São Paulo – A médica Marcela Gouvea Oliveira disse ao Metrópoles que ficou revoltada quando descobriu que havia uma mulher usando seu registro profissional para se passar por ela, prescrever medicamentos e pedir exames a pacientes.
Marcela Castro Gouveia, presa na última terça-feira (30/5) por falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina, se aproveitava da semelhança entre o seu nome e o da verdadeira médica para atender pacientes. A “falsa médica” foi liberada nessa quarta (31/5), após pagar fiança de R$ 50 mil.
“Eu estava torcendo, de verdade, para que fosse mentira, para que ela não carimbasse nada. Porque eu não queria acreditar nisso. Quando eu soube que ela carimbou, deu aquele sentimento de revolta. Você estuda, faz a faculdade, procura dar o melhor atendimento para o paciente, e de repente tem alguém usando seu registro sem um conhecimento maior”, disse Marcela Gouvea.
A verdadeira médica recebeu uma denúncia sobre a “xará” em seu perfil no Instagram, de uma mulher que percebeu uma inconsistência no registro profissional da “falsa médica”.
Com ajuda da Polícia, Marcela Gouvea decidiu armar um flagrante para confirmar a denúncia. Ela pediu que uma amiga fosse até a clínica da “falsa médica”, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, para uma consulta, acompanhada de uma investigadora.
“Minha amiga fez um pedido de prescrição de cannabis. Na hora que ela carimbou tudo, a investigadora deu voz de prisão”, diz Marcela Gouvea. “A minha amiga tem mesmo uma queixa de hérnia cervical para dor crônica. É uma das aplicações. Mas, para a prescrição de cannabis, você precisa de liberação da Anvisa. É uma coisa bem burocrática. Você não consegue fazer numa consulta.”
A “falsa médica” é, na verdade, farmacêutica, e tem registro ativo no Conselho Regional de Farmácia. Em seu perfil no Instagram, em que tem quase 87 mil seguidores, ela se apresenta como médica especialista em medicina estética e em cannabis medicinal.
Em palestras, a “falsa médica” já foi apresentada como “mestre em medicina estética” e “pós-graduanda em cannabis medicinal” e criadora do protocolo “Bumbum Plus”.
“Eu não tenho essas especialidades. Ela inventou. Eu tenho especialização em otorrinolaringologia. Não trabalho com nada de estética”, diz Marcela Gouvea, a médica verdadeira.
A mulher afirma que, além de pedidos de exames e tratamentos, a “falsa médica” pode ter usado seu CRM para realizar procedimentos médicos.
“O que eu soube foi de pedidos de exame carimbados por ela, mas eu não sei se houve mais coisas carimbadas com meu nome.”
