“Raiva e vergonha”: veterinária atacada por “Maníaco do Parque” desabafa

Veterinária de 36 anos é uma das seis vítimas já ouvidas pela polícia sobre os ataques do "Maníaco do Parque Toronto", na zona norte de SP

atualizado 02/07/2023 20:42

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São Paulo – Raiva e vergonha. É dessa forma que uma veterinária de 36 anos resume o seu estado emocional após ter sido atacada por um jovem de 18 anos dentro do Parque Toronto, em Pirituba, zona norte da capital paulista. Suspeito de pelo menos dez ataques, o rapaz foi preso na quarta-feira (28/6) pela Polícia Civil.

Algumas abordagens do “Maníaco do Parque Toronto” foram flagradas pelas câmeras de monitoramento do local. Nos registros, é possível ver o suspeito seguindo e agredindo mulheres que praticavam atividades físicas no espaço.

O maníaco perseguia as vítimas, dava tapas, chineladas, apertões e beijos, sempre na região das nádegas, ou tentava beijá-las à força, causando lesões corporais.

Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, a veterinária de 36 anos é uma das vítimas do maníaco. Em entrevista ao Metrópoles nessa sexta-feira (30/6), ela contou que costumar ir entre duas e três vezes por semana ao Parque Toronto, onde treina corrida juntamente com o pai, morador da região.

Na quarta-feira (28/6), o pai da veterinária cancelou o compromisso com a filha de última hora. Mesmo assim, ela decidiu manter o treino. O parque, segundo ela, estava cheio por volta das 19h50. O movimento, contudo, não inibiu o criminoso.

“Planejei dar duas voltas na pista, o que equivale a cerca de cinco quilômetros. Deixei meu carro estacionado nas redondezas. Quando voltava em direção ao carro, ele [maníaco] passou, me bateu [na região das nádegas], me chamou de ‘gostosa’ e saiu correndo”, disse a vítima. Nesse instante, em choque, ela conta que foi tomada pela sensação de raiva e vergonha.

“Logo depois, peguei meu carro para ver se o encontrava. Passei avisando o pessoal que estava correndo, principalmente as meninas.”

Apesar dos esforços da veterinária, o suspeito conseguiu fugir. No dia seguinte, a vítima foi à 9ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), onde registrou um boletim de ocorrência.

A Polícia Civil orientou a veterinária a passar por perícia no Instituto Médico Legal, uma vez que a agressão sofrida deixou marcas em seus glúteos. O ferimento, segundo a veterinária, ficou visível e dolorido.

Após o ataque, a vítima voltou duas vezes ao parque para treinar, mas durante o dia. Em uma das ocasiões, teve uma crise de ansiedade. A veterinária, que já fazia terapia, disse que o ataque se tornou uma das pautas de seu tratamento.

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Maníaco dava chineladas e tapas nas nádegas das vítimas

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Suspeito foi preso pela Polícia Civil

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Maníaco atacava mulheres que faziam exercícios

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Ele seguia as vítimas por um longo período

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Maníaco tem 18 anos

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Parque Cidade de Toronto, em Pirituba, São Paulo

Divulgação/Prefeitura de São Paulo
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Parque Cidade de Toronto, em Pirituba, São Paulo

FourSquare/Divulgação
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Parque Cidade de Toronto, em Pirituba, São Paulo

Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Outras vítimas

A veterinária tomou conhecimento de um ataque semelhante ao ler o comentário de outra mulher na internet. Ambas conversaram e montaram um grupo de WhatsApp. No total, foram reunidas sete vítimas do maníaco. Seis delas, por orientação da veterinária, registraram boletins de ocorrência.

A polícia estabeleceu um recorte de horário de ação do maníaco, entre 18h e 21h. Uma investigação da DDM levou à identificação e prisão do autor dos ataques. O jovem de 18 anos confessou o crime e foi reconhecido pelas vítimas.

O suspeito disse à polícia que vinha agindo desde janeiro. Ele não teve o nome divulgado para não expor a família nem comprometer o andamento das investigações. O pai dele ficou chocado ao saber sobre os ataques do filho.

“É importante que qualquer tipo de assédio que as meninas sofram, mesmo uma agressão verbal, seja denunciado à polícia. O pessoal da 9ª DDM foi realmente de uma importância gigantesca para a gente [vítimas]. Se não fosse o empenho da DDM, o rapaz não teria sido preso. Minha ideia, quando fui à delegacia, era justamente que investigassem e fossem atrás dele”, disse a veterinária.

Ao menos dez casos

A delegada Patrícia Vaiano Mauad, titular da 9ª DDM, afirmou ao Metrópoles, nessa quinta-feira (29/6), que já foram identificadas e ouvidas seis vítimas do maníaco. Outras quatro já foram identificadas, mas se negam a formalizar depoimentos.

Isso pode ocorrer, segundo a polícia, por medo. A delegada acrescentou que o suspeito demonstrou aparente quietude e suposta inocência quando chegou à 9º DDM.

À medida que foi interrogado, contudo, passou a “mostrar quem era” e confessou os ataques. “O suspeito sabia o dia que atacou cada menina e a forma como elas foram abordadas. Ele tem isso gravado na memória. Fiquei bem impressionada”, afirmou a delegada.

O preso confessou os crimes e disse à polícia que existem mais vítimas, sem detalhar quantas.

Veja o vídeo produzido pela Polícia Civil:

Motivação

Ainda em seu depoimento, o maníaco afirmou à polícia que atacava as mulheres porque não conseguia “se controlar” ao vê-las. Isso seria resultado, segundo ele, do “consumo compulsivo de conteúdo pornográfico”.

“A satisfação e adrenalina que ele sentia na fuga o deixavam saciado e o motivavam a voltar. Ele estava indo praticamente todos os dias [ao parque]”, afirmou a delegada.

Pelo fato de agredir as vítimas, a polícia conseguiu convencer a Justiça a decretar a prisão temporária de 30 dias do rapaz. Até o momento, ele foi indiciado por seis crimes.

A polícia pede para que pessoas que sofreram ataques no parque procurem a 9ª DDM. “Quanto mais vítimas o reconhecerem, mais robustez terá o inquérito. Isso é importante para tirá-lo da rua”, disse a delegada.

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