Dermatite atópica: mãe conta desafios de filha com a doença crônica

Maya Ramos foi diagnosticada com dermatite atópica aos 6 meses de idade. A menina de 6 anos aprendeu a lidar com os sintomas e preconceito

atualizado 05/01/2023 19:21

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Imagem colorida: menina sentada sorrindo e com tiara na cabeça - Metrópoles Fernanda Ramos Costa/ Imagem cedida ao Mrtrópoles

Com apenas seis meses de vida, a catarinense Maya Ramos Martins, hoje com 6 anos, desenvolveu manchinhas vermelhas pelo corpo. Eram os primeiros sintomas da dermatite atópica (DA), uma inflamação crônica da pele que causa sintomas incômodos, especialmente para um bebê e para os pais de primeira viagem que não sabiam como lidar com o problema.

“As pessoas falavam que ela tinha brotoejas, mas as pomadas não melhoraram os sintomas. Até que a levamos a uma dermatologista alergista que avaliou e deu o diagnóstico certo”, lembra a mãe de Maya, a produtora de eventos Fernanda Ramos Costa.

Fernanda conta que a falta de conhecimento sobre o assunto fez com que o diagnóstico tivesse um peso ainda maior. “Foi um baque. A Maya tinha bolinhas pelo corpo e ficava muito vermelha. Ela não tinha como coçar porque era muito pequenininha”, detalha. Fernanda criou um perfil no Instagram para informar outros pais que assim como ela e o marido, Diego Anthony Martins, sentiram-se perdidos com o diagnóstico dos filhos.

Dermatite atópica

A dermatite atópica é uma inflamação crônica da pele que causa sintomas incômodos como o ressecamento dela, coceira e feridas, especialmente nas áreas de dobra – joelhos, cotovelos e pescoço. Na fase aguda, as feridas podem criar uma secreção interna.

De acordo com a dermatologista Mayra Ianhez, a condição pode ter origem genética, ser causada por desregulação imunológica ou por fatores ambientais. A doença é mais comum em crianças, mas adultos e idosos também podem desenvolvê-la.

Os sintomas tendem a piorar nos dias de frio ou calor intensos ou em situações que contribuem para o ressecamento da pele, como banhos longos e com água quente, uso de sabonete e bucha que retiram a camada natural de oleosidade da pele, ou banhos de piscina, por exemplo.

“A Maya piora muito no verão. Os meus sogros têm piscina em casa e sabem que precisam evitar colocar cloro por causa dela”, conta Fernanda.

O quadro da menina é considerado de leve a moderado. Desde bebê ela acordava de duas a três vezes todas as noites pedindo para que os pais a coçassem. “A Maya se coçava muito à noite e acordava machucada. Eu precisei dormir abraçada com ela algumas noites para evitar que ela se ferisse”, diz.

O quadro piorou há dois anos, quando a menina foi diagnosticada com alergia alimentar que causa lesões vermelhas pelo corpo, especialmente nas partes íntimas. Fernanda conta que a filha passou a ir ao banheiro apenas uma vez ao dia porque sentia muito incômodo ao urinar.

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Mulheres podem ter e escolher acompanhante durante consultas e exames, inclusive ginecológicos, em estabelecimentos públicos e privados de saúde no Distrito Federal

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Os primeiros sintomas costumam surgir na infância, e a maioria dos pacientes é criança

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Além de enfrentar uma condição que é caracterizada por lesões na pele, o paciente ainda sofre preconceito

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Segundo levantamento do Datafolha, apesar de ser uma doença genética crônica, 47% dos entrevistados acreditam que a condição é causada por maus hábitos de higiene

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Nova linha de ônibus

Jacqueline Lisboa/Especial Metrópoles

Preconceito

Além dos sintomas desconfortáveis da dermatite atópica, a maioria dos pacientes enfrenta também o preconceito. Uma pesquisa de 2021 da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mostrou que 47% da população acredita que a condição é causada por maus hábitos de higiene; para 46%, os pacientes não podem ter contato com crianças.

Um terço dos entrevistados creem que as pessoas com manifestações visíveis da doença não deveriam sequer sair de casa para frequentar a escola ou o trabalho, e 33% acreditam que elas não poderiam usar o transporte público.

A dermatologista explica que todas essas opiniões são incorretas. “É uma doença muito estigmatizada, mas não é contagiosa. Na fase escolar, as crianças geralmente acabam sofrendo bullying por causa dela”, diz.

Para os olhares curiosos e perguntas sobre as manchinhas que tem pelo corpo, Maya tem a resposta na ponta da língua. “Ela explica que tem dermatite atópica, uma doença normal como qualquer outra e que não é contagiosa”, confirma a mãe. Segundo Fernanda, a maioria dos comentários não parte das crianças e sim dos adultos.

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Diego Anthony Martins, Maya Ramos Martins e Fernanda Ramos

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Mays frequentemente acorda com feridas por se coçar à noite

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A menina desenvolveu feridas por várias partes do corpo

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Mancha avermelhada na axila de Maya

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Tratamento

Até 60% dos casos têm remissão espontânea, ou seja, são curados naturalmente com o passar da idade. Os demais podem se agravar. Há três meses, o quadro de Maya teve uma melhora importante.

Ela passou a dormir a noite toda e o tratamento se limita ao uso de hidratante corporal seis vezes ao dia para manter a pele hidratada. Em algumas situações, a família recorre aos medicamentos anti-histamínicos para controlar a alergia. Maya também dá preferência às roupas 100% algodão e mais largas para evitar o atrito com a pele.

A dermatologista explica que a hidratação da pele é a principal forma de tratar a dermatite atópica. Crianças podem usar de 500 g a 1 kg de loção por mês para manter a pele adequadamente hidratada.

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