São Paulo — A defesa de Carolina Pennachiotti, de 35 anos, presa sob suspeita de integrar um suposto esquema de tráfico internacional de drogas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, afirmou que o pedido de prisão feito pela Polícia Federal (PF) “busca forçar uma delação premiada” de sua cliente.
Ex-prestadora de serviços que trabalhava no aeroporto, Carolina (de camiseta vermelha na foto em destaque) foi presa pela segunda vez na semana passada, junto com outros 16 suspeitos de participarem do esquema de troca de etiquetas de malas para o envio de cocaína para a Europa. Ela tinha deixado a cadeia em abril, após ser detida na primeira operação da PF contra o tráfico dentro do aeroporto.
Segundo a defesa dela, que nega envolvimento nos crimes, o segundo pedido de prisão da PF foi feito apenas 21 dias depois da soltura de sua cliente, em maio.
“Fomos surpreendidos com a nova decretação da prisão de Carolina Helena Pennacchiotti, especialmente quando nenhum fato novo ocorreu desde a sua libertação, que autorizasse a prisão cautelar”, afirmou a defesa da acusada, em nota.
Segundo a defesa, “a alegação de que sua soltura representa uma enorme injustiça do ponto de vista criminal não se sustenta, uma vez que a própria Justiça já havia revogado sua prisão”.
“A prisão está sendo usada justamente para forçar uma delação e não obtê-la de forma voluntária. Uma grande distorção do instituto da delação premiada”.
Conversas de Carolina
Em relação aos áudios atribuídos a Carolina, nos quais ela conversa com sua mãe sobre o esquema, a defesa disse que as trocas de mensagens foram retiradas de contexto. O material foi divulgado pela TV Globo.
Nos áudios, a prestadora de serviços contratada pela empresa WFS Orbital usava códigos para tratar sobre o esquema ilícito, segundo a PF. Em um deles, ela teria citado Tamiris Zacharias, funcionária da Gol Linhas Aéreas, de 31 anos, também acusada de integrar a quadrilha.
“Eu tô aqui fora, esperando a Tamiris mandar a ‘bola’. Eu tô com fome, mãe. Eu vou demorar mais uns 40 minutos, uma hora, no máximo”, diz Carolina. Segundo a (PF), “mandar a bola” significa despachar a cocaína na mala.
Outro áudio revela como seria o recebimento pelo serviço realizado. “Eu tenho que pegar ‘500 conto meu’ e ‘500 da Tamiris’, de um ‘café’ que a gente ganhou. Tenho que ir atrás da minha moeda, mãe.”
“Café” seria um adiantamento pelo crime cometido, dizem as autoridades. Um vídeo também publicado pela reportagem mostra uma mulher – que seria Carolina – segurando diversas notas de R$ 100.