São Paulo — A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar a suspeita de maus-tratos contra animais no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.
A prefeitura afirmou, na manhã desta terça-feira (11/7), que vai abrir uma sindicância para apurar a conduta de uma veterinária que teria sacrificado um cão sem necessidade, de acordo com laudo pericial obtido pelo Metrópoles.
Protetores da causa animal alertam há pelo menos seis anos o governo municipal sobre os supostos maus-tratos atribuídos à médica veterinária de Embu-Guaçu.
Em 2017, a mesma veterinária teria afirmado que um cachorro doente que havia sido resgatado em um ponto de ônibus “não apresentava nenhuma intercorrência clínica”, sugerindo que ele fosse solto na rua.
O cachorro, segundo uma protetora que o resgatou, estava nitidamente debilitado, com a doença do carrapato, como foi constatado em consulta com outro veterinário.
Em outro caso, a veterinária teria castrado um cachorro macho e, logo após o procedimento, abandonado o animal na rua. O cão teve uma grande infecção e precisou ser tratado por outro profissional.
A veterinária ainda teria se negado a realizar eutanásia em um cachorro ferido gravemente na cara por uma machadada. O procedimento foi feito por uma clinica particular, que cobrou pelo serviço, pago por protetores.
Foram notificados, por escrito e com fotos, ao menos oito casos de maus-tratos com o suposto envolvimento da veterinária até o momento. Procurada pelo Metrópoles, ela não quis se manifestar a respeito.
Sacrifício desnecessário
Em março deste ano, a veterinária teria sacrificado Bob, um cão sem raça que estava com uma pequena bicheira na base da calda (assista abaixo).
Segundo a Lei 14.228, de 2021, somente casos de doenças graves, ou enfermidades infectocontagiosas incuráveis – colocando em risco a saúde humana e de outros animais – autorizam a eutanásia de cães e gatos de rua por órgãos de zoonose, canis públicos e estabelecimentos similares.
“O animal estava sadio, tinha uma bicheira pequena. Eu quero respostas. Não aceito o que a Camila faz. Se ela não gosta de bicho, problema dela, ela que escolha outra profissão, vá fazer o que quiser, mas não matar bicho. A função dela, como veterinária, é cuidar de animal de rua, que está doente e ela nunca fez isso”, afirmou a protetora Verônica Silva.
A ativista pagou do próprio bolso uma perícia para provar que o sacrifício de Bob não era necessário. Segundo relatório de necrópsia, Bob morreu de colapso cardiorrespiratório, por ser submetido “à eutanásia química.” Na avaliação, o estado de saúde do cachorro, antes da eutanásia, foi considerado saudável.
Investigação e sindicância
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, as denúncias de maus-tratos no CCZ da região metropolitana são investigadas pela Delegacia de Investigações sobre Infrações Contra o Meio Ambiente de Taboão da Serra, que já instaurou um inquérito sobre o caso.
“O responsável pelo Centro de Zoonoses de Embu-Guaçu, prestará depoimento à autoridade policial que segue realizando demais diligências para o esclarecimento dos fatos”, diz trecho de nota, encaminhada nesta segunda-feira ao Metrópoles.
A Prefeitura de Embu-Guaçu afirmou, também em nota, que realiza apuração para a abertura de um processo de sindicância sobre o caso.
“Foram juntadas todas notificações sobre a profissional e encaminhadas para a abertura de sindicância.”
Questionado sobre o número de denúncias de maus-tratos no CCZ, o governo municipal não se manifestou.