Álcool pode diminuir risco de demência e doenças cardíacas, dizem estudos

Levantamentos recentes mostram que, em consumo moderado, uma taça de vinho ou duas latas de cerveja podem fazer bem à saúde

atualizado 07/02/2023 14:28

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Copo de cerveja e taça de vinho Getty Images

Além de ajudar a relaxar no final de um dia corrido, uma porção pequena de álcool pode acabar ajudando a saúde a longo prazo e diminuindo o risco de desenvolver demências, segundo um estudo coreano publicado nessa segunda (6/2) na revista JAMA Network Open. De acordo com a pesquisa, pessoas que tomam até duas latas de cerveja ou uma taça de vinho por dia têm menor risco de desenvolver demência.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da Coreia do Sul analisaram informações de quatro milhões de pessoas extraídas do banco de dados do Serviço Nacional de Saúde do país entre 2009 e 2011. Os participantes tinham, em média, 55 anos no começo do estudo e nenhum histórico de demência. Todos foram instruídos a responder um questionário sobre a frequência e quantidade de álcool consumido diariamente ao entrar na análise.

Em 2018, ao realizarem novos exames no Serviço Nacional de Saúde, os participantes foram questionados novamente sobre sua relação com o álcool e se tinham sido diagnosticados com demência.

As pessoas que participaram da pesquisa foram divididas em quatro grupos: sóbrios, consumidores leves (que tomam cerca de um drinque por dia), moderados (até dois drinques diariamente) e usuários pesados (mais de dois drinques por dia).

Os resultados mostraram que aqueles acostumados a beber uma lata de cerveja ou uma taça de vinho por dia tinham um risco 21% menor de desenvolver demência em comparação com os abstêmios. Já quem tomava dois drinques por dia tinha um risco 17% menor de ter a doença. Porém, o excesso faz mal: os que consumiram maiores quantidades diárias de álcool tinham um risco 8% maior de desenvolver a condição.

De acordo com os pesquisadores, em pouca quantidade, o álcool pode proteger contra a demência, já que reduz a inflamação no cérebro e a espessura do sangue, facilitando a circulação sanguínea e oxigenação do corpo.

No entanto, apesar de os resultados serem interessantes, o estudo não conseguiu provar com exatidão se o álcool era mesmo o responsável por reduzir o risco de demência — outros fatores, como dieta ou genética, também podem influenciar o diagnóstico. Outra limitação do levantamento é que a pesquisa se baseou nos relatos dos participantes sobre a ingestão da bebida, que nem sempre são honestos.

De acordo com os cientistas, a relação entre álcool e a demência ainda precisa ser aprofundada e, por isso, não se deve consumir bebidas alcoólicas para prevenir a doença.

Vinho tinto e o intestino

Há anos, a ciência tenta entender os benefícios do vinho tinto para a saúde. A bebida, muito tradicional em algumas culturas, é normalmente associada a benefícios na circulação e no coração, mas poucos estudos investigaram exatamente como o álcool pode ajudar o organismo humano.

Porém, uma pesquisa publicada em outubro de 2022 na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition e divulgada pela Fapesp nessa terça (7/2), começou a tentar explicar o fenômeno. Cientistas brasileiros, americanos e austríacos descobriram que o consumo moderado de vinho ajuda a remodelar a microbiota intestinal em pacientes com doença arterial coronariana.

O estudo envolveu 42 brasileiros com doença arterial coronariana, todos homens, com idade média de 60 anos. Antes do início do estudo, os participantes deixaram de consumir uma série de alimentos que influenciam na saúde do intestino, como fermentados, probióticos e derivados do leite.

Durante três semanas, todos consumiram 250 ml de um vinho tinto produzido especialmente para o estudo, com 12,75% de concentração alcoólica. Depois, se abstiveram de álcool pelo mesmo período.

Os cientistas analisaram a microbiota intestinal dos participantes nos dois momentos com uma tecnologia que permite a identificação genética de espécies de bactérias. Eles perceberam que a microbiota intestinal dos voluntários sofreu uma mudança significativa depois do período em que os pacientes tomaram vinho todos os dias.

Além do aumento na quantidade de microrganismos fundamentais para a homeostase e o funcionamento correto do organismo, foi detectada uma mudança que diminuiu o estresse oxidativo do organismo, alteração frequentemente relacionada a doenças como a aterosclerose (endurecimento das artérias).

“Mostramos que uma intervenção habitual, usada por várias populações, como as da Espanha, França, Itália, de Portugal e do sul do Brasil, pode interferir na flora intestinal e na metabolômica plasmática, explicando em parte os efeitos benéficos do vinho observados em estudos ao longo dos anos. No entanto, alertamos que o consumo excessivo de álcool, isto é, maior do que 30 gramas (no caso do vinho, 250 ml) por dia, é maléfico e está associado a aumentos na mortalidade por cânceres, acidentes e mortes violentas”, explica o pesquisador Protásio Lemos da Luz, professor do Instituto do Coração da USP e um dos autores do estudo, em entrevista à Agência Fapesp.

Ele sugere que o período de três semanas é curto para que as mudanças sejam estabelecidas a longo prazo, mas que outros estudos são necessários para entender melhor os efeitos do vinho na saúde.

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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista
Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce
Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano
Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença
Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns
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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas

PM Images/ Getty Images
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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista

Andrew Brookes/ Getty Images
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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce

Westend61/ Getty Images
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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano

urbazon/ Getty Images
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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença

OsakaWayne Studios/ Getty Images
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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns

Kobus Louw/ Getty Images
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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença

Rossella De Berti/ Getty Images
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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida

Towfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images

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