Doença de Crohn fez jovem de 27 anos perder parte do intestino

Doença inflamatória causada pelo sistema imune atinge cerca de 70 mil brasileiros. Diagnóstico demora pois sintomas são inespecíficos

atualizado 22/12/2023 9:53

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Foto mostra jovem morena de cabelos cacheados sorrindo para a câmera. É Camila, paciente que teve a doença de Crohn Acervo pessoal

Camila dos Santos Cerqueira Passos, de 27 anos, foi diagnosticada com a doença de Crohn aos 13 anos. A condição leva o próprio corpo do paciente a atacar o intestino provocando inflamações.

“A doença faz com que o sistema imunológico produza anticorpos contra o organismo, especialmente o intestino”, explica a gastroenterologista Renata Froes, especialista em doenças inflamatórias intestinais, do Rio de Janeiro. Os principais sintomas da doença de Crohn são dor abdominal, diarreia, sangramento e perda de peso – como são inespecíficos, é comum que o diagnóstico demore.

Sem saber que tinha o problema, Camila e a família atribuíram as diarreias frequentes e as dores abdominais à alimentação. O alerta vermelho só foi acionado quando ela começou a evacuar com sangue.

“Minha família me levou para uma consulta com uma proctologista, que era casada com um coloproctologista. Juntos eles fecharam o diagnóstico e, aquela altura, meu quadro já era grave”, lembra.

Daí em diante, a vida dela foi uma batalha de gato e rato contra a doença. A condição não tem cura, é preciso controlar a dieta, evitar gatilhos, tratar os sintomas e diminuir a atividade do sistema imune. Camila tomava corticoides e imunossupressores, mas, com o tempo, eles deixavam de funcionar e as crises voltavam.

“Foram tantas crises inflamatórias que tive de ser internada diversas vezes, sendo as duas últimas as mais demoradas e mais decisivas para o tratamento. Em 2021, retiraram 10 centímetros do meu intestino, que estava colapsado. Passei por várias medicações até chegar a uma que se adaptasse ao meu corpo”, conta.

Tratamento novo no SUS

O medicamento que vem controlando a doença em Camila é o imunobiológico ustequinumabe. Ele inibe reações do sistema imune e também tem indicação para ser usado contra a psoríase. Para os cerca de 70 mil pacientes que convivem com manifestações graves da doença de Crohn, a medicação está prestes a se tornar mais acessível.

No último dia 14/12, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) aprovou a incorporação da medicação no SUS e a previsão é que ela esteja disponível para os pacientes em até 180 dias.

“Muitos pacientes já não respondem aos tratamentos disponíveis e ter essa opção no arsenal terapêutico vai ajudá-los daqui para frente”, esclarece a médica Renata Froes.

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Devido às inflamações causadas pela doença, Camila teve de retirar parte do intestino

Acervo pessoal
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Camila foi diagnosticada aos 13 anos, mas só encontrou um tratamento que estabilizou seu quadro de saúde em 2022

Acervo pessoal

A doença de Crohn

Além do intestino, a doença de Crohn pode atingir articulações, olhos e pele. “Existem alguns gatilhos que predispõem crises inflamatórias, especialmente estresse, alimentação desregrada e tabagismo”, explica a gastroenterologista.

Muitas vezes as pessoas demoram a ter acesso ao diagnóstico definitivo por acharem que se trata de uma doença mais simples. “Sintomas como dores abdominais, perda de peso, cansaço e diarreia tendem a ser minimizados em sua importância”, conclui Renata.

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