São Paulo – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversaram ao telefone nessa quinta-feira (27/4), após o mal-estar provocado pela divulgação de que supostas negociações entre o governo paulista e a Antonov, empresa estatal ucraniana de aviação, teriam sido interrompidas por causa de declarações feitas por Lula.
Segundo reportagem da CNN Brasil, a gigante da aviação teria desistido de investir 50 bilhões de dólares no país após Lula dizer que Rússia e Ucrânia “não querem parar” a guerra. A declaração responsabilizando também os ucranianos pelo conflito foi dada em viagem aos Emirados Árabes Unidos, há duas semanas.
A informação sobre a suposta desistência do megainvestimento ucraniano teria partido do governo Tarcísio, por meio do secretário de Relações Internacionais, Lucas Ferraz. Segundo a CNN, ele discutiu o tema com emissários da estatal ucraniana, representados por um advogado e uma empresa de consultoria.
A Antonov, contudo, divulgou uma nota afirmando que “a reportagem na imprensa brasileira não é o posicionamento oficial da empresa”. A estatal informou que “não tem um representante autorizado no Brasil e não concedeu a nenhuma pessoa, incluindo escritórios de advocacia, qualquer autoridade para representar os interesses da empresa”.
O governo federal disse, também em nota, que a informação sobre a desistência do negócio por causa da fala de Lula era falsa e que o suposto investimento corresponderia a um quarto do PIB da Ucrânia, estimado em 200 bilhões de dólares pelo Banco Mundial.
Conversa amistosa
A conversa entre Lula e Tarcísio, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Metrópoles, ocorreu de forma amistosa na noite de quinta-feira e serviu para apaziguar os ânimos.
Integrantes do governo paulista, de forma reservada, têm criticado o secretário de Relações Internacionais, Lucas Ferraz, pela confusão e pelo mal-estar causados com o governo federal.
Alguns acreditam que os representantes ouvidos pela secretaria não são da Antonov e que Ferraz teria sido vítima de um golpe. Procurada, a Secretaria de Relações Internacionais não se posicionou sobre o caso.
PT aciona MP por “fake news”
O deputado estadual Paulo Fiorilo, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), encaminhou na tarde desta sexta-feira (28/4) uma representação ao Ministério Público contra Ferraz, por suposta disseminação de notícias falsas.
No documento, o PT pediu ao MP que investigue se houve uso do aparato de publicidade do governo paulista para produção e divulgação das notícias falsas.
“Causa perplexidade o modo de produção e divulgação de notícia sem nenhum lastro de veracidade. Como uma empresa da Ucrânia, país que está em guerra há mais de um ano e depende de ajuda internacional, que teve queda de 29,1% do PIB, poderia prever investimentos que corresponderiam a 25% do seu PIB?”, diz trecho da representação.
