SP: 48% dos alunos já sofreram violência na escola, diz pesquisa

O bullying é a forma de violência mais comum entre os alunos das escolas da rede estadual de ensino, de acordo com levantamento da Apeoesp

atualizado 29/03/2023 9:00

Compartilhar notícia
Reprodução

São Paulo – Quase metade dos alunos da rede estadual de ensino de São Paulo afirma que já sofreu algum tipo de violência na escola. Os dados constam de pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Entre os professores, 19% dizem já ter sofrido violência na escola. Entre os alunos, o índice é de 48%.

A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (29/3), dois dias após o ataque na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste da capital paulista. Um aluno de 13 anos matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e esfaqueou outras quatro pessoas.

Pesquisa sobre violência nas escolas

 

De acordo com o levantamento, o bullying é a principal forma de violência nos colégios: 33% dos alunos dizem que já foram vítimas. Na periferia, o percentual é ainda maior, 39%. Agressão verbal vem em segundo lugar, tendo atingido 24% dos alunos; 14% dizem já ter sofrido discriminação; e 12%, agressão física.

Pelo menos 7% dos estudantes já foram furtados nos colégios da rede estadual; 5% já sofreram assédio moral; 2%, violência sexual; e 2% já foram assaltados dentro da escola.

O tipo de violência mais comum contra os professores é a agressão verbal, que já atingiu 12% dos profissionais.

Pesquisa sobre violência nas escolas

 

Quase 100% deles concordam que Governo de São Paulo deveria oferecer mais condições de segurança nas escolas. A pesquisa afirma que cerca de 43% dos alunos, professores e pais entrevistados acreditam que as escolas adota projetos de acompanhamento da saúde mental.

Ataque a escola

Na segunda (27), um estudante de 13 anos entrou na escola portando uma faca e com o rosto coberto por uma máscara de caveira semelhante à utilizada pelos assassinos no Massacre de Suzano, ocorrido em 2019 na cidade da Grande São Paulo.

Elisabeth estava em frente à mesa onde lecionava, conferindo o celular, quando o aluno de 13 anos a surpreendeu, e a golpeou ao menos 10 vezes pelas costas.

Segundo pais de estudantes, a professora teria apartado na semana passada uma briga entre o adolescente que a matou e outro estudante, e por isso se tornou alvo do agressor.

O aluno agressor foi apreendido, prestou depoimento e ficará internado na Fundação Casa.

14 imagens
Ela levou três facadas e 30 pontos para fechá-las
Rita Reis, professora de história, atingida pelo agressor em escola de SP
Aluno de 13 anos que matou professora esfaqueada em SP deixa delegacia
1 de 14

Professora Rita mostra ferimentos

Vinícius Passarelli/Metrópoles
2 de 14

Ela levou três facadas e 30 pontos para fechá-las

Vinícius Passarelli/Metrópoles
3 de 14

Rita Reis, professora de história, atingida pelo agressor em escola de SP

Fábio Vieira/Metrópoles
4 de 14

Aluno de 13 anos que matou professora esfaqueada em SP deixa delegacia

Fabio Vieira/Metrópoles
5 de 14

Fábio Vieira/Metrópoles
6 de 14

Fábio Vieira/Metrópoles
7 de 14

Cartaz com homenagem à professora morta em SP

Renan Porto/Metrópoles
8 de 14

Velório da professora Elisabeth, morta por um aluno em escola de SP

Fábio Vieira/Metrópoles
9 de 14

Professora imobiliza aluno após ataque a faca em escola de SP

Reprodução/Redes sociais
10 de 14

Aluno que matou professora sai da delegacia

Fábio Vieira/Metrópoles
11 de 14

Elisabeth Tenreiro, 71 anos, professora assassinada em escola de SP

Reprodução/Redes Sociais
12 de 14

Momento em que aluno ataca professora em SP

reprodução/Redes sociais
13 de 14

Objetos apreendidos com jovem que matou professora em escola estadual de São Paulo

Divulgação/Polícia Civil de SP
14 de 14

Aluno é apreendido pela PM

 

Rotina de brigas

Pais e alunos da escola alvo do ataque reclamaram que já haviam alertado o colégio e pedido para acionar a polícia por causa das brigas entre estudantes.

Duas alunas do 6º ano contaram ao Metrópoles que os embates eram constantes. Segundo elas, na semana passada o colégio teria registrado pelo menos cinco episódios de briga. Em um deles, uma aluna do 8º ano ameaçou cortar o cabelo de uma colega com uma tesoura, em razão de um desentendimento anterior.

Segundo elas, que não foram identificadas por serem menores, a menina ameaçou chamar as amigas para dar uma surra na adversária. “Aqui é sempre assim, se cria problema com um, cria problema com o bonde. Normalmente, eles levam para a diretoria e o assunto morre”, contaram.

Pais também afirmaram que já haviam pedido medidas à diretoria da escola. Maria das Graças, mãe de um aluno, disse em entrevista ao programa Encontro, que temia desde o ano passado que uma tragédia pudesse ocorrer por conta de “brigas pesadas”.

Ela disse que alertou a direção da escola diversas vezes. “Cada briga que tinha eu ligava para ver se a gente conseguia ajudar as crianças. Cheguei a ligar e pedir para que fosse colocado a polícia lá dentro, pelo menos três vezes por semana”, contou.

Maria José Fernandes, mãe de uma estudante de 13 anos da escola, disse que colégio poderia ter evitado o ataque.

Banalização

“Temos o hábito de achar que isso nunca vai acontecer no ambiente que estamos. Então, banalizamos os sinais de violência do nosso espaço diz Mário Frazão, professor orientador da pós-graduação em infância e direitos humanos da Universidade Federal de Goiás/Catalão (UFG).

De acordo com ele, o boletim de ocorrência feito pela escola antiga do estudante, onde ele já apresentava sinais violentos, parece não ter sido levado muito a sério.

“Vivemos um processo de banalização do mal que faz as pessoas não observarem a gravidade nos sinais que elas veem”, afirma o professor. “Ou por achar que o mal nunca vai acontecer conosco, ou por achar que esse mal não me diz respeito”, argumenta.

O professor destaca que o comportamento é resultado de uma série de vivências, experiências e crenças: “Então, quando a criança tem um comportamento violento, é a ponta do iceberg”.

“Existe um pensamento sobre educação que foi muito difundido e muitos ainda acreditam que a escola é um ambiente mágico, que quando você atravessa os muros da escola você está em outro lugar”, afirma Frazão.

Para ele, esse pensamento leva as pessoas a imaginarem que a escola está isenta dos problemas da sociedade: “Mas, na verdade, a escola vivencia todos os problemas da comunidade na qual ela está. Como se evita problemas de violência na escola? Evitando a violência na sociedade”.

A violência pode ser abordada com mecanismos didáticos e pedagógicos, como grupos de teatro e de pesquisa. Outra possibilidade é criar canais de escuta para os alunos. “Quanto mais a escola conversar sobre violência mais esses alunos vão saber o que é violência, o que gera a violência, as consequências da violência e vão saber evitar e dizer não para situações violentas. À medida que eles estão discutindo a violência eles se tornam pessoas mais pacificadoras, porque a violência ganha um novo significado”, afirma Frazão.

Compartilhar notícia
Tá bombando
Últimas notícias
  • JWPLAYER

    <div style=”position:relative;overflow:hidden;padding-bottom:56.25%”><iframe src=”https://cdn.jwplayer.com/players/yuagbah7-UoHZWlYw.html” width=”100%” height=”100%” frameborder=”0″ scrolling=”auto” title=”CBMDF combate queimada em mata próxima a Papuda.mp4″ style=”position:absolute;” allowfullscreen></iframe></div> Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram. Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente. Faça uma […]

  • JWPLAYER

    Aqui vai o embed: Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar