Covid: o que se sabe sobre a Arcturus, nova cepa circulando no Brasil

A Arcturus está presente em mais de 30 países. Autoridades de saúde chamam atenção para a importância da vacinação com dose de reforço

atualizado 02/05/2023 18:21

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Ilustração colorida de coronavírus Getty Images

O primeiro caso brasileiro de infecção pela variante Arcturus (XBB.1.16) do coronavírus foi confirmado nessa segunda-feira (1º/5) pela Prefeitura de São Paulo. A cepa é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma variante de interesse (VOI, na sigla em inglês) por ter características que conferem a ela maior vantagem de transmissão.

A nova linhagem já é relacionada a um pequeno aumento de casos de Covid-19 em alguns países, fazendo com que autoridades de saúde reforcem a importância da vacinação com a dose de reforço para atualizar a proteção contra o vírus.

“A vacinação continua sendo uma medida importante de proteção contra as formas graves da Covid-19, hospitalizações e mortes. Infelizmente, se as pessoas não se vacinam e aparecem novas variantes, elas ficam mais suscetíveis”, afirma a médica imunologista e alergista Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Como surgiu?

O primeiro caso de XBB.1.16 foi sequenciado em janeiro deste ano, na Índia. Desde então, ela chegou em ao menos 34 países, incluindo os Estados Unidos, Singapura, Austrália, Canadá, Brunei, Japão e Reino Unido. Nos EUA, aproximadamente 10% dos novos casos de Covid-19 sequenciados na última semana (396) foram positivos para a nova variante.

A Arcturus é uma linhagem derivada da Ômicron XBB, uma recombinante de duas linhagens descendentes BA.2. A XBB.1.16 tem um perfil genético semelhante à outra variante de interesse, a XBB.1.5, com mutações adicionais dos aminoácidos E180V e K478R na proteína spike, responsável por fazer a ligação com as células humanas.

“O coronavírus veio para ficar e está sempre em evolução. Outras variantes vão aparecer a todo momento”, afirma o professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Ribeiro.

O professor pondera que a variante está infectando as pessoas mais suscetíveis, que não se imunizaram com as doses de reforço. “Aquelas que tomaram vacina contra a Ômicron (bivalente) têm uma certa proteção”, afirma.

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Mesmo em países com alta taxa de imunização, o número de vacinados infectados pela Covid está crescendo. Apesar de o que possa parecer, isso não significa que os imunizantes não funcionam

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Ao contrário do que muitos pensam, a vacina, na verdade, não impede a contaminação, mas diminui as chances de casos mais graves que possam levar à morte. Por isso é importante continuar tomando as doses indicadas e manter os cuidados para prevenir a infecção

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Em outras palavras, o principal objetivo da vacina não é barrar a infecção, mas impedir que o coronavírus cause complicações graves, principalmente se tratando de grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos

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Vacinas como a da gripe, por exemplo, funcionam da mesma maneira há décadas. A proteção fornecida pelo imunizante atua contra formas mais severas da influenza e ajuda a diminuir a quantidade de casos que poderiam colapsar sistemas de saúde

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Segundo especialistas, a necessidade de reforçar as doses da vacina existe porque a imunidade contra o vírus não dura para sempre. Além do fato de o coronavírus apresentar grande potencial de mutação, muitas vacinas, como a da Covid, precisam ser reaplicadas de tempo em tempo para garantir a proteção necessária

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A variante Ômicron é mais transmissível e consegue “desviar” da imunidade cedida pela vacina. Sendo assim, mesmo que estejamos com todas as doses em dia, a chance de contrair o vírus estando exposto a aglomerações, sem seguir as devidas normas sanitárias, existe

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O atual aumento nos diagnósticos positivos podem ser explicados por aglomerações causadas nas festas de fim de ano, aniversários, feriados prolongados, etc.

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No entanto, é clara a desaceleração das mortes em todo o mundo, o que reforça a importância da vacinação, principalmente em um cenário de circulação da Ômicron

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É mais perigosa?

Até o momento, pesquisadores que estudam o coronavírus não encontraram características que indiquem que a Arcturus seja uma variante de preocupação, assim como é a Ômicron e foram a Alfa, Beta, Delta e Gama no passado.

A avaliação de risco global da OMS é baixa em comparação com a cepa anterior, a XBB.1.5, e outras sublinhagens atualmente em circulação. No entanto, acredita-se que ela pode se tornar dominante em alguns países e causar um aumento na incidência de casos devido à sua vantagem de crescimento e características de escape imunológico.

Na Índia e na Indonésia, houve um ligeiro aumento no número de leitos ocupados. No entanto, os níveis são muito mais baixos do que os vistos nas ondas decorrentes de variantes anteriores.

“Embora a vantagem de crescimento e as propriedades de escape imunológico sejam observadas em diferentes países e antecedentes imunológicos, nenhuma alteração na gravidade foi relatada em países onde o XBB.1.16 está circulando”, afirma a OMS em boletim epidemiológico publicado em 17 de abril.

Quais são os sintomas esperados?

Algumas pessoas infectadas relataram o aparecimento de sintomas semelhantes a uma conjuntivite, como coceira e sensação de viscosidade nos olhos. Os sinais podem vir acompanhados de febre alta, tosse e problemas respiratórios.

“Por ser o mesmo vírus, com apenas algumas mutações, a maioria dos sintomas serão parecidos e um ou outro novo pode aparecer”, esclarece a imunologista Ana Karolina.

A semelhança com sintomas de outras infecções virais respiratórias, como influenza, pode dificultar o diagnóstico clínico. Por isso, o isolamento e a realização de testes diagnósticos se fazem necessários para evitar a transmissão do vírus, segundo ela. “Apenas através dos sintomas é difícil saber se o paciente foi infectado pela Arcturus, por uma outra variante, ou por outro agente”, afirma.

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