ou as variantes foram identificados não evitou a dispersão deles para todo o planeta. Ou seja, essa política de restrição a viajantes da China é preconceituosa e só fomenta a xenofobia. Se quiser adotar um sistema que exija teste negativo para os viajantes, que seja para todos, e não apenas para aqueles que vêm do país A ou B”, considera Bastos.

O especialista avalia que os países deveriam investir na vigilância epidemiologia e genômica. Segundo ele, é imprescindível reforçar a capacidade analítica de monitoramento de casos, hospitalizações e óbitos para compreender a dinâmica de um surto em andamento e agir rapidamente para reduzir danos.

“O enfrentamento de outras doenças infecciosas também pode se beneficiar disso. Ou seja, uma vez que seja identificado o início de uma epidemia, será possível adotar rapidamente medidas efetivas de enfrentamento como no caso da Covid-19”, pondera Bastos.

Além disso, a população deve se atentar ao uso de boas máscaras em locais fechados, aumentar a testagem e cumprir o isolamento. Os governos devem preparar o sistema de saúde para receber os casos graves, além de avaliar o cenário com cautela, avaliando a possibilidade de cancelar aulas ou eventos caso o cenário exija tais medidas.

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Segundo estudo divulgado em dezembro de 2021 pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, a máscara funciona como um escudo contra a Covid e ajuda a conter surtos de outros vírus que podem apresentar potencial epidêmico, como a H3N2
Segundo a revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), quando uma pessoa infectada utiliza máscara como a PFF2 e uma pessoa saudável que esteja próxima a ela também utilize uma PFF2, a chance de contágio seria de apenas 0,1%. No entanto, nem todas as máscaras de proteção apresentam a mesma eficácia
Segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que avaliaram 227 diferentes máscaras e cujo estudo foi publicado na revista Aerosol Science and Technology, a filtração da PFF2 (também conhecida como N95) impede a passagem de 98% de partículas de 60 a 300 nm. Por isso, a PFF2 é a máscara de proteção mais indicada
Ainda segundo o estudo, que analisou a capacidade dos acessórios de impedir que o vírus seja respirado ou expelido, as máscaras cirúrgicas ficaram em segundo lugar no quesito proteção. Isso porque elas apresentaram 89% de capacidade de filtragem
Um pouco mais resistente do que a máscara cirúrgica, a PFF1 é forrada com um filtro que repele os micro-organismos. Contudo, o custo-benefício do produto pode não ser tão interessante, já que ele é descartável e seu preço não é dos mais baratos
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Apesar da flexibilização das regras para uso de máscaras e da queda de casos de Covid registrados no Brasil, ainda não é hora de abrir mão dos cuidados para conter o vírus, principalmente com tantas variantes em circulação

Kilito Chan/ Getty Images
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Segundo estudo divulgado em dezembro de 2021 pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, a máscara funciona como um escudo contra a Covid e ajuda a conter surtos de outros vírus que podem apresentar potencial epidêmico, como a H3N2

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Segundo a revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), quando uma pessoa infectada utiliza máscara como a PFF2 e uma pessoa saudável que esteja próxima a ela também utilize uma PFF2, a chance de contágio seria de apenas 0,1%. No entanto, nem todas as máscaras de proteção apresentam a mesma eficácia

Boy_Anupong/ Getty Images
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Segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que avaliaram 227 diferentes máscaras e cujo estudo foi publicado na revista Aerosol Science and Technology, a filtração da PFF2 (também conhecida como N95) impede a passagem de 98% de partículas de 60 a 300 nm. Por isso, a PFF2 é a máscara de proteção mais indicada

Don MacKinnon/Getty Images
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Ainda segundo o estudo, que analisou a capacidade dos acessórios de impedir que o vírus seja respirado ou expelido, as máscaras cirúrgicas ficaram em segundo lugar no quesito proteção. Isso porque elas apresentaram 89% de capacidade de filtragem

Kilito Chan/ Getty Images
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Um pouco mais resistente do que a máscara cirúrgica, a PFF1 é forrada com um filtro que repele os micro-organismos. Contudo, o custo-benefício do produto pode não ser tão interessante, já que ele é descartável e seu preço não é dos mais baratos

Grace Cary/ Getty Images
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As famosas máscaras de algodão, no entanto, apresentaram a menor eficácia contra a retenção das partículas, cerca de 20% e 60%. Isso porque o tecido utilizado para a confecção da peça deixa mais espaço entre os fios e diminui a proteção contra o vírus

Ganlaya Tieghom / EyeEm/ Getty Images
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Contudo, ainda segundo os pesquisadores, apesar da eficácia que as máscaras apresentam, de nada servirá se não forem utilizadas corretamente. Ajustar a máscara ao rosto, evitando brechas no contato do acessório com nariz, queixo e bochechas e realizar trocas da peça durante o dia é essencial para garantir a proteção contra a Covid e qualquer outro vírus

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