Câncer de mama: 2/3 das brasileiras só fazem exames quando estimuladas

Pesquisa apresentada no 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) mostra que há muita desinformação sobre o câncer de mama

atualizado 27/09/2023 19:09

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Foto colorida de mulher de blusa rosa apalpando os seios em campanha contra o câncer de mama - Metrópoles SimpleImages/Getty Images

Duas em cada três brasileiras só fazem exames clínicos de rotina para detecção do câncer de mama ou autoexame quando são estimuladas por médicos ou campanhas de conscientização, segundo mostra a pesquisa Datafolha O Que as Mulheres Brasileiras Sabem Sobre o Câncer de Mama e o que Podemos Absorver em Prol da Equidade na Saúde?.

Ainda assim, os exames são mais comuns entre as mulheres das classes A e B, com idades entre 40 e 59 anos.

Os dados do estudo encomendado pela Gilead Oncologia e chancelado pelo Instituto Oncoguia foram apresentados nesta quarta-feira (27/9) no 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), realizado em São Paulo. O levantamento foi feito a partir de dados de 1.007 entrevistas realizadas entre novembro e dezembro de 2022 com mulheres de 25 a 65 anos.

Elas foram questionadas sobre o sistema de saúde que utilizam, quando realizaram a última consulta ginecológica, como avaliam a própria saúde e o seu grau de informação sobre o câncer de mama – incluindo os diferentes tipos da doença –, além de formas de tratamento.

Mais de metade das entrevistadas (56%) eram negras; 45% da classe C e 36% das classes D e E. As respostas expõem as diferenças de acesso a informações, consultas de rotina, exames diagnósticos e tratamentos por faixas de renda e escolaridade.

Pelo menos 6% das entrevistadas relataram ter dificuldade de acesso aos exames, como não conseguir marcar pelo Sistema Único de Saúde (3%), demora para conseguir (2%), preço elevado (1%) e não ter aparelho disponível na região onde mora (1%).

“Se a gente consegue tocar positivamente uma mulher para que ela faça a mamografia, o exame precisa estar disponível, ou vamos perder essa paciente”, afirma a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

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Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados cedo, apresentam bom prognóstico
Não há uma causa específica para a doença. Contudo, fatores ambientais, genéticos, hormonais e comportamentais podem aumentar o risco de desenvolvimento da enfermidade. Além disso, o risco aumenta com a idade, sendo comum em pessoas com mais de 50 anos
Apesar de haver chances reais de cura se diagnosticado precocemente, o câncer de mama é desafiador. Muitas vezes, leva a força, os cabelos, os seios, a autoestima e, em alguns casos, a vida. Segundo o Inca, a enfermidade é responsável pelo maior número de óbitos por câncer na população feminina brasileira
Os principais sinais da doença são o aparecimento de caroços ou nódulos endurecidos e geralmente indolores. Além desses, alteração na característica da pele ou do bico dos seios, saída espontânea de líquido de um dos mamilos, nódulos no pescoço ou na região das axilas e pele da mama vermelha ou parecida com casca de laranja são outros sintomas
O famoso autoexame é extremamente importante na identificação precoce da doença. No entanto, para fazê-lo corretamente é importante realizar a avaliação em três momentos diferentes: em frente ao espelho, em pé e deitada
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Câncer de mama é uma doença caracterizada pela multiplicação desordenada de células da mama causando tumor. Apesar de acometer, principalmente, mulheres, a enfermidade também pode ser diagnosticada em homens

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Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados cedo, apresentam bom prognóstico

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Não há uma causa específica para a doença. Contudo, fatores ambientais, genéticos, hormonais e comportamentais podem aumentar o risco de desenvolvimento da enfermidade. Além disso, o risco aumenta com a idade, sendo comum em pessoas com mais de 50 anos

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Apesar de haver chances reais de cura se diagnosticado precocemente, o câncer de mama é desafiador. Muitas vezes, leva a força, os cabelos, os seios, a autoestima e, em alguns casos, a vida. Segundo o Inca, a enfermidade é responsável pelo maior número de óbitos por câncer na população feminina brasileira

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Os principais sinais da doença são o aparecimento de caroços ou nódulos endurecidos e geralmente indolores. Além desses, alteração na característica da pele ou do bico dos seios, saída espontânea de líquido de um dos mamilos, nódulos no pescoço ou na região das axilas e pele da mama vermelha ou parecida com casca de laranja são outros sintomas

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O famoso autoexame é extremamente importante na identificação precoce da doença. No entanto, para fazê-lo corretamente é importante realizar a avaliação em três momentos diferentes: em frente ao espelho, em pé e deitada

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Faça o autoexame. Em frente ao espelho, tire toda a roupa e observe os seios com os braços caídos. Em seguida, levante os braços e verifique as mamas. Por fim, coloque as mãos apoiadas na bacia, fazendo pressão para observar se existe alguma alteração na superfície dos seios

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A palpação de pé deve ser feita durante o banho com o corpo molhado e as mãos ensaboadas. Para isso, levante o braço esquerdo, colocando a mão atrás da cabeça. Em seguida, apalpe cuidadosamente a mama esquerda com a mão direita. Repita os passos no seio direito

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A palpação deve ser feita com os dedos da mão juntos e esticados, em movimentos circulares em toda a mama e de cima para baixo. Depois da palpação, deve-se também pressionar os mamilos suavemente para observar se existe a saída de qualquer líquido

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Por fim, deitada, coloque a mão esquerda na nuca. Em seguida, com a mão direita, apalpe o seio esquerdo verificando toda a região. Esses passos devem ser repetidos no seio direito para terminar a avaliação das duas mamas

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Mulheres após os 20 anos que tenham casos de câncer na família ou com mais de 40 anos sem casos de câncer na família devem realizar o autoexame da mama para prevenir e diagnosticar precocemente a doença

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O autoexame também pode ser feito por homens, que apesar da atipicidade, podem sofrer com esse tipo de câncer, apresentando sintomas semelhantes

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De acordo com especialistas, diante da suspeita da doença, é importante procurar um médico para dar início a exames oficiais, como a mamografia e análises laboratoriais, capazes de apontar a presença da enfermidade

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É importante saber que a presença de pequenos nódulos na mama não indica, necessariamente, que um câncer está se desenvolvendo. No entanto, se esse nódulo for aumentando ao longo do tempo ou se causar outros sintomas, pode indicar malignidade e, por isso, deve ser investigado por um médico

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O tratamento do câncer de mama dependerá da extensão da doença e das características do tumor. Contudo, pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica

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Os resultados, porém, são melhores quando a doença é diagnosticada no início. No caso de ter se espalhado para outros órgãos (metástases), o tratamento buscará prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente

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Desinformação sobre o câncer de mama

Embora sete em cada dez mulheres afirmem se sentir bem informadas em relação ao câncer de mama, elas demonstram desconhecimento sobre os subtipos da doença, exames de diagnóstico e formas de tratamento.

Cerca de nove em cada 10 participantes não souberam indicar nenhum subtipo de câncer. Apenas 11% das entrevistadas tinham conhecimento sobre ao menos um deles.

A oncologista Ana Amélia Viana, da Hupes-UFBA e oncologia Rede D’Or Bahia, avalia que os números mostram a existência de um buraco muito grande na passagem da informação.

“A gente precisa trabalhar para entregar essa comunicação para quem precisa. Muitas vezes, a paciente acha que vai prevenir o câncer fazendo o exame diagnóstico, o que não é verdade”, conta a médica, que é membro do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Segundo Ana Amélia, é importante a população conhecer os diferentes tipos de câncer e os perfis com maior recorrência para poder se prevenir adequadamente.

“A mulher negra, por exemplo, precisa ter em mente que possui um risco maior de ter o câncer de mama do tipo triplo negativo, mais agressivo e que ocorre mais cedo. Ela deve estar informada de que precisa fazer mamografia mais cedo”, explica.

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