Mordida ou arranhão de gato: o que fazer se sofrer um ataque?

Ataque de felinos pode transmitir a doença da arranhadura do gato e outras infecções perigosas para a saúde humana. Saiba se prevenir

atualizado 27/11/2023 12:38

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Getty Images

Gatos são geralmente animais dóceis, mas podem apresentar comportamentos agressivos e inesperados quando se sentem provocados ou incomodados. Muitas pessoas, porém, ao serem atacadas por estes animais não buscam atendimento médico, o que pode ser um risco para a saúde.

Segundo a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, em casos de ataques por gatos, seja por mordedura ou arranhão, a primeira medida a ser tomada é a completa higienização do local, lavando o ferimento com água e sabonete neutro.

Em seguida, é crucial tentar identificar se o animal está vacinado e se existe alguma suspeita de raiva – nem sempre isso é possível, porque esse ataque pode ter acontecido com um animal que vive na rua. Neste caso, ou nos casos das vacinas desatualizadas, a recomendação é buscar atendimento de emergência, onde a administração de profilaxia com antibióticos pode ser considerada.

“A boca de cães e de gatos possui muitas bactérias, mas uma delas em especial é mais preocupante: a Pasteurella multocida. Uma infecção causada por essa bactéria, se não for adequadamente tratada, pode evoluir com lesões infectadas graves, acometimento ósseo e, eventualmente, ser fatal. Por isso, é essencial que haja uma avaliação médica para orientar os cuidados com a ferida e avaliar a necessidade de prescrição ou não de antibióticos”, diz a infectologista.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apesar de a maioria das ocorrências de mordeduras ser causada por cães, acidentes com gatos, ratos e coelhos também aparecem na lista. Na maioria das vezes, a mordida de cachorro não costuma causar maiores complicações, mas, segundo a entidade, pelo menos 50% das feridas causadas pelos gatos (sejam mordidas ou arranhões) vão infectar e, por isso, precisam de tratamento adequado.

Foto colorida de um gato - Metrópoles
A metade das pessoas atacadas por gatos enfrenta complicações dos ferimentos

Um caso emblemático

Há pouco mais de quatro anos, a dona de casa Vanessa Godoi Romero, de 54 anos, foi mordida na mão por um gato que ela havia resgatado da rua após um atropelamento. Ela cuidava do animal em casa, mas ele se assustou com os cachorros no quintal e quando ela tentou separá-los, foi mordida.

“Eu deveria ter recebido antibiótico endovenoso e não oral. Não sei qual foi a bactéria responsável, mas a infecção foi muito grave. O meu dedo ficou muito inchado e rompeu o tendão. Demorei muito para conseguir atendimento com um especialista em mão por causa da pandemia. Fiz uma cirurgia, mas não recuperei totalmente o movimento do dedo”, lembra a dona de casa.

A doença da arranhadura do gato

Uma das principais doenças causadas pelo arranhão do gato é a bartonelose, uma infecção causada por bactérias do gênero Bartonella, conhecida como “doença da arranhadura do gato”.

Ela pode provocar desde uma pequena inflamação no local da ferida, inchaço nos gânglios e febre, até quadros graves que afetam os nervos e o coração. Em geral, os gatos jovens têm mais probabilidade de transmitir a infecção, e a doença se manifesta de forma mais intensa em pessoas com imunidade reduzida, como idosos ou crianças.

Bocas dos felinos contém bactérias que podem prejudicar a saúde humana

Outras doenças

A esporotricose é outra doença que pode acometer gatos e, eventualmente, contaminar os humanos. Também é conhecida popularmente como “doença do jardineiro”, pois ao cuidar de plantas e remexer a terra, a pessoa pode se contaminar.

Isso porque trata-se de um fungo que está presente no solo e no ambiente, que pode acometer a pele dos gatos. A transmissão se dá pelo contato de algum tipo de lesão de pele ou mucosa com o fungo, causando lesões que evoluem de forma progressiva. No caso dos humanos, é possível adquirir esporotricose pela mordedura, arranhadura ou contato da nossa pele lesada com o fungo que está presente na pele do gato.

“Esta é uma doença de difícil diagnóstico e é um problema de saúde pública. A boa notícia é que pode ser tratada com antifúngicos. No município de São Paulo, essa é uma doença de notificação compulsória, tanto quando ocorre nos gatos ou quando ocorre em humanos”, explica Emy Akiyama.

Como agir após o ataque?

Ao procurar atendimento, também haverá a checagem do status da vacinação antitetânica, já que os ferimentos causados por mordidas de animais também podem causar tétano (uma infecção aguda e grave). Se o esquema vacinal da pessoa estiver em dia, ela deve receber uma dose de reforço. Se a pessoa não souber a sua história vacinal, deverá receber as três doses da vacina.

Outra medida possível é a aplicação da vacina ou da imunoglobulina antirrábica, caso haja suspeita de o animal estar contaminado pelo vírus da raiva. A raiva, uma zoonose, apresenta um período de incubação do vírus que pode variar de dias a anos, sendo que, em média, leva cerca de 45 dias para que os sintomas se manifestem no corpo humano.

Como evitar as consequências graves?

Segundo dados da Vigilância de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo, os animais podem interpretar algumas atitudes simples como provocativas e seguir os seus instintos de defesa – e a reação natural é morder ou arranhar. Por isso, a orientação é nunca mexer em gatos não conhecidos, soltos na rua ou mesmo presos atrás de portões, pois faz parte do instinto do animal proteger o território onde está, seja dentro de casa, em um terreno ou solto na rua.

  • Se um gato se aproximar e não for possível evitá-lo, a recomendação é permanecer imóvel e proteger a cabeça, o rosto e o pescoço com mãos e braços;
  • Não olhe diretamente e, se possível, não grite nem corra;
  • Tente identificar o animal mordedor para localizar o dono do animal para saber onde ele vive e quais suas condições de saúde;
  • Se for um gato que tem dono, solicite ao tutor que observe o animal por 10 dias e acompanhe a sua evolução para ver se ele manifesta também algum sinal de doença.

Fonte: Agência Einstein

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