CAR-T Cell: terapia contra o câncer é realizada pela 1ª vez no Brasil

A terapia é vista com esperança por médicos. Ela é indicada para os pacientes que não obtiveram sucesso com outros tratamentos contra câncer

atualizado 28/01/2023 12:58

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Imagem colorida: paciente em maca de hospital recebe infusão - Metrópoles Getty Images

Pela primeira vez no Brasil, um paciente recebeu o tratamento contra o câncer com as células CART-Cell fora de estudo cientifico. O procedimento foi feito em 9 de janeiro, no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro. O homem de 74 anos deve ter alta hospitalar em 6 de fevereiro, após um mês de observação.

O CART-Cell foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2022. Até então, estava disponível apenas para pesquisa acadêmica. Ele surgiu como uma esperança para os pacientes de alguns tipos de câncer, como linfomas, leucemia linfocítica aguda e mieloma múltiplo, que não obtiveram os resultados esperados em outras duas terapias anteriores.

“O CART-Cell representa uma possibilidade de cura para os pacientes que já tentaram pelo menos outras duas terapias sem resultados”, afirma a médica hematologista Luciana Conti, responsável pelo procedimento no Brasil.

O engenheiro civil Carlos Alberto Wagner, 74 anos, foi o primeiro brasileiro a passar pela terapia. O procedimento foi feito em um hospital particular, com todo o tratamento pago pelo plano de saúde. Ele é portador de linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B e já tinha passado por três diferentes tipos de tratamento – duas quimioterapias e uma radioterapia –, todos sem o resultado esperado.

“A gente tentou três tratamentos. Quando ele soube que a doença não tinha acabado, ficou um pouco revoltado”, conta a esposa de Wagner, Aldelúcia Porto Maciel Wagner.

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Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia
O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia
Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença
Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso
O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer, para cada ano do triénio 2020/2022 serão registrados cerca de 625 mil casos da doença no Brasil

Science Photo Library - STEVE GSCHMEISSNER, Getty Images
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Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia

miriam-doerr/istock
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O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia

SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images
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Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença

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Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso

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O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia

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No Brasil, o carcinoma epidermoide escamoso tem a maior incidência entre os canceres de estômago. Os tratamentos envolvem cirurgia ou radioterapia e quimioterapia

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O câncer de estômago é diagnosticado após a identificação de tumores malignos espalhados pelo órgão e que podem aparecer como úlceras. Relacionado à infecções causadas por Helicobacter Pylori, pela presença de úlceras e de gastrite crônica não cuidada, por exemplo, a doença pode causar vômito com sangue ou sangue nas fezes, dor na barriga frequente e azia constante

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O câncer de colo de útero tem como sintomas sangramento vaginal intermitente, dor abdominal relacionada a queixas intestinais ou urinárias e secreção vaginal anormal. O tratamento envolve quimio, radioterapia e cirurgia

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O câncer de boca é uma doença que envolve a presença de tumores malignos nos lábios, gengiva, céu da boca, língua, bochechas e ossos. É mais comum em homens com mais de 40 anos e tem como sintomas feridas na cavidade oral, manchas na língua e nódulos no pescoço, por exemplo. O tratamento envolve cirurgia, quimio e radioterapia

Pexels

CART-Cell

A terapia celular CART-Cell – sigla do inglês Chimeric Antigen Receptor T-Cell Therapy – é um procedimento capaz de combater cânceres hematológicos usando as células de defesa (linfócitos T) do próprio paciente, modificadas em laboratório e reinseridas por infusão.

“Ao serem geneticamente modificados, os linfócitos T tornam-se mais ativos contra tumores no sangue”, explica a médica hematologista.

As células de Carlos Alberto foram coletadas em 11 de novembro e enviadas para um laboratório em Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde foi realizada a modificação genética das células para potencializá-las. O material genético retornou ao Brasil em 27 de dezembro e o paciente foi internado uma semana depois para os preparativos da infusão.

O engenheiro passou por três sessões de quimioterapia para fazer uma imunossupressão do seu sistema de defesa e permitir que as células potencializadas conseguissem se replicar sem dificuldade, aumentando as chances de sucesso.

A médica explica que as células recebem uma espécie de “potência” em laboratório, com um alvo (o anti CD19) para atacar as células malignas no organismo. Isso faz com com que elas voltem a ser capazes de visualizar e destruir o câncer.

Após a modificação genética do linfócito T realizada em laboratório, o material é transformado em um medicamento injetável, aplicado em dose única no paciente por meio de infusão, assim como ocorre em transfusões de sangue.

Resultados animadores

Segundo Luciana, Carlos Alberto já passou da fase mais crítica após a infusão e poderá ter alta em breve. A expectativa é que isso ocorra em 6 de fevereiro, após completar 28 dias do procedimento.

“O paciente precisa ser acompanhado de perto por pelo menos 28 dias. É um momento bem crítico, pois como qualquer medicamento, há efeitos adversos. Um deles, o mais grave, é o que chamamos de síndrome de liberação de citocinas, que é como uma tempestade inflamatória. Portanto, todo cuidado é pouco nesta fase”, reforça a médica.

Aldelúcia conta que o marido reagiu muito bem ao procedimento e a família está esperançosa de que ele consiga finalmente chegar à cura. “É claro que precisamos caminhar mais nos próximos dias para entender melhor, mas estamos esperançosos”, conta.

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