Quem caminha pela rua Augusta nota que o cenário está mudando — e rapidamente — com novos empreendimentos imobiliários. Desde 1995, o número 1470 do endereço abriga duas salas pequenas do Espaço Itaú de Cinema Anexo, as 4 e 5. A partir da próxima semana, o aconchegante cinema não existirá mais. As salas encerram suas atividades na quinta-feira (16/2).
O local querido dos cinéfilos paulistanos dará lugar a um empreendimento imobiliário da incorporadora Vila 11. As salas devem ser demolidas para a construção de um prédio comercial. A reportagem do Metrópoles tentou contato com a empresa, que ainda não respondeu.
Os espaços de projeção dividem o terreno com o Café Fellini e um jardim com plantas tropicais. Além de sala de espera para aguardar o horário dos filmes, o local tranquilo era usado para reuniões, encontros e por quem queria fugir do frenesi de uma das ruas mais movimentadas da cidade.
A despedida
O fechamento do espaço foi anunciado em 2022, mas o encerramento definitivo das atividades acontece nesta quinta (16/2) com a exibição gratuita do filme “A última Floresta”, de Luiz Bolognesi, às 20h. A retirada de ingresso poderá ser feita a partir das 19h na bilheteria.
O documentário foi escrito em parceria com o xamã Davi Kopenawa e apresenta a luta dos Yanomami contra garimpeiros, grileiros de terras e fazendeiros, para proteger a área deles, demarcadas por lei no norte do país. O filme recebeu o Prêmio do Público no Festival de Berlim e Melhor Filme no Festival de Seul.
Até quarta-feira (15/2), o Espaço Itaú de Cinema Anexo exibe seis filmes: Aftersun, Marte Um, Regra 34, Muco – Contradição na Tradição, Corsage, Sinfonia de um Homem Comum e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. De acordo com Adhemar de Oliveira, sócio e diretor de programação do cinema:
“Essas sessões serão as penúltimas, porque as últimas só acontecerão com o fim do mundo. Um cinema jamais é fechado na memória de seus espectadores.”
