Mieloma múltiplo: “Descobri um câncer no sangue pela dor nas costas”

Roberto Tamashiro conviveu com dores nas costas crônicas durante três anos antes de receber o diagnóstico de mieloma múltiplo

atualizado 07/04/2023 18:36

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Idoso de carterísticas orientais e careca olha a câmera - Metrópoles Roberto Tamashiro/Acervo pessoal

Roberto Tamashiro, 75, conviveu por anos com uma dor nas costas crescente. Respeitava os tratamentos, seguia as recomendações, mas só via pioras. “Até terapias alternativas eu tentei, mas nada fazia as dores pararem”, diz ele. Entre 2014 e 2015, os anos de pico de seu sofrimento físico, Roberto se agarrava à fé para continuar os tratamentos, já que nada fazia efeito.

A resposta do seu problema chegou como um milagre do acaso. Já tendo feito amigos entre a equipe médica, após internações constantes devido à dor, Tamashiro foi visitado por uma hematologista. A médica, especialista em doenças do sangue, foi quem levantou a hipótese durante uma conversa casual. No fim, aquele se revelou o diagnóstico do paciente: ele tinha mieloma múltiplo.

Doença rara, mas tratável

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta o sangue, assim como a leucemia, mas menos conhecido pela população. Quando descoberto, tem um tratamento baseado em quimio e radioterapias que atrasa o desenvolvimento da doença e diminui a intensidade dos sintomas. Porém, por ser uma doença rara, o diagnóstico ainda é complicado.

Não há dados sólidos de quantas pessoas convivem com o mieloma no Brasil, mas nos Estados Unidos 32 mil pessoas são diagnosticadas todos os anos. Cerca de 90% dos afetados pela doença ao redor do mundo têm mais de 50 anos de idade e a média etária dos pacientes é de 70 anos. Como é uma condição frequente em idosos e seu sintoma mais comum é a dor nas costas, a busca por auxílio médico costuma demorar.

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Roberto Tamashiro e sua esposa Yumi durante o tratamento para o mieloma múltiplo, em 2016
Festa da família Tamashiro para celebrar a remissão do patriarca, em 2018
Roberto Tamashiro celebra com os filhos e com a esposa Yumi o fato de não ter mais câncer detectável
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Roberto Tamashiro durante o tratamento para o mieloma múltiplo

Roberto Tamashiro/Acervo pessoal
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Roberto Tamashiro e sua esposa Yumi durante o tratamento para o mieloma múltiplo, em 2016

Roberto Tamashiro/Acervo pessoal
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Festa da família Tamashiro para celebrar a remissão do patriarca, em 2018

Roberto Tamashiro/Acervo pessoal
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Roberto Tamashiro celebra com os filhos e com a esposa Yumi o fato de não ter mais câncer detectável

Roberto Tamashiro/Acervo pessoal

O mieloma múltiplo só ganhou um protocolo de tratamento organizado pelo SUS em agosto de 2015, seis meses antes de Tamashiro receber seu diagnóstico. Após a visita surpresa da hematologista e da realização de exames específicos, se encontrou o mieloma. Quando isso ocorreu, ele já convivia não só com a dor nas costas, mas também com a fadiga e a indisposição constantes.

Pai de três filhos e avô de dois netos, o aposentado conseguiu um tratamento eficiente e rápido depois do diagnóstico. Hoje em dia, ele não apresenta mais células cancerígenas em seu sangue.

Ainda que o mieloma múltiplo não tenha cura definitiva, Roberto vive normalmente e sem sintomas da doença. “Nos momentos mais doloridos, mantive a vontade de viver só graças ao amor de minha família e de minha esposa, Yumi. Mas, com o tratamento, hoje levo uma vida normal e plena”, diz ele.

Tenho dores. O que fazer?

Segundo Ângelo Maiolino, coordenador de Hematologia do Américas Centro de Oncologia, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, pessoas que têm dores nas costas devem observar outros sintomas antes de marcar uma consulta hematológica. São especialmente relevantes a anemia e a urina espumosa, sinais de perda de proteína comum em doenças do sangue.

A maior parte das pessoas que tem dor nas costas terá um diagnóstico muito mais simples que o mieloma múltiplo. Devem ter atenção, porém, os que tem fatores de risco para o desenvolvimento da condição: idade avançada, obesidade e histórico familiar de doenças do sangue.

Como se dá o diagnóstico

Além da demora dos pacientes em buscar um hematologista, outro problema no diagnóstico é a dificuldade de detectar a doença em exames. “O mieloma muitas vezes não é identificado em exames simples de imagem, como raio-x ou densitometria óssea. Também não deixa rastros específicos em exames de sangue simples”, afirma Maiolino.

Para fechar o diagnóstico de mieloma múltiplo, a equipe médica precisa de tomografia ou ressonância, que mostram a destruição óssea. Também é necessária a realização de exames de sangue que apontem a presença na circulação de um anticorpo chamado proteína monoclonal.

O que é o mieloma

“O mieloma múltiplo é um tipo de câncer nos glóbulos brancos”, resume o hematologista. “Eles têm a função normal de produzir anticorpos, mas, quando atingidos pela doença, se replicam de forma errada e acabam liberando a proteína monoclonal”, explica.

A substância ataca os ossos, especialmente da coluna, do crânio e das costelas. Mais de 65% dos afetados pelo mieloma múltiplo têm lesões na coluna, segundo dados do Ministério da Saúde.

Embora seja uma doença grave, nem todos os pacientes com dores nas costas devem buscar consultas com o hematologista. “É normal que se vá a clínicos gerais, ortopedistas ou reumatologistas em casos de dores nas costas. O mieloma costuma estar associado à persistência e também à presença de outros sintomas”, orienta Maiolino.

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