Remakes andam marcando presença na TV e no cinema, logo, não é de se estranhar que o teatro também tente experimentar sucessos do passado. No caso de “Wicked”, que volta aos palcos paulistanos nesta quinta-feira (9/3) no Teatro Santander, a memória de quem assistiu a primeira montagem ainda está fresca. A versão original da Broadway apresentada no Teatro Renault, na zona central de São Paulo, foi assistida por 340 mil pessoas em 2016.
O tempo, no entanto, não parece fazer muita diferença para os fãs das bruxas Glinda e Elphaba e de musicais, muito menos para os organizadores. “Vamos ter um novo recorde de bilheteria do teatro”, profetizou Marcelo Demetrius, diretor da casa de espetáculos, no almoço para assinatura do contrato de apresentação da nova versão do musical.
Tudo se encaminha para que a profecia se concretize. Antes mesmo de estrear, já foram vendidos 40 mil ingressos. O produtor Vinícius Munhoz, ao Metrópoles, arrisca uma explicação para o feito:
“É uma história universal que não tem tempo, nem local definido, sobre amizade e bullying, situações que todo mundo já viveu. Mas embaladas em um universo mágico. Esses três fatores são ingredientes perfeitos para o sucesso.”
Wicked conta a história de amizade de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Norte. Após um encontro com o Mágico de Oz, elas se veem obrigadas a decidir seus destinos. Enquanto Glinda está determinada a se manter popular, Elphaba não quer trair seus valores morais.
Made in Brasil
Diferente de “Anastásia”, um original da Broadway em cartaz no Teatro Renault, essa versão de “Wicked” é uma “não-réplica”, ou seja, a história e as músicas estão preservadas, mas os figurinos e os cenários foram confeccionados especialmente para a versão brasileira e não são nada parecidos com a montagem americana.
Mais luxosos, os novos figurinos apresentam mais contraste entre as protagonistas e as destacam do elenco de apoio. Enquanto os elementos cênicos, ricos em detalhes e movimentos, dão mais dinamismo às cenas. Até as coreografias dos números de dança são diferentes. “É só dançar”, por exemplo, atualiza os passos com movimentos das dancinhas do Tiktok.
A atual versão brasileira é ainda mais tecnológica do que a 2016 e do que todas já apresentadas no mundo. A protagonista Elphaba desafia a gravidade e sobrevoa a plateia em um número musical — algo que até hoje só atual versão nacional conseguiu realizar.
“Quando o espetáculo estreou na Broadway, há 20 anos, os idealizadores já queriam fazer essa cena com o sobrevoo. Mas não havia tecnologia para se fazer assim”, explica Munhoz. Além de ser caro, ele conta que raramente um teatro tem estrutura para receber o maquinário necessário para realizar o efeito com segurança. Agora, em 2023, com a ajuda de 32 toneladas de equipamentos, Wicked volta mais mágico ao palco.
Além do impactante voo de Elphaba sobre a plateia na cena que encerra o primeiro ato, ao apresentar seus poderes, a personagem solta faíscas com as mãos, surpreendendo o público.
A montagem brasileira também aponta sua preocupação com a diversidade e traz três atores negros no elenco principal — em 2016, havia apenas atores brancos entre os protagonistas.
Essência preservada
As atrizes Myra Ruiz (Elphaba) e Fabi Bang (Glinda) são as únicas atrações que se repetem em 2023. “Você acha que encontramos alguém melhor que elas?”, perguntou Stephen Schwartz, compositor do musical. “Honestamente, não”, respondeu Munhoz.
“Com a presença das duas, chancelamos o sucesso da montagem de 2016 e presenteamos os fãs. Tê-las no elenco nos ajuda a mostrar que é o mesmo musical, só que diferente”, explica Munhoz.
As atrizes apresentam uma química que o próprio Schwartz classifica como rara. Com Myra e Fabi, a nova montagem Wicked preserva sua essência e enche ainda mais os olhos dos fãs sem deixar nada a dever à versão americana.
Teatro Santander (Shopping JK Iguatemi): Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 — Cidade Jardim. Qui./sex.: 19h 30; sáb./dom.: 15h e 19h30. Site: teatrosantander.com.br. Ingressos a partir de R$ 50.
